951 - WILSON


Filho de João Estrela, futebolista, e Ana Maria Estrela, basquetebolista, pouco parecia restar ao futuro de Wilson do que ficar ligado ao desporto. Nisso de fados também os seus irmãos acabariam arrastados para a prática desportiva e, tal como antigo internacional angolano, Walter e Wagner Estrela conseguiriam trilhar uma carreira profissional no futebol.
Já com a sua família a viver em Portugal, seria entre as camadas jovens do Ginásio de Alcobaça e as do Caldas que Wilson dividiria a sua formação. Após a promoção a sénior, e durante diversos anos, o defesa disputaria com as cores do emblema caldense os patamares secundários do nosso futebol. Ainda com curtas passagens pelo Olhanense e pelo “O Elvas”, as campanhas passadas longe do escalão maior estender-se-iam até por volta dos seus 25 anos de idade. Esse tempo, demasiado para a qualidade que ia demonstrando, terminaria com a intervenção de um antigo internacional português – “Foi através do Francisco Vital, treinador do Caldas, que me indicou ao então treinador do Gil Vicente, Vítor Oliveira. Fui à experiência e ao fim de três dias assinei um contrato de dois anos (…). O Sr. Vital veio ter comigo dizendo que eu tinha condições para almejar a voos mais altos e que havia um clube da I Divisão interessado em mim. Pensei que era brincadeira”*.
Curiosamente, seria o treinador que o haveria de receber no patamar máximo que, alguns anos após a sua chegada ao emblema de Barcelos, acabaria também por ajudá-lo no seu próximo passo. Após 5 anos com o Gil Vicente, entre os quais 3 na 1ª divisão, Wilson passaria a ser visto como um atleta cuja tremenda regularidade exibicional nunca o deixava mal. Sendo um defesa rijo, é também certo que o seu poder de desarme fazia dele um dos melhores a actuar em Portugal na sua posição. Nesse sentido, Vítor Oliveira, que já conhecia as capacidades do líbero durante a passagem de ambos pelo Minho, acabaria por sugerir a sua contratação para reforçar o plantel de 1999/00 do Belenenses.
Por altura da sua chegada ao Restelo, já o atleta usufruía do estatuto de internacional. Convocado por Carlos Alhinho, Wilson, ao lado do seu irmão Walter, partiria para a África do Sul para disputar a edição de 1996 da CAN. Com as cores de Angola o defesa participaria num total de 4 partidas. Seria, contudo, com a camisola do Belenenses que viveria os melhores momentos da sua carreira. Com mais de centena e meia de jogos no Campeonato e 6 temporadas com a “Cruz de Cristo” ao peito, o central transformar-se-ia num dos históricos do clube lisboeta. Esses números acabariam por ser o reflexo daquilo que era dentro de campo. Com grande sentido posicional e uma excelente capacidade para ler o jogo, também a sua rapidez era uma grande ajuda no momento de desempenhar as suas tarefas.
Após deixar o Restelo em 2005, Wilson, por mais alguns anos, ainda haveria de vogar pelas divisões secundárias. Após deixar os relvados, o antigo defesa passaria a dedicar-se às funções de treinador. Tendo, como técnico principal, passado pelos Nazarenos, voltou este ano (2018/19) ao Belenenses SAD para, como adjunto, trabalhar com os sub-23.

*retirado do artigo publicado em www.record.pt, a 19/10/2001

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