925 - VÍTOR MARTINS

Há uma expressão no futebol inglês capaz de definir a carreira do médio. Ora, um desportista que jogou a totalidade da sua carreira profissional num clube apenas, é um “One-Club men”… e foi isso que o Vítor Martins foi!
Antes ainda de chegar aos juniores do Benfica, seria nas “escolas” dos Nazarenos que Fernando Cabrita o descobriria. Transferido para a formação das “Águias”, e após uma passagem pelas “reservas”, seria na temporada de 1969/70 que participaria no primeiro jogo pela categoria principal. No entanto, não seria uma estreia qualquer! Frente a um Celtic que contava com Billy McNeill, Jim Craig ou Bobby Murdoch, vencedores da Taça dos Campeões Europeus uns anos antes, a confiança nas suas capacidades daria a Otto Glória a necessária certeza para lançá-lo numa partida de tal importância. O Benfica acabaria por perder na decisão por moeda ao ar, mas essa partida para as competições europeias marcaria o início de uma grande caminhada.
Muito desse seu trajecto seria feito de trabalho. Muito mais do que um virtuoso, o médio era um trabalhador. Recto nas suas intervenções, Vítor Martins não tinha medo de qualquer confronto mais físico. Ainda assim, era um atleta que tratava bem a bola. As habilidades técnicas que possuía permitir-lhe-iam posicionar-se em qualquer lugar no rectângulo de jogo. Por tudo isso, transformar-se-ia num elemento indispensável para qualquer um dos seus treinadores. Desde o já referido Otto Glória, a Jimmy Hagan, passando por Mário Wilson ou John Mortimore, a inscrição do seu nome na ficha de jogo passaria a ser uma rotina. Seria assim na maioria das 9 temporadas em que representou o plantel principal das “Águias” e, razão de tudo o que foi aqui escrito, um pilar em diversas conquistas.
Campeonatos seriam 6. Ainda somaria ao palmarés 2 Taças de Portugal. Ironicamente, seria naquela que é uma das provas mais estimadas por adeptos, técnicos e jogadores que Vítor Martins conheceria o fim da sua carreira. Nas rondas iniciais da edição de 1977/78 da “Prova Rainha”, calharia ao Benfica receber a formação do Desportivo de Chaves. Nesse fatídico dia 26 de Novembro Vítor Martins acabaria aleijado num joelho. Durante à operação ao menisco, o médio seria vítima de uma embolia cerebral. As mazelas resultantes do acidente obrigá-lo-iam a afastar-se do futebol.
Numa caminhada interrompida precocemente, os 27 anos que tinha na altura representariam a força de uma carreira no auge. Ainda assim, e apesar de curto, o seu trajecto ainda daria ao jogador a honra de vestir as cores nacionais. Representaria os sub-18, os sub-21 e, a meio do seu percurso profissional, a equipa “A”. Com a estreia a acontecer em Novembro de 1974, a chamada de José Maria Pedroto para um “amigável” frente à Suíça marcaria a primeira de 2 internacionalizações*.

*Vítor Martins jogaria uma terceira partida, não oficial, frente à selecção de Goiás.

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