1253 - AMÉRICO

Natural de Santa Maria de Lamas e portista por influência paterna, Américo, ainda em idade júnior, dirigir-se-ia às captações do FC Porto para prestar provas. Agradados com os seus predicados, os responsáveis técnicos anuiriam à sua integração e o jovem guarda-redes passaria a fazer parte das “escolas” dos “Dragões”. Rapidamente, as suas exibições haveriam de pô-lo na direcção da equipa principal e a temporada de 1952/53 marcaria o arranque da sua caminhada profissional. Porém, num plantel onde, para a baliza, perfilavam-se nomes como Barrigana ou Manuel Pinho, as oportunidades apareceriam a conta-gotas. Para piorar a sua situação desportiva, surgiria o Serviço Militar Obrigatório e, entre a “tropa” e o empréstimo ao Boavista, o regresso do guardião às Antas, depois de envergar o “azul e branco” nas duas primeiras épocas como sénior, dar-se-ia apenas na campanha de 1958/59.
De volta ao FC Porto, Américo teria de esperar mais uns anos até conseguir afirmar-se no “onze” titular. Com o internacional Acúrsio como o preferido de Béla Guttmann no escalonamento da equipa, ainda assim, a sua participação numa das jornadas do Campeonato Nacional de 1958/59 dar-lhe-ia o direito de figurar na lista dos vencedores da referida prova. Todavia, para além dessa distinção, os seus jogos seriam feitos, quase na totalidade, no desenrolar das competições agendadas para a equipa de “reservas”. Só na temporada de 1960/61 é que o guardião começaria a contrariar essa tendência, para, na campanha subsequente, de uma vez por todas, assumir a titularidade da baliza portista.
Daí em diante, tirando algumas excepções, o contexto competitivo de Américo alicerçar-se-ia no lugar conquistado à baliza do FC Porto. Nesse sentido, também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a olhar para os seus préstimos como úteis às cores nacionais. Pela selecção nacional, sob a alçada de José Maria Antunes, estrear-se-ia num “particular” frente à Suíça. Seguir-se-iam outras internacionalizações com a principal “camisola das quinas”, num total que atingiria as 15 internacionalizações “A”. Pelo meio, a chamada ao grupo que disputaria o Mundial de 1966 e o “azedo de boca” por não ter entrado em campo – “Não quero parecer vaidoso, mas era muito superior ao Zé Pereira e ao Carvalho. Comigo na baliza, acho que Portugal podia ter sido campeão mundial. O selecionador Luz Afonso nunca me deu qualquer explicação, era de poucas palavras. E o Otto Glória… mandava pouco”*.
Já com outro dos nomes míticos da história do FC Porto aos comandos da equipa, Américo voltaria a erguer um troféu. Depois de ter estado presente na final de 1963/64, a convocatória para a derradeira partida da edição de 1967/68 da “Prova Rainha”, dar-lhe-ia a vitória, por 2-1, frente ao Vitória Futebol Clube. No entanto, nem a aludida conquista facilitaria a relação com o técnico – “Com o Pedroto foi complicadíssima. Ele foi muito melhor jogador do que treinador (…). Era um ditador na relação com o plantel. Já faleceu, não está aqui para se defender, mas ele sabe o que eu achava. Porque lhe disse. Eu era um dos mais velhos e fui ter com o Pedroto. «Fomos colegas de equipa, conheces-me bem e sabes que aturo tudo. Mas não admito que fales comigo dessa maneira em frente aos putos.»”*.
Depois da vitória na referida Taça de Portugal, a carreira de Américo já não duraria muito mais. Com as mazelas de uma antiga lesão no menisco a ameaçar deixá-lo permanentemente aleijado, no final da temporada de 1968/69, o guarda-redes, após cumprir 255 jogos oficiais com a camisola do FC Porto, decidir-se-ia a “pendurar as luvas”.
 
*retirado da entrevista conduzida por Pedro Jorge da Cunha, publicada a 01/12/2017, em https://maisfutebol.iol.pt

1 comentário:

Armando Pinto disse...

https://memoriaporto.blogspot.com/search?q=am%C3%A9rico+lopes