1069 - LUÍS MIGUEL

O FC Porto dar-lhe-ia notabilidade suficiente para que da Federação Portuguesa de Futebol surgisse a oportunidade de vestir a camisola das selecções jovens. Num percurso que, entre todos os escalões representados, daria ao jogador mais de 3 dezenas de internacionalizações, Luís Miguel viveria o apogeu no Mundial sub-20 de 1991.
Por uma infeliz curiosidade, seria também no torneio organizado em Portugal que o médio-ala esquerdo passaria pelo momento que, de forma significativa, iria mudar o rumo da sua vida desportiva. Já aleijado no pé esquerdo, a partida frente à Coreia, a contar para a 3ª ronda da fase de grupos, acabaria por agravar a lesão. Pouco tempo depois, a 30 de Junho, um Estádio da “Luz” a transbordar de público, consagrá-lo-ia como campeão do mundo de sub-20. Porém, Luís Miguel sairia de Lisboa derrotado e com o infortúnio vivido uns dias antes, a sentenciar a sua, ainda curta, carreira.
Mas se por altura do referido Mundial, Luís Miguel vestia as cores do Rio Ave, a nova época e um novo empréstimo pô-lo-iam na rota do Gil Vicente. A estreia na 1ª divisão, nessa temporada de 1991/92, poderia ter servido para alimentar a ilusão de um percurso profissional ambicioso. Todavia, a verdade depressa destaparia uma realidade bem diferente. Ao ser operado à fractura no escafóide, o recobro atirá-lo-ia para um calvário de vários meses afastado dos relvados. Para degradar ainda mais a sua já frágil situação, o final dessa campanha serviria para, de uma forma muito cínica, piorar a sua condição física.
Recuperado das mazelas, o médio seria chamado para jogar a edição de 1992 do Torneio de Toulon. No entanto, a convocatória e a posterior vitória de Portugal, vistas como um verdadeiro tónico para uma esperança depauperada por tão grave lesão, serviria apenas para mitigar um pesadelo que viria a tornar-se bem maior – “Pois é. Na altura de dar o salto, fiquei pelo caminho. No Gil Vicente estive parado 8 meses e, depois do Torneio de Toulon, mais 22 meses de paragem, quando tinha tudo acertado com o Belenenses. Felizmente, o FC Porto, a quem estava ligado contratualmente, sempre me ajudou”*.
O ressurgimento do problema físico desviá-lo-ia, de uma forma definitiva, de um percurso que, durante largos anos, muitos tinham projectado como auspicioso. Daí em diante, o seu trajecto cingir-se-ia aos escalões secundários. O União de Lamas e o Cucujães acabariam, desse modo, por tornar-se nos dois emblemas mais representativos de uma carreira de futebolista que, ainda assim, duraria para além da passagem do milénio.
Depois, e já numa altura em que trabalhava para uma empresa transformadora de cortiça, Luís Miguel decidir-se-ia por frequentar o Curso de Treinadores de 1º Nível. Como técnico, o antigo médio tem trilhado o seu caminho pelos patamares inferiores do futebol português e, para a temporada de 2020/21, já foi dado como o novo timoneiro do União de Lamas.


*retirado do artigo de Paulo Montes, publicado na revista “A fantástica viagem da geração de ouro” (Edição “A Bola”)

Sem comentários: