821 - MÁRCIO SANTOS

A sua caminhada pelas camadas jovens haveria de ser recheada de sucesso. Todavia, muito para além das conquistas conseguidas com as camisolas do Sporting e da Selecção Nacional, em Márcio Santos estava depositada a esperança de vir a ter uma grande carreira. Contudo, a transição para o patamar sénior acabaria por mostrar uma realidade um pouco diferente daquela que seria espectável e o jovem atleta não conseguiria atingir o nível exibicional anteriormente demonstrado.
Em 1996, numa altura em que o Lourinhanense era o clube “satélite” do emblema de Alvalade, a inclusão do guardião na equipa da região do Oeste foi encarada com normalidade. Tendo em conta a esperança depositada nos craques saídos das escolas leoninas, os anos aí passados eram vistos como uma maneira dos novos atletas ganharem experiência competitiva. No caso de Márcio Santos, e sendo corroboradas pelas inúmeras chamadas às diferentes “Equipas das Quinas”, todas essas temporadas seriam vistas como um bom investimento.
Se mais provas fossem necessárias para sublinhar o seu potencial, então, a aposta feita pelo Real Madrid serviria para calar qualquer “Velho do Restelo”. É certo que o jogador seria colocado no Castilla, a equipa “b” dos “Merengues”. Ainda assim era o colosso mundial a investir nele e, tal facto, só poderia ser visto como um bom agoiro. O pior é que a passagem por Espanha pouco acrescentaria à sua evolução. Depois viria o seu regresso a Portugal. Nessa volta reapareceriam os escalões secundários e, excepção feita aos anos em que vestiu as cores da Académica de Coimbra e Estrela da Amadora, os patamares inferiores do nosso futebol acabariam por preencher o seu percurso futebolístico.
Felgueiras e a, já referida, “Briosa” seriam os primeiros clubes a contratar o guarda-redes após o seu regresso ao nosso país. Apesar de um “arranque” um pouco envergonhado, a verdade é que as prestações de Márcio Santos continuavam a demonstrar que as suas qualidades estavam bem presentes. Nesse percurso, e ainda ao serviço do emblema beirão, chega ao seu currículo a 1ª divisão. No entanto, e ao contrário daquilo que tinha prometido nas épocas anteriores, essa campanha de 2002/03 não serviria para conseguir afirmar-se com um atleta de topo. Com Hilário e Pedro Roma a disputar um lugar na baliza, as oportunidades que mereceria seriam insuficientes para conseguir permanecer no clube. A sua transferência, na época seguinte, para o Estrela da Amadora, viria ainda alimentar a esperança de conseguir impor-se na mais importante competição nacional. Contudo, pouco mudaria e, aquele que tinha sido visto como um dos intérpretes de maior potencial no futebol português, acabaria vetado à discrição dos escalões inferiores.
Depois de quase uma década a cirandar por emblemas mais modestos, eis que a temporada de 2012/13 poria um ponto final na defesa das balizas. Tendo “pendurado as luvas” ao serviço do Loures, pouco tempo perderia e, sem conseguir afastar-se da modalidade, abraçaria em definitivo outras funções. Curiosamente a sua experiência como treinador vinha dos seus tempos como atleta. Em paralelo com a sua carreira de guardião, Márcio Santos já orientava equipas de jovens futebolistas. Esse traquejo fez com que o convite do Recreativo do Libolo, ainda que a um nível de exigência bem distinto, fosse encarado com alguma normalidade. No emblema angolano, e diferente do que já tinha feito até então, o antigo internacional “luso” aceitaria as funções de treinador de guarda-redes. É com essas responsabilidades que em 2015/16 chega ao Belenenses. Esta época (2017/18), e após ter auxiliado diferentes técnicos, mantém-se na equipa técnica dos da “Cruz de Cristo”, ajudando Domingos Paciência.

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