906 - CHIQUINHO CARLOS

Após conseguir destacar-se no Botafogo de Ribeirão Preto, os “gigantes” do futebol brasileiro começaram a ir no seu encalço. Numa corrida em que também participariam Corinthians e Santos, seria a proposta de um clube do Rio de Janeiro que atrairia o atleta. Com o acordo consumado, seria no Flamengo que, no meio de um plantel recheado de craques, Chiquinho Carlos continuaria a mostrar o porquê da sua aquisição. Nem as estrelas Zico e Sócrates, nem os emergentes Mozer e Bebeto teriam força suficiente para intimidar o jovem atacante. No emblema “carioca”, pelo qual jogaria um par de temporadas, as suas exibições e golos acabariam por empurrá-lo para outros voos. Como sequência lógica, a Europa entraria no seu percurso e essa viagem mudaria o correr da sua vida.
Seria o Benfica o emblema a recebê-lo no “Velho Continente”. Com as “Águias” a atravessar uma fase muito positiva, logo nessa temporada de 1986/87 Chiquinho começaria por adicionar importantes títulos ao currículo. Como um elemento bastante utilizado pelo inglês John Mortimore, o atacante teria um papel importante na conquista do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal. Também o ano seguinte seria, no campo desportivo, de grande satisfação para o avançado. Mesmo sem conseguir amealhar qualquer título, a brilhante caminhada dos “Encarnados” nas competições internacionais levá-lo-ia a estar presente num dos momentos mais importantes de toda a época. Depois de ter sido utilizado na grande maioria dos embates e, inclusive, ter marcado um golo numa das partidas dos quartos-de-final, o atacante seria escolhido para entrar de início na derradeira partida da competição. Infelizmente para o clube português, a “lotaria dos penalties” não correria de feição e a Taça dos Clubes Campeões Europeus seria ganha pelo PSV Eindhoven.
Surpreendentemente, a sua ligação ao Benfica terminaria no Verão de 1988. Mesmo assim, Chiquinho Carlos haveria de mostrar que ainda tinha muito a dar ao futebol português. Nas 7 temporadas seguintes, continuaria a prová-lo na 1ª divisão. No Vitória de Guimarães, Sporting de Braga e ainda no Vitória de Setúbal manter-se-ia como um elemento preponderante. Destaque para a sua passagem pela “Cidade Berço”, onde contribuiria para a vitória na Supertaça de 1988/89.
Já após ter passado a barreira dos 30 anos de idade, pode dizer-se que Chiquinho Carlos entra na última fase da carreira. Contudo, e mesmo afastado das principais competições nacionais, não é possível afirmar que esse capítulo tenha sido desinteressante. Muito pelo contrário, é a partir da temporada de 1995/96 que o seu percurso profissional começa a alimentar uma das curiosidades do mesmo. Tendo assinado contrato pelo Académico de Viseu, a mudança para a Beira Alta seria o primeiro passo para a sua “longevidade”. Seguir-se-iam o Atlético e o Mafra. No emblema saloio, com o terminar da campanha de 2000/01, o fim do seu trajecto como futebolista parecia adivinhar-se. Mais um engano. É então que o avançado decide dedicar-se à prática amadora e passa a defender as cores do Igreja Nova. A disputar os “regionais” de Lisboa, o atleta ainda consegue mais um par de surpresas. Primeiro passa a conciliar a vida de técnico no Mafra, com a do jogador dos “distritais”. Depois, provando que a sua habilidade dava para tudo, passa das zonas mais ofensivas do terreno de jogo para, como líbero, evitar os golos adversários.
Já em 2007, com 44 anos de idade, Chiquinho Carlos decide ser a hora certa para “pendurar as chuteiras”. Desde então, seria às funções de técnico que o antigo craque passaria a dedicar-se em exclusivo. No Mafra, onde já orientou os guarda-redes e até foi treinador principal, é agora (2018/19) um dos adjuntos de Filipe Martins.

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