1071 - JORGINHO

Chegaria a Portugal vindo dos brasileiros do Madureira, para jogar num primodivisionário Académico de Viseu. Logo nessa campanha de 1981/82, com 19 anos apenas, começaria a mostrar alguns dos predicados que fariam dele um dos mais conceituados defesas-centrais a actuar no Campeonato Nacional. As suas qualidades, mesmo com o desempenho colectivo dos beirões a ditar a despromoção, permitir-lhe-iam manter-se no radar de outros emblemas. Seguir-se-ia o Recreio de Águeda e, após uma temporada a disputar o 2º escalão, o regresso ao convívio dos “grandes”.
No emblema aguedense faria parte do rol de atletas que, pela primeira vez, levariam o clube a competir no escalão máximo do futebol português. Para sublinhar o que já tinha demonstrado em anos anteriores, Jorginho, na temporada de 1983/84, consagrar-se-ia como um dos melhores atletas do conjunto. Essa valorização faria com que os responsáveis pelo Boavista vissem nele um bom elemento para o plantel. Porém, a sua experiência no Bessa, muito mais do que infrutífera, parecia querer contrariar tudo aquilo que já havia sido dito sobre as suas prestações. Sem conseguir justificar a parca campanha, o defesa ver-se-ia sentenciado a voltar aos patamares secundários. Porém, ao não deixar derrotar-se por tal revés, o central acabaria por aproveitar a sua passagem por Felgueiras para lavar a sua imagem. Mais uma vez, as boas exibições levariam os críticos a adorná-lo de excelsos elogios. Convencidos da excepcionalidade da época passada de “xadrez”, seriam, dessa feita, os directores do Desportivo de Chaves a aferi-lo como um bom reforço.
Atrevo-me a dizer que seria em Trás-os-Montes que Jorginho viveria os melhores anos da carreira desportiva. Reflexo daquele que ficaria registado como o melhor período da história dos flavienses, o defesa acabaria integrado no plantel que, em 1986/87, atingiria o 5º posto na tabela classificativa. Tal proeza resultaria no apuramento para as provas europeias do ano seguinte. Também na Taça UEFA, alinhando em todas as 4 partidas disputadas pelo Desportivo de Chaves, o jogador seria uma das figuras de proa do grupo. Aliás, esse estatuto, alimentado pelas inúmeras presenças no “onze” inicial, manter-se-ia durante as 4 temporadas passadas no emblema transmontano. Os outros louros viriam com a regularidade exibicional demonstrada durante esse período e a aposta, primeiro dos franceses do Mulhouse e, já em 1991/92, do Sporting, serviram como testemunhos da sua importância.
A chegada a Alvalade, vista como um boa alternativa para aqueles que, por essa altura, eram os “donos” da defesa leonina, acabaria por nunca passar disso mesmo. Sem pôr em causa o seu valor, a verdade é que Luisinho e Venâncio nunca dariam grande espaço para que Jorginho conseguisse agarrar um lugar como titular. Passado um ano após a sua entrada no Sporting, a melhor solução para a sua carreira seria encontrada na transferência para outro clube. No Famalicão, sem nunca abandonar a 1ª divisão, o atleta daria continuidade a um percurso de provas dadas. Ainda no emblema minhoto, cumpridos mais 2 anos, conheceria o fim de uma caminhada primodivisionária que, no seu total, contaria com uma dezena de temporadas. Envergaria ainda as cores do Felgueiras e Beira-Mar, para, no final da época de 1996/97, em definitivo, dar por finda a sua vida como futebolista profissional.
Tendo também apostado na carreira académica, Jorginho acabaria por licenciar-se em Educação Física. É hoje professor e, para além das suas obrigações de docente, o antigo jogador também é um dos grandes dinamizadores do desporto escolar em Portugal, orientando os seus pupilos em diversas competições.

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