1291 - FÉLIX ANTUNES

Natural do Barreiro, seria no Luso que Félix Antunes começaria a dar os primeiros passos no futebol. Já a ligação às empresas da CUF, nomeadamente às unidades sediadas na capital, levá-lo-ia, na primeira metade da década de 1940, a vestir a camisola dos Unidos de Lisboa. Pelo colectivo “alfacinha” o atleta estrear-se-ia na 1ª divisão e, acima de tudo, destacar-se-ia como um praticante de fino recorte técnico e excelente entendimento do jogo.
Os seus predicados fariam com que os responsáveis pelo Benfica vissem nele um óptimo reforço. Entraria para o plantel principal das “Águias” na temporada de 1946/47 e como um futebolista feito. Porém, apesar de habituado às posições do meio-campo, o húngaro Janos Biri acabaria por adaptá-lo ao sector mais recuado. Na defesa, em sentido contrário ao habitual para a época, manteria com a bola a mesma relação de elegância de anos anteriores. Muito para além do “pontapé para a frente”, a sua leitura dos lances permitir-lhe-ia, de forma subtil, antecipar-se aos adversários. Já capacidade de sair a jogar com o esférico controlado, qualidade praticada com ambos os pés, levariam os passes certeiros de Félix a lançar também os companheiros mais avançados no terreno.
Com tanta habilidade, Félix rapidamente conquistaria um lugar de destaque no “onze” do Benfica. Nesse sentido, ainda que numa altura em que os rivais do Sporting dominavam o futebol português, o defesa, que chegou a ser aferido como um dos melhores da posição a nível internacional, tornar-se-ia num dos pilares dos sucessos a cargo das “Águias”. No que ao palmarés pessoal diz respeito, o atleta começaria com o triunfo na Taça de Portugal de 1948/49. Na mesma competição, depois da presença na final da referida campanha, ajudaria à vitória em 3 outras edições. Claro está, tão ou mais importantes do que os brilharetes na apelidada “Prova Rainha”, viria a conquista do Campeonato Nacional de 1949/50 e, no final da mesma campanha, a inolvidável Taça Latina ganha no Jamor, frente aos franceses do Bordeaux.
Também pelo “conjunto das quinas”, Félix trilharia o seu percurso. Após a estreia pela mão do seleccionador Armando Sampaio, o “particular” frente à Espanha a 20 de Março de 1949, daria início a uma caminhada que somaria 15 internacionalizações. Seria, no entanto, o derradeiro jogo disputado com as cores de Portugal que acabaria por mudar, de forma cabal, o seu percurso. Numa derrota de 9-1 frente à Áustria, o jogador, para além de ver avaliada a sua exibição como negligente, seria igualmente multado e apontado como um dos principais responsáveis pelo enorme desaire. Pior ainda, com o Benfica a pôr-se ao lado da Federação, veria o clube acrescentar outra coima ao castigo aplicado pela entidade maior do futebol nacional. Não muito tempo depois, no desenrolar da 3ª jornada do Campeonato de 1953/54, o placard desfavorável na visita ao Vitória Futebol Clube, traria ao intervalo uma acesa discussão no balneário “encarnado”. Com o insinuar da sua culpa no resultado negativo, o futebolista, ao sentir-se mais uma vez injustiçado pelo emblema da “Águia”, revelaria a revolta com o arremessar da camisola para o chão e com o lançar das chuteiras pelo ar. Quem não gostaria muito da atitude, apontando o gesto como um enorme desrespeito pela colectividade, seria o Presidente Joaquim Bogalho que, de forma irrevogável, suspenderia o defesa por um período de 3 anos!
Por razão da punição, Félix tomaria a decisão de deixar o Benfica e prosseguir a caminhada futebolística no Torreense e na 2ª divisão. No emblema do Oeste jogaria apenas a temporada de 1954/55, mas o suficiente para inscrever o nome na história da agremiação, como um dos intérpretes da primeira promoção ao patamar máximo.

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