988 - PAULO LOPES

Com os irmãos mais velhos a jogar no Mirandela, Paulo Lopes decidiria tentar a sua sorte no emblema da terra natal. O sucesso seria de tal ordem que, com apenas 14 anos de idade, começaria a realizar jogos pela equipa sénior. É nessa tão rápida evolução que o Benfica iria descobri-lo. Convidado para alguns treinos, o jovem atleta conseguiria impressionar os responsáveis técnicos do clube. Passados alguns meses sobre os primeiros testes realizados em Lisboa, o guarda-redes seria convidado a juntar-se às camadas jovens e rubricaria um contrato com os “Encarnados”.
A chegada aos juvenis do Benfica permitir-lhe-ia, não só evoluir com as cores do clube, como abriria ao jogador as portas das jovens selecções portuguesas. Primeiro pelos sub-17 e, na altura da transição para o patamar sénior, com os sub-20 e sub-21 de Portugal, as internacionalizações de Paulo Lopes levá-lo-iam a ganhar algum espaço no plantel principal das “Águias”. Porém, a presença de Michel Preud’Homme e de Sergei Ovchinnikov faria com que o guardião nunca passasse de 3ª escolha.
Depois de 2 temporadas sem jogar, e para que a sua evolução não fosse comprometida, surgiria o empréstimo ao Gil Vicente. A passagem por Barcelos em 1999/00, mesmo tendo em conta a sua estreia na 1ª divisão, também não traria os resultados esperados. Para que Paulo Lopes começasse a aparecer com regularidade nas fichas de jogo, nova cedência seria equacionada. A campanha seguinte, já com as cores do Barreirense, permitiria ao jogador aquilo que, até então, ainda não tinha conseguido. A jogar com frequência, as portas do Benfica abrir-se-iam novamente e o seu regresso à “Luz” aconteceria na temporada de 2001/02.
Mais uma vez a Paulo Lopes não seriam dadas grandes chances. Dessa feita com Robert Enke e Moreira a posicionarem-se à sua frente, a verdade é que voltaria a não conseguir impor-se de “Águia” ao peito. Após essa última tentativa, a desvinculação surgiria com naturalidade. Seguir-se-ia uma década em que, ao saltar entre os dois principais escalões nacionais, teria a oportunidade de representar diversos emblemas. Salgueiros, Estrela da Amadora, Trofense e Feirense seguir-se-iam na sua caminhada profissional. Durante esses anos, e mesmo com a passagem por Paranhos a permitir ao guarda-redes ganhar 1 internacionalização “B”, seriam os anos ao serviço dos “Fogaceiros” que voltariam a mudar o rumo da sua carreira.
Após realizar uma boa temporada no regresso do Feirense à 1ª divisão, surgiria da Luz nova proposta – “Fiquei surpreendido, na altura. O Rui Costa ligou-me e eu pensei que era uma brincadeira. Mas ele disse logo que não era. Pensei e senti que estava em condições de estar a este nível. Tinha uns 34 anos, não havia nenhum registo de o Benfica contratar um guarda-redes português com essa idade, mas sentia-me na minha melhor forma e preparado. E foi a melhor coisa que me aconteceu”*. As campanhas seguintes seriam de grande sucesso. Com os “Encarnados” a entrar para vencer em todas as competições, Paulo Lopes acabaria por fazer parte do grupo que daria ao clube o primeiro “tetra” da sua história. Eternizadas ficariam também as comemorações do atleta que, por inúmeras vezes, subiria à barra da baliza para mostrar os troféus aos adeptos.
Após anunciar o fim da carreira como futebolista, Paulo Lopes, que por essa altura já tinha ultrapassado os 40 anos de idade, aceitaria novo convite do Benfica. De 2018 em diante o antigo jogador passaria a fazer parte do corpo técnico do clube, tendo, no papel de treinador de guarda-redes, orientado os sub-23 e a equipa “b”.

*retirado da entrevista publicada em https://www.slbenfica.pt, a 16/10/2018

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