1030 - ANTÓNIO JORGE



O CD Montijo apareceria na sua vida ainda em idade júnior. Numa altura em que já estava a terminar a formação, e com o clube a viver a 3ª época na 1ª divisão, a António Jorge seria dada a oportunidade de dar os primeiros passos no escalão máximo do futebol nacional. A estreia aconteceria, nada mais, nada menos, do que no Estádio da “Luz”. Chamado a jogo por José Moniz, o avançado entraria no “onze” inicial. Porém, a sua presença em campo seria insuficiente para contrariar o poderio das “Águias” de John Mortimore. O emblema da Margem Sul, nessa 13ª jornada de 1976/77, ainda conseguiria superar-se durante grande parte do desafio. No entanto, a partida terminaria com a vitória do Benfica por 4-1.
Nessa temporada de estreia no patamar sénior, com atletas como Bolota e Gijó a tomarem a dianteira na corrida para o escalonamento da equipa, a António Jorge seriam dadas poucas chances para mostrar a sua habilidade. Com a descida do CD Montijo no final da campanha, o jovem avançado acabaria também por ser empurrado para os escalões secundários. As épocas seguintes, apesar de equipar por conjuntos com ambições aos lugares de subida, prolongariam a sua passagem pela 2ª divisão. Barreirense e Recreio de Águeda, numa senda que traria à sua carreira muita experiência, acabariam por fazer parte dessa etapa.
Com a importância que só o traquejo pode trazer, António Jorge apresentar-se-ia de novo ao escalão maior. No final da 2ª temporada a jogar pelo Recreio de Águeda, o avançado consagrar-se-ia como um dos atletas que, em 1982/83, dariam um bom contributo para a primeira subida do conjunto ao patamar máximo. A preponderância conquistada durante os anos iniciais com os aguedenses, manter-se-ia na época de estreia do emblema no escalão principal. Em 1983/84, sob a alçada do ex-sportinguista José Carlos e, depois da saída deste, com a chegada de Albano Soares, o atacante nunca deixaria de ser presença assídua nas fichas de jogo. Mesmo como um dos pilares do conjunto do Baixo Vouga, mais uma vez o jogador veria o seu grupo descer no final da campanha. Ainda assim, nem tudo seriam más recordações e o golo marcado em Alvalade à 12ª jornada, persistirá como um dos momentos inesquecíveis do seu percurso.
Depois da passagem pela agremiação do Distrito de Aveiro, as escolhas que António Jorge acabaria por fazer não voltariam a pô-lo no convívio dos “grandes”. Apesar de, em 1984/85, ter ajudado à promoção do Desportivo de Chaves, a verdade é que, na época seguinte, o destino levá-lo-ia a outras paragens. Com um papel importante na referida subida, resultado das muitas presenças em campo, a sua saída da colectividade flaviense acabaria envolta em dúvidas. O facto é que na temporada seguinte, o avançado apresentar-se-ia com as cores do Vizela. Daí em diante, e num períplo que podemos classificar como saltitante, o atleta mudaria várias vezes de clube. Lixa, Peniche, o regresso ao CD Montijo e o Moura, precederiam aquele que viria a tornar-se no derradeiro emblema do seu trajecto enquanto futebolista.
Seria no Pinhalnovense que, já na década de 90, o jogador haveria de “pendurar as chuteiras”. Não pensem, no entanto, que o antigo avançado conseguiria desligar-se da modalidade. Alguns anos depois, em 2002, António Jorge Galvão apresentar-se-ia como aspirante à presidência do CD Montijo. Ficaria no lugar, mas encontraria o histórico emblema numa situação bastante difícil – “Quando chegámos, em Julho, encontrámos um passivo de dois milhões de euros. Com este panorama, tomámos a decisão de pagar as dívidas do dia-a-dia, pois não temos a capacidade financeira para resolver todos os problemas (…). Até as taças estão penhoradas. O estádio é da Câmara, não temos terrenos, não podemos ter nada em nosso nome senão também é penhorado”*.

*retirado do artigo publicado a 22 de Janeiro de 2003, em www.record.pt

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