946 - KING

Chega a Portugal com a temporada de 1992/93. Vindo do modesto emblema brasileiro do Nordeste, o destino de King parecia estar ligado ao Belenenses. Porém, as negociações entre o atleta e o clube lisboeta haveriam de esbarrar num qualquer impasse e o defesa acabaria desviado para o Norte do país.
Já no Minho, é com o Sporting de Braga que o central assinaria um acordo. Possante, intrépido e de métodos pragmáticos, o jogador acabaria por conseguir afirmar-se com alguma naturalidade. A sua autenticidade faria com que, durante a época seguinte, King continuasse a ser visto como um dos esteios do conjunto bracarense. Titular absoluto, o atleta acabaria por tornar-se num dos defesas mais bem cotados do nosso Campeonato. Alvo de outras equipas, e com o conjunto minhoto longe das lutas pelos lugares cimeiros, seria no Farense que haveria de dar seguimento à sua carreira.
Com o mítico Paco Fortes no comando técnico, os “Os Leões de Faro” já há muito andavam a perseguir voos maiores. Na temporada de 1994/95, a da chegada de King ao Algarve, esse objectivo acabaria por ser atingido. Com o 5º posto alcançado na tabela classificativa, e a consequente classificação para as provas da UEFA, seria com alguma naturalidade que o Farense veria alguns dos seus pilares a serem cobiçados. Resultado dessa avidez, King e Hassan, que terminaria a campanha como o Melhor Marcador do Campeonato, haveriam de seguir para Lisboa. No Benfica, a sorte de ambos seria madrasta e vítima das enormes mudanças ocorridas no clube.
Com a “revolução” perpetrada por Artur Jorge, as “Águias” acabariam bem aquém do esperado. O avançado marroquino ainda conseguiria “dar um ar da sua graça”. Já no que ao defesa diz respeito, a sua temporada na “Luz” haveria de tornar-se numa autêntica desgraça. Primeiro viriam as lesões na pré-época, que acabariam por atrapalhar a sua integração. Já com Mário Wilson à frente da equipa, surge a única oportunidade de vestir a camisola “encarnada” em partidas oficiais. No entanto, essa metade de jogo frente ao Lierse (Taça UEFA) não teria continuidade. Por fim, o desastre de carro que o afastaria dos relvados por um longo período – “Estava a conduzir em direcção a Cascais, era Inverno e apanhei um lençol de água. O carro descontrolou-se e despistei-me. Estava uma ambulância parada na berma – eu acho que já era para mim –, eu desviei-me e acabei por bater de frente contra um poste. Fracturei o fémur direito e as minhas perspectivas no Benfica morreram aí”*.
No final dessa temporada de 1995/96, King deixa o Benfica. Decide tentar a sua sorte fora do nosso país e divide a campanha seguinte entre a Liga francesa e a espanhola. Tanto no Châteauroux como no Atlético de Madrid “B” as suas prestações ficam abaixo das expectativas criadas em seu redor. Em 1998 regressa a Portugal e ao Farense. No emblema onde mais tinha conseguido destacar-se, o defesa volta às boas exibições. Alia tudo o que aqui já foi dito a outras das suas grandes qualidades e, com seu o “pontapé canhão”, também ajuda os algarvios nos propósitos ofensivos.
A sua saída de Portugal, à qual se seguiria um “ano sabático”, levá-lo-ia, mais uma vez, a outras ligas. Depois de regressar a Espanha e dessa passagem pelo Algeciras, King radica-se na Grécia. Ionikos, Veria, Kavala e Thermaikos preencheriam o derradeiro terço do seu percurso como futebolista. Agradado com o país e com as oportunidades conseguidas, o antigo atleta aí abraçaria as tarefas de treinador. Com o seu currículo a ser preenchido por experiencias como adjunto no Panathinaikos e Veria, o ex-defesa ficaria ligado a esse último emblema em funções de bastidores.

*adaptado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 3 de Novembro de 2016.

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