1342 - RIBEIRO DOS REIS

Começaria na prática do futebol ainda como aluno da Casa Pia. No entanto, a sua paixão pelo desporto e em particular pelo “jogo da bola” encaminhá-lo-ia na direcção do Benfica. Agradados com as suas habilidades, os responsáveis pelo emblema lisboeta integrá-lo-iam nas camadas inferiores do clube. Na época seguinte, a de 1914/15, seria promovido à categoria principal, onde daria continuidade à ligação à modalidade.
Como futebolista, em paralelo com as participações vitoriosas no atletismo benfiquista, António Ribeiro dos Reis destacar-se-ia como um avançado-centro rápido e, acima de tudo, bastante lutador. A faceta abnegada mantê-lo-ia ligado ao clube para o resto da vida. Nas actividades de jogador, nas quais participou até à campanha de 1924/25, ajudaria as “Águias” a conquistarem 4 Campeonatos de Lisboa e 2 edições da “alfacinha” Taça de Honra. Ainda como praticante, representaria Portugal, a 18 de Dezembro de 1921, na primeira peleja internacional. Multifacetado no desporto, tal como na vida, no contexto da partida disputada, frente à Espanha, no madrileno Estádio Manzaranes, acabaria a cumprir diversos papéis. Depois de entrar em campo e desempenhar as funções de atacante, seria também dele a cobertura jornalística para o “Sport de Lisboa”. Para terminar, no banquete de encerramento do evento e com a laringite do dirigente luso responsável pelas exéquias finais, seria dele a responsabilidade de ler o discurso oficial da União Portuguesa de Futebol.
Para além das actividades como atleta, Ribeiro dos Reis desempenharia outras funções no futebol. Como dirigente, também ao serviço do Benfica, cumpriria vários exercícios. Na arbitragem, como profundo conhecer das normas, destacar-se-ia como o primeiro português a integrar a Comissão de Regras da FIFA e, em tom de curiosidade, a fazer parte da promoção da lei a proibir o uso das meias para baixo. Porém, a sua faceta de maior destaque na modalidade, levá-lo-ia às experiências enquanto treinador. Nesse campo representaria o Benfica, tal como a equipa nacional portuguesa. Pelos “Encarnados”, seria responsável por um diverso número de glórias, nas quais mereceriam relevo as vitórias no Campeonato de Lisboa de 1932/33 e na Taça de Portugal de 1952/53. Já à frente das cores lusas, estrearia diversas “tradições”. Nesse sentido, seria o primeiro a trabalhar, sozinho, como seleccionador; seria o primeiro, numa partida frente à Itália, a encaminhar Portugal para uma vitória internacional; seria o primeiro, na condição de técnico, a participar num jogo de qualificação para o Mundial.
Também como jornalista, o nome de Ribeiro dos Reis acabaria por merecer os maiores louvores. Para além dos trabalhos feitos para o periódico referido no segundo parágrafo deste texto, a sua ligação à imprensa desportiva viria a fazer-se também através da colaboração com o jornal “Os Sports”. Claro está, é impossível de esquecer a importância naquela que é uma das publicações de maior tradição em Portugal e, ao lado de Cândido de Oliveira e de Vicente de Melo, a 29 de Janeiro de 1945, fundaria “A Bola”.
Em paralelo à existência no desporto, anos tão pródigos quanto os dedicados ao futebol, António Ribeiro dos Reis enveredaria pela carreira militar que, por altura da sua reforma, o tinha como Tenente-Coronel. Para além do aludido, é impossível esquecer as condecorações recebidas durante a vida, como são exemplo a Ordem Militar de São Bento de Assis, a entrega da comenda em nome da mesma Ordem ou, já a título póstumo, o agraciamento com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.

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