1034 - JOSÉ MARIA GRALHA

Seria impossível não ligar a carreira desportiva de José Maria Gralha aos tempos da fundação do Casa Pia Atlético Clube. No entanto, não seria só como atleta dos “Gansos” que o avançado ficaria associado ao pioneirismo do futebol português. Também na selecção portuguesa, e logo por duas razões distintas, o jogador conseguiria gravar o seu nome na história da equipa nacional.
Vamos por partes. Aquando do nascimento do, também conhecido por, Ateneu Casapiano, José Maria Gralha apareceria logo como um dos atletas da linha da frente. Nesse sentido, e com a fundação do emblema lisboeta a acontecer a 3 de Julho de 1920, o início das actividades futebolísticas ficaria marcado por alguns desafios de cariz amigável. Naquela que acabaria por tornar-se na primeira peleja, o Casa Pia defrontaria a colectividade de onde tinham saído a grande maioria dos seus fundadores, o Benfica. Agendada a partida a 3 de Outubro, o avançado entraria de início no jogo disputado no Campo da Palhavã, contribuindo assim para a vitória por 2-1.
Com arranque dos “Gansos” nas competições oficiais, nomeadamente no Campeonato de Lisboa, José Maria Gralha veria a sua fama ainda mais fortalecida. Apesar da tenra idade – o atleta tinha apenas 15 anos aquando da fundação do clube – a sua habilidade dentro de campo torná-lo-ia num dos nomes inquestionáveis do “onze” inicial. Nesse sentido, a sua presença no conjunto casapiano seria deveras importante para o que viria a tornar-se numa época brilhante.
Mesmo sem grande experiência colectiva, o Casa Pia, por razão da qualidade individual dos seus praticantes, acabaria por triunfar na edição de 1920/21 do “regional” lisboeta. Ganharia igualmente, na disputa entre os vencedores do Norte e do Sul, a Taça 27 de Julho. Já a temporada imediata, e na sequência dos sucessos alcançados, continuaria a trazer novos desafios ao recém-formado conjunto. Com José Maria Gralha a merecer também honras de destaque, o clube continuaria a ser chamado para participar em digressões pelo estrangeiro. Ora, por força das razões já descritas, o capítulo seguinte na carreira do avançado a poucos surpreenderia. Com a União Portuguesa de Futebol, percursora da Federação Portuguesa de Futebol, criada a 31 de Março de 1914, a marcação do primeiro jogo surgiria para 18 de Dezembro de 1921. Para Espanha seguiria uma comitiva onde estariam presentes os melhores futebolistas lusos. Em Madrid, o atacante dos “Gansos” seria um dos elementos escalonados para a 1ª equipa de Portugal. A curiosidade desse episódio é que os seus 16 anos, 9 meses e 4 dias fariam do atacante, até aos dias de hoje, no jogador mais novo de sempre a actuar com a “camisola das quinas”.
Outra particularidade da sua carreira desportiva seria a inclusão numa digressão do FC Porto. Coisa estranha para o futebol actual, a prática era normal entre os emblemas da altura, aquando das viagens pelo estrangeiro. Assim, ao lado dos seus colegas no Casa Pia, Cândido de Oliveira e Augusto Gomes, José Maria Gralha haveria de vestir de azul e branco. Em Dezembro de 1922, o avançado partiria para Sevilha, para, já após a passagem de ano, disputar mais um par de partidas em Gibraltar.

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