812 - ESQUERDINHA


No início dos anos 80, emerge das categorias de formação do Palmeiras um jovem rápido e muito habilidoso com a bola nos pés. Sendo canhoto, Décio de Abreu ficaria conhecido no mundo do futebol brasileiro como Esquerdinha. Ora, seria também desse lado do campo que o jovem atleta tentaria afirmar-se. Contudo, nas posições mais avançadas do terreno de jogo, o emblema de São Paulo tinha no seu plantel futebolistas de grande categoria. Esse factor, aliado à sua inexperiência, faria com que encontrasse bastante dificuldade na altura de conseguir afirmar-se. Nos 3 anos que haveria de permanecer no plantel principal do “Palestra Itália”, o extremo acabaria por jogar pouco e, ao fim do referido período, seria emprestado ao Santo André.
Ao fim de uma temporada cedido, Esquerdinha vê-se como “moeda de troca” na transferência de outro atleta. Como resultado do tal negócio, o extremo, que também podia actuar como médio-esquerdo, acabaria por passar a vestir as cores da Portuguesa dos Desportos. Na “Lusa”, dando sequência ao trabalho realizado durante o empréstimo ao Santo André, o atleta começa a destacar-se. Logo no ano da chegada ao novo grupo de trabalho, o clube consegue chegar à final do “Paulistão” de 1985. Essa campanha, na qual seria um dos melhores intérpretes, ajudaria a que a sua cotação também subisse. Nisto da fama, e para além da maneira como conseguia conduzir os ataques da equipa, os festejos por cada golo seu também ficariam célebres. Ora, cada vez que conseguia introduzir a bola nas redes adversárias, era costume vê-lo beijar a ponta da bota esquerda!
A notoriedade que ganharia nas épocas ao serviço da Portuguesa faria com que outros emblemas fossem no seu encalço. Da Europa, destino predilecto de tantos futebolistas sul-americanos, surge, em 1988, o convite do Marítimo. O desafio apresentado, e bastante aliciante, levá-lo-ia a aceitar a proposta dos funchalenses. Ainda assim, e apesar de ter sempre actuado no nosso maior escalão, as exibições da equipa madeirense seriam insuficientes para que o conjunto conseguisse passar dos lugares do meio da tabela. Com prestações colectivas pouco exuberantes, e mesmo sendo um dos atletas mais utilizados, a verdade é que as 3 temporadas que passaria no Campeonato português não revelariam um atleta com qualidade suficiente para outros voos. De certa maneira impedido de “dar o salto” para um emblema de maior nomeada, Esquerdinha acabaria por voltar ao Brasil.
Já perto de completar 30 anos de idade, o regresso aos campeonatos “canarinhos” daria início a um périplo que ficaria caracterizado por diversas mudanças. Durante esse período, que ainda duraria cerca de uma década, o esquerdino acabaria por vestir diversas camisolas. Tendo actuado em diferentes escalões do “Brasileirão”, merecem destaque as suas passagens pelo União de São João ou pelo Bragantino.
Em 2001, depois de uma derradeira campanha com o emblema do Sãocarlense, Esquerdinha decidiria ser a altura certa para pôr um ponto final no seu trajecto como futebolista. Tendo deixado os relvados perto de entrar nos 40, o antigo atleta não abandonaria a modalidade. Desse momento em diante, passaria a desempenhar as funções de treinador. Com essas tarefas destacar-se-ia como técnico de camadas jovens e emblemas de menor monta.

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