1127 - JOSÉ SIMÕES


Depois da entrada para as camadas de formação do Belenenses, a temporada de 1929/30, ainda que nas categorias inferiores, daria início à caminhada de José Simões nas equipas seniores dos “Azuis”.  
Ao caracterizar-se como um atleta veloz, ágil, com grande resistência e dono de um enorme sentido posicional, o defesa-direito começaria a ficar conhecido pela sua habilidade em antecipar-se aos adversários. Tais apanágios levá-lo-iam, na temporada de 1931/32, a encetar labores pela equipa principal, à altura denominada categoria de honra. Como um dos mais importantes elementos do grupo de trabalho, logo nessa campanha de estreia, José Simões ajudaria o Belenenses a vencer o Campeonato Regional de Lisboa e a atingir o derradeiro desafio do Campeonato de Portugal.
O título nacional, depois da final perdida frente ao FC Porto, surgiria no ano seguinte. Sob a alçada do “Mestre” Artur José Pereira, o Belenenses daria corpo a uma caminhada brilhante. Naquela que era a prova mais importante do calendário futebolístico português, depois da eliminação de conjuntos como o Carcavelinhos, Barreirense e Vitória de Setúbal, o Sporting revelar-se-ia como o último obstáculo para a conquista do almejado troféu. No Estádio do Lumiar, José Simões apresentar-se-ia como um dos elementos arrolados para o “onze” e, com a tão importante eleição, transformar-se-ia em parte fulcral da vitória frente aos “Leões”.
Com os títulos a colorirem o currículo e com o avolumar da sua importância no seio do grupo belenense, também da selecção portuguesa chegaria a oportunidade para mostrar as suas habilidades. Orientado por Cândido de Oliveira, a estreia de José Simões com a “camisola das quinas” aconteceria a 26 de Janeiro de 1936. Após a chamada a essa peleja frente à Áustria, seguir-se-iam, no seu trajecto desportivo, mais 9 internacionalizações. Todas importantes, mas, numa altura em que os embates entre países não assim eram tão frequentes, algumas partidas tomariam proporções de maior realce. Dois desses momentos aconteceriam frente à Hungria e à Espanha e selariam a primeira vitória de Portugal frente àquelas que eram duas grandes potências do futebol da altura. Todavia, o momento mais badalado viver-se-ia no Estádio da Salésias. Mais uma vez frente à congénere espanhola, a governação de ambas as nações por forças de extrema-direita impunha aos rituais de apresentação ao público, a saudação nazi. Ao contrário do esperado, José Simões, ao lado de outros dois colegas, recusaria o aceno e, ao invés de esticar o braço com a palma da mão virada para baixo, decidir-se-ia pelo braço levantado e com o punho cerrado.
Sanado o incidente protocolar, José Simões pôde prosseguir a sua caminhada. Cada vez mais importante nas manobras tácticas do Belenenses, a sua pertinência nos sucessos colectivos conseguiria sublinhar-se ainda mais. Nesse trajecto e após perder duas finais seguidas da Taça de Portugal, a época de 1941/42 traria ao jogador, e colegas, a terceira oportunidade consecutiva para vencer um dos títulos mais importantes do calendário nacional. Numa equipa recheada de estrelas, casos de António Feliciano, Serafim das Neves, Mariano Amaro, Artur Quaresma ou Rafael Correia, os da “Cruz de Cristo” bateriam o Vitória de Guimarães e levariam para a casa o troféu correspondente à conquista da “Prova Rainha”.
A carreira de José Simões não duraria muitos mais anos. Fustigado por uma grave doença, o defesa viria a falecer, em Julho de 1944, com 31 anos e depois de ajudar a vencer mais um Campeonato de Lisboa.

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