1150 - ZEZÉ GOMES


Descoberto no Cruzeiro de Belo Horizonte, Zezé Gomes mudar-se-ia para as camadas jovens do Fluminense para, rapidamente, ser chamado aos trabalhos da equipa principal. No entanto, a sua habilidade era inversamente proporcional ao sentido de responsabilidade. Apontado pela imaturidade, as tentações de uma cidade como o Rio Janeiro fariam com que o jovem atleta muitas vezes fugisse às responsabilidades enquanto atleta – “Titular do time de juniores, mais uma vez ele perdeu o horário de treino da manhã porque fora dormir de madrugada e não conseguiu levantar a tempo. Também era mestre em fugir da concentração: na volta, depois de uma boa noitada, bastava escalar o muro e pular a janela, que deixara apenas encostada”*.
Tais atitudes fariam com que os responsáveis pelos “Tricolores” decidissem ceder o médio-ofensivo ao Avaí. Já de volta às Laranjeiras, Zezé Gomes apresentar-se-ia ao grupo como um elemento mais responsável. A mudança comportamental levaria a que o atleta conseguisse, na plenitude das suas capacidades, dar um bom contributo à equipa. Dentro de campo passaria a apresentar-se como um futebolista de elevadas capacidades técnicas, com grande visão de jogo e até com um bom “faro” para o golo. No entanto, passados alguns anos após o regresso ao emblema carioca, os responsáveis pelo clube decidir-se-iam por novos “empréstimos”. Já com um Campeonato do Rio de Janeiro no currículo, seguiria para o Atlético Paranaense, onde também venceria o Estadual. Passaria ainda pelo América-RJ e, num interregno que o levaria até à primeira aventura em Portugal, envergaria as cores do Vitória de Guimarães.
A segunda experiência na Europa, já cedido a título definitivo, seria ao serviço do Sporting de Espinho. Depois das andanças em terras lusas na temporada de 1984/85, a entrada no plantel de 1987/88 dos “Tigres”, daria uma nova alma à caminhada de Zezé Gomes. Mesmo com uma primeira campanha discreta, daí em diante o médio brasileiro começaria a cotar-se como um bom intérprete do nosso Campeonato. Ainda assim, e depois de 2 épocas a disputar a 1ª divisão, a despromoção do conjunto da Costa Verde, levá-lo-ia, por alguns anos, a atravessar o patamar secundário.
União de Leiria, o regresso ao Sporting de Espinho e o Estrela da Amadora fariam parte desse trajecto pelo 2º escalão. Aliás, seria no emblema da Linha de Sintra que Zezé Gomes voltaria a provar a sensação das pelejas primodivisionárias. Na Reboleira, durante a temporada de 1993/94, o médio, ao retornar ao convívio dos “grandes”, jogaria pela última vez na 1ª divisão. Seguir-se-ia o Campomaiorense orientado por Manuel Fernandes e, numa carreira que terminaria em Portugal em meados dos anos 90, outros emblemas de menor monta.

*retirado do artigo de Hideki Takizawa, publicado em “Placar Magazine”, a 27/08/1982

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