990 - ANTÓNIO MEDEIROS

Antes ainda da estreia pela equipa principal do Belenenses, António Medeiros passaria pelos juniores do Restelo. Nessa temporada de 1948/49, antevendo os passos preludiais na primeira categoria, o médio jogaria também pelas “reservas”. Já a sua integração no plantel sénior aconteceria na campanha de 1953/54. Ao lado de nomes como Serafim Neves, António Feliciano, José Pereira, Vicente Lucas ou Matateu, o jovem atleta veria a sua tenra experiência alimentada com a luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa e a presença do conjunto lisboeta na Taça Latina.
Mesmo com a passagem pelo Restelo a ter um grande peso na sua evolução, os momentos mais importantes na sua caminhada como futebolista vivê-los-ia transposto alguns anos. Após ter vestido as cores do Oriental, a sua chegada ao Leixões acabaria por empurrá-lo para um dos episódios mais importantes na história do clube. O período de 5 temporadas que viveria ao serviço do emblema de Matosinhos, conheceria o seu apogeu na época de 1960/61. Num conjunto que tinha como estrelas maiores os brasileiros Osvaldo Silva e Jaburú, Medeiros, que também era um dos atletas mais utilizados, ajudaria o seu grupo a chegar à final da Taça de Portugal. Numa partida marcada para as Antas, o médio seria escolhido pelo treinador Filipo Núñez para iniciar o encontro. Mesmo tendo em conta o poderio dos adversários, a verdade é que os “Bebés do Mar” acabariam por zombar do favoritismo dos “Azuis e Brancos” e venceriam a peleja por 2-0.
Ainda com uma passagem pelo Feirense, a sua carreira de atleta esfumar-se-ia rapidamente. No entanto, António Medeiros recuperaria a sua importância no futebol português já noutras funções. Como treinador, o seu percurso far-se-ia, maioritariamente, durante as décadas de 70 e 80. Tendo sido visto como um dos melhores técnicos da altura, o seu regresso ao Belenenses transformar-se-ia num dos momentos áureos desse trajecto. Antes ainda, um episódio caricato vivido ao serviço do Estoril-Praia. Ora, existem coisas que hoje em dia são tão corriqueiras que até nos esquecemos que, em tempos idos, já foram grandes excentricidades. A 12 de Setembro de 1976, os “Canarinhos” haveriam de entrar em campo com algo bem diferente nos seus equipamentos. Sem que tal fosse usual, a equipa da Linha de Cascais, com o entusiasmo do seu timoneiro, apresentar-se-ia no Restelo com os nomes dos jogadores “estampados” nas respectivas camisolas.
Todavia, e como já aqui referi, o seu momento dourado seria vivido à frente do Belenenses. No Restelo, devolveria a equipa à luta pelos lugares de topo da tabela classificativa. Com o 5º posto conseguido na temporada de 1977/78, quase que devolvia o clube à senda das competições europeias. Ainda assim, não seria só com a “Cruz de Cristo” e com o Estoril-Praia que António Medeiros preencheria a sua caminhada como treinador. Só naquilo que é o nosso patamar principal também Leixões, União de Tomar, Tirsense, Marítimo, Portimonense, Penafiel, Amora, e “O Elvas” fariam parte desse percurso primodivisionário. Porém, e mesmo tendo em conta a riqueza do seu currículo, faltar-lhe-ia algo muito importante. Como um sonho que ficaria por concretizar, o técnico nunca chegaria ao cargo de seleccionador nacional.

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