1164 - VALENTIM LOUREIRO

Nascido numa pequena aldeia do Município de Viseu, aquando da sua mudança para a também capital do Distrito, ficaria a viver com um primo adepto do Benfica. Por pirraça começaria a apoiar o Sporting e, como seguidor dos “Leões”, sublinharia a sua paixão pelo futebol. Muitos anos depois, esfumar-se-ia o desejo do Presidente João Rocha em pô-lo à frente do departamento de futebol leonino. Já por convite de Pinto do Costa, tornar-se-ia sócio do FC Porto, mas, pouco tempo após a inscrição, deixaria de pagar as cotas…
Tal como no futebol, a vida de Valentim Loureiro haveria de conhecer inúmeros interesses. Depois da Escola Comercial e Industrial de Viseu, seguir-se-ia, já na cidade do Porto, o curso de Contabilidade e a Academia Militar. Frequentaria, sem concluir a formação, a Universidade de Coimbra e a Faculdade de Direito. Nesse caminhar, o exército levaria a melhor e encaminhá-lo-ia para Angola. Posteriormente, estaria à frente da Administração Militar na “Cidade Invicta” e, diz-se, que desse período tiraria o gosto pelos negócios que o levaria ao mundo dos tecidos, electrodomésticos, conservas, móveis ou ao ramo imobiliário. Entretanto, a política, a filiação no PSD e os vários mandatos na presidência da Câmara Municipal de Gondomar.
No universo futebolístico, mesmo tendo estado à frente da Liga de Clubes por cerca de uma década, seria à custa do Boavista que ficaria famoso. Dois anos após rubricar a ficha de sócio, aceitaria a proposta do Presidente António Silva Reis e, em 1962, assumiria o cargo como dirigente das “Panteras”. Já em 1982, seria eleito como o responsável máximo dos “Axadrezados”, dando seguimento a um trabalho encetado anos antes. A colectividade portuense continuaria a sublinhar a tal mudança de paradigma e, de forma cada vez mais afincada, passaria a apontar aos títulos. Sob a alçada de Valentim Loureiro, entre 1982 e 1997, o clube manter-se-ia na peugada dos “grandes”. Durante esse período, afrontaria os crónicos candidatos e guiaria o enriquecimento dos escaparates do Bessa com a conquista da Taça de Portugal de 1991/92 e com a Supertaça da campanha seguinte. Ainda assim, o trabalho maior do Major emergiria sob a forma de legado e nas bases que, com a sucessão do filho João Loureiro, viriam a permitir a vitória no Campeonato Nacional.
Porém, também de celeumas seria construída a passagem de Valentim Loureiro pelo futebol. Muito para além do discurso inflamado, directo e polémico, o seu percurso ficaria associado a um dos grandes escândalos do desporto nacional. Investigado no âmbito do processo que ficaria conhecido como o “Apito Dourado”, seria condenado por abuso de poder e sentenciado a uma pena suspensa de 3 anos e 2 meses.

Sem comentários: