1026 - LUÍS CASTRO

Apesar de ter nascido em Trás-Os-Montes, seria na Região Centro que Luís Castro acabaria por crescer. Filho de uma professora e de um militar colocado na Base Aérea do Monte Real, o Distrito de Leiria serviria para o lançamento do seu percurso no desporto. Nesse sentido, e ainda como um jovem praticante, a União tomaria um papel de relevo nessa caminhada. No clube da “Cidade do Lis”, o defesa cumpriria grande parte da marcha formativa. Já na temporada de 1980/81, surgiria a chance de entrar em campo pela equipa principal. A disputar a 2ª divisão, poucas oportunidades conseguiria alcançar nessa campanha de estreia. A escassez de jogos levá-lo-ia a um empréstimo àquele que, nas “escolas”, tinha sido o seu primeiro emblema. No Vieirense ganharia o traquejo suficiente para garantir o regresso à “casa mãe”, o que viria a acontecer logo no ano seguinte ao da sua partida.
Tendo o União de Leiria deixado uma grande marca na sua carreira, seria por outro emblema que o defesa-direito conseguiria estrear-se no escalão máximo. Após uma época de bom nível com as cores leirienses, os responsáveis do Vitória de Guimarães decidir-se-iam pela sua contratação. Porém, e com Costeado a tapar-lhe os caminhos da titularidade, Luís Castro acabaria por não conseguir impor-se nessa temporada de 1985/86 e, menos ainda, na seguinte. Curiosamente, dando jus ao perfil de líder que desde cedo assumiria, o lateral asseguraria um papel relevante na equipa secundária – “Com 21 anos já era capitão do União de Leiria. Em Guimarães, como não jogava, era capitão das reservas. Depois fui para Elvas e fui capitão do Elvas na 1ª Liga”*.
Como é óbvio, o emblema seguinte na caminhada de Luís Castro seria o “O Elvas”. A temporada de estreia no Alentejo, e posso afirmá-lo com toda a certeza, tornar-se-ia na melhor da sua carreira. Com a transferência a mantê-lo na 1ª divisão, o jogador, finalmente, haveria de conseguir a titularidade. Conservaria o estatuto na época seguinte, mesmo com a despromoção vivida no final de 1987/88. Contudo, a descida marcaria o fim de um ciclo e o defesa nunca mais disputaria o patamar máximo. Seguir-se-iam o Fafe e o RD Águeda. No Baixo Vouga, e apesar da colectividade nunca ter saído dos escalões secundários, a sua passagem pela agremiação marcá-lo-ia. Muito mais do que os 7 anos com as cores aguedenses, seria aí que teria o ensejo de mudar de papel no futebol.
Após um pequeno ensaio, ainda enquanto futebolista sénior, nas camadas jovens do clube, seria na temporada de 1998/99 que assumiria o comando do plantel principal do RD Águeda. Como treinador, e com um percurso feito em emblemas mais modestos, o Penafiel, em 2004, devolvê-lo-ia à 1ª divisão. Ainda assim, seria o convite do FC Porto que cimentaria a sua cotação em papéis técnicos. Como coordenador da formação, mas principalmente à frente da equipa “b”, o antigo lateral passaria a ser visto como um homem de ideias válidas. A robustez do seu trabalho levá-lo-ia, ao substituir o demitido Paulo Fonseca, ao conjunto principal “Azul e Branco”. A experiência seria de curta duração. No entanto, e de volta à labuta habitual, o seu conhecimento sairia justamente premiado. Em 2015/16, sempre a trabalhar com os “bb”, Luís Castro sagrar-se-ia campeão da II Liga.
O Rio Ave, para a temporada de 2016/17, seria o emblema a assumi-lo em definitivo como um técnico de nível primodivisionário. Nessa nova etapa, e sempre assente em prestações valorosas, a sua ascensão levá-lo-ia também ao Desportivo de Chaves. Já em Guimarães, o trabalho feito à frente do Vitória destacá-lo-ia como um dos melhores em Portugal. Tendo qualificado a equipa para as provas europeias, a cotação alcançada durante a campanha de 2018/19 faria com que alguns dos bons emblemas europeus começassem a equacionar a sua contratação. O convite surgiria do Shakhtar Donetsk. Curiosamente, a sua chegada ao clube ucraniano seria, mais uma vez, para substituir Paulo Fonseca.

*retirado da entrevista conduzida por Mariana Cabral e Rui Duarte Silva, publicada a 26/07/2017, em https://tribunaexpresso.pt

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