820 - MEYONG


Saído de uma família muito numerosa, Meyong e os seus irmãos eram grandes adeptos do “desporto rei”. Todavia, a enorme paixão que nutria pela modalidade não era suficiente para fazer frente à autoridade do seu progenitor. Sendo filho de um professor, tudo o que estivesse relacionado com os estudos era, obrigatoriamente, imposto como uma prioridade. Nesse sentido, só com o falecimento do seu pai é que o futebol tomou uma importância maior na sua vida.
O Tonnerre Yaoundé foi o primeiro emblema a ir no seu encalço. Oferecer-se-iam para pagar todas as despesas relacionadas com a sua alimentação e estudos e a sua mãe, a passar por algumas dificuldades financeiras, daria a bênção a tal convite. Depois, pouco mais de uma época após o seu ingresso no clube, apareceria o Canon Yaoundé, emblema onde prosseguiria a sua formação. Ainda nesses primeiros anos, com idade de júnior, o avançado receberia um convite vindo do estrangeiro. Através de N’Kono, antigo guarda-redes da selecção dos Camarões e seu empresário, Meyong é transferido para o Ravenna. A adaptação a uma nova realidade seria bastante difícil e a grande mudança acabaria por não vir de Itália.
 Após ter sido aconselhado ao Vitória de Setúbal, o atacante muda-se para Portugal. Na cidade da Foz do Sado, o atleta vai disputando os dois escalões de topo do nosso futebol. Mesmo com o clube a manter-se nessa alternância, a sua qualidade não passaria despercebida. Por cá começa a cotar-se como um dos bons interpretes a jogar nos nossos estádios. Já no seu país, a evolução demonstrada leva-o a ser chamado aos Jogos Olímpicos de 2000, onde, ao lado de craques como Geremi ou Eto’o, ganharia a medalha de ouro.
É também em Setúbal que encontra um dos homens mais relevantes do seu percurso profissional – “É o treinador mais importante da minha carreira, o homem que me ensinou a maioria das coisas que sei. A verdade é que eu subia sempre de rendimento quando era treinado por ele. Lembro-me que treinávamos muito com ele aqui em Setúbal. Melhorei muito com ele, física e tacticamente”*. Anos mais tarde, Jorge Jesus haveria de voltar a trabalhar com ele no Sporting de Braga e Belenenses. Passagens importantes, por certo. Contudo, e para falarmos de momentos cruciais, temos que referir a sua primeira época no Restelo. Ora, depois de 6 temporadas ao serviço do emblema sadino, e de, na última dessas campanhas, ter ajudado à vitória na Taça de Portugal, eis que Meyong passa a vestir de Azul. Com os da “Cruz de Cristo”, na época de 2005/06, o avançado conquista para o seu currículo uma das grandes proezas a nível individual. Apesar do fraco desempenho colectivo, os 17 golos que conseguiria concretizar levá-lo-iam ao topo da lista dos Melhores Marcadores do Campeonato.
Tal feito levá-lo-ia a ser transferido para a “La Liga”. Já ao serviço do Levante, Meyong é chamado a participar num dos grandes torneios internacionais para selecções. Ainda assim, a sua presença na CAN 2006, naquilo que foi a sua afirmação no clube, não iria acrescentar grande valia. Pouco utilizado na sua primeira temporada em Espanha, é já na segunda época, e depois de ter jogado uma partida pela colectividade de Valência, que é cedido ao Albacete. No entanto, nem com o referido empréstimo a sua vida passa a correr melhor. É então que surge a proposta para regressar a Lisboa… “Pior a emenda que o soneto”! Após ter jogado por 2 emblemas em 2007/08, o jogador, segundo as regras da FIFA, estaria impossibilitado de vestir outra camisola. Ora, a participação num encontro do Campeonato Nacional pelos da “Cruz de Cristo”, valer-lhe-ia um valente castigo e a suspensão daí resultante.
É Jorge Jesus que, na partida de Lisboa para o Minho, o leva para o Sporting de Braga. Com os “Guerreiros”, Meyong volta a passar por momentos gloriosos. Vence a Taça Intertoto em 2008/09, ajuda o grupo a atingir o 2º lugar no Campeonato de 2009/10 e, numa final frente ao FC Porto, disputa o derradeiro encontro da Liga Europa de 2010/11. Todavia, a pouca utilização a que seria vetado nas últimas temporadas com os da “Cidade dos Arcebispos”, levá-lo-ia a voltar a Setúbal na abertura do “Mercado de Inverno” de 2012. É depois desse regresso que surge então o convite do Kabuscorp. No emblema angolano volta a merecer grande destaque. No decorrer das 3 temporadas que aí passaria, conseguiria, para além da vitória na liga de 2013, sagrar-se o melhor marcador do Girabola em todas essas campanhas.
Os derradeiros anos da sua carreira como futebolista passá-los-ia, como não poderia deixar de ser, ao serviço do Vitória de Setúbal. Já após ter decidido deixar os relvados na temporada passada, Meyong decidiria abraçar novas funções na modalidade. Como um dos “homens” de José Couceiro, o antigo internacional camaronês começa agora (2017/18) a dar os primeiros passos como treinador.


*retirado da entrevista de David Marques, publicada em http://www.maisfutebol.iol.pt, a 25/06/2017

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