989 - PACHECO

Faria a maior parte do seu percurso formativo no Grupo Desportivo Torralta. O emblema, que seria visto como um exemplo de organização e infra-estruturas, permitiria ao jovem jogador evoluir até ao estatuto de internacional. A promoção ao escalão sénior, numa altura em que a sua presença era habitual nas jovens selecções portuguesas, sublinharia as suas qualidades. Ainda que a jogar na 2ª divisão, os ecos das suas exibições seriam suficientes para que um dos “grandes” do Algarve decidisse nele apostar. No Portimonense, a época de 1986/87 seria suficiente para um novo salto. Rápido, com uma boa finta, bom entendimento do jogo e excelente no último passe, Pacheco conseguiria impressionar até os mais sépticos. A transferência para um conjunto de maior monta não tardaria e, passado um ano sobre a sua chegada, já o extremo mudara para as cores do Benfica.
Em Lisboa a sua adaptação seria progressiva. Ainda assim, no final da primeira temporada já Pacheco era um dos atletas consensuais no “onze” benfiquista. Tal facto levá-lo-ia, sem grande surpresa, a jogar a final da Taça dos Campeões Europeus desse ano. Frente ao PSV Eindhoven, o extremo acabaria por ser, por razão de uma situação bem caricata, um dos protagonistas da referida peleja. Na partida disputada em Estugarda, um problema com o equipamento faria com que, constantemente, as chuteiras saltassem dos pés do jogador. O Benfica acabaria por perder no desempate por grandes penalidades e o episódio das botas ficaria imortalizado na memória dos adeptos.
Apesar do desaire frente aos holandeses, a passagem do esquerdino pelo Estádio “da Luz” corresponderia a uma boa fase do conjunto “encarnado”. Nas 6 temporadas ao serviço do Benfica, Pacheco venceria diversos títulos. A bem da verdade, os 2 Campeonatos, as 2 Taças de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira ganhas pelo atleta, acabariam por ser parca compensação para as desilusões europeias. Para além da final disputada na Alemanha, 2 anos volvidos e as “Águias” chegariam, mais uma vez, ao derradeiro jogo da Taça dos Campeões Europeus. Porém, e tal como tinha acontecido anteriormente, o atacante, dessa feita frente ao AC Milan, teria que contentar-se com o 2º lugar.
Curiosamente, o percurso que conseguiria trilhar pelo Benfica não teria correspondência no caminho feito pela selecção nacional. A estreia pelos “AA” aconteceria, pela mão de Juca, a 15 de Fevereiro de 1989. Todavia, esse desafio disputado frente à Bélgica seria o primeiro de apenas meia-dúzia feitos por Portugal – “Ele [Carlos Queiroz] já não ia à bola comigo e eu não ia à bola com ele desde os tempos da selecção de juniores, quando ele era o adjunto do José Augusto. Depois, cruzámo-nos na selecção AA. Ele chamava-me e depois era eu que ia invariavelmente para a bancada. Só tenho seis internacionalizações, mas fui convocado umas 20-e-tal vezes (…). O Queiroz tinha o dom de me desorientar”*.
Com o “Verão Quente de 1993” dá-se a mudança de Pacheco para o Sporting – “Essa é a ideia que se perpetuou, a de que saí por salários em atraso, e que não corresponde à verdade(…). Eu saí do Benfica por questões pessoais, por desacordo pessoal - sublinho - com pessoas que estavam então no clube(…). Saí por razões pessoais e a essência dessas não se alterou. É, de qualquer forma, evidente que eu preferia, isso sim, nunca ter sentido necessidade de deixar o Benfica”**. Os primeiros tempos em Alvalade, com Bobby Robson no comando, correriam de feição. No entanto o despedimento do treinador inglês e a entrada de Carlos Queiroz viria a reacender contentas antigas.
Pela pouca utilização, Pacheco, no final da temporada de 1994/95, tomaria a decisão de deixar o Sporting. Levaria, dessa passagem por Alvalade, a vitória em mais uma Taça de Portugal. Contudo, o desejo de continuar a jogar empurrá-lo-ia para outros destinos. Tenta o Nottingham Forest, onde, por questões burocráticas, apenas participa nos encontros de “reservas”. Seguir-se-ia o Belenenses e, já na época de 1996/97, o extremo partiria em direcção a Itália. No “calcio”, seguindo as pegadas de Futre e Rui Águas, vestiria as cores da Reggiana. Começaria na “Serie A”, mas o final dessa campanha de estreia levá-lo-ia ao 2º escalão. Ainda representaria o conjunto de Regio Emilia por mais um ano, até ao seu regresso a Portugal, em 1998.
Depois de, na derradeira fase da sua carreira, representar emblemas como Santa Clara, Atlético e Estoril-Praia, Pacheco ainda tenta a sua sorte como treinador. Mais uma vez o clube de Alcântara e também o Portimonense, fariam parte desse curto trajecto. Hoje em dia, o antigo internacional português é empresário e gere um bar na Mariana de Lagos.

*adaptado da entrevista conduzida por Rui Miguel Tovar, publicada em https://observador.pt, a 22/04/2017
**adaptado do artigo publicado em https://desporto.sapo.pt/, a 18/06/2018

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