1473 - CARLOS PEREIRA

Ao fazer a pesquisa preparatória à elaboração da pequena biografia sobre Carlos Pereira, encontrei o que penso ser uma incongruência, ou um anacronismo, sobre a qual ainda não consegui deslindar a origem do erro. Tendo deixado esta informação em jeito de preâmbulo, passemos então à história propriamente dita.
Após representar o Marítimo e o Boavista, Carlos de Jesus Pereira, natural da Madeira, chegaria ao FC Porto, segundo diferentes fontes, para reforçar o plantel de 1933/34. Como primeira partida, surgiria em jogo sob a alçada do húngaro Joseph Szabo, a 19 de Novembro de 1933, numa peleja disputada frente ao Leixões e a contar para o Campeonato do Porto. Depois do arranque, o jogador rapidamente começaria a ser aferido como um praticante de enorme valor e nesse sentido, logo na segunda temporada pelos “Azuis e Brancos”, o médio seria chamado à estreia na selecção nacional. Por Portugal, ao entrar em campo pela mão de Cândido de Oliveira, o atleta faria a primeira aparição com a “camisola das quinas” a 5 de maio de 1935. Após esse encontro particular frente à Espanha, disputado no Lumiar, o centrocampista continuaria a ser chamado aos desafios calendarizados para o conjunto luso e, no cômputo da carreira, somaria um total de 13 internacionalizações.
É exactamente neste cenário que surge a dúvida aludida no começo deste texto. A fazer fé na comunicação repetida em diversos meios, Carlos Pereira terá representado o FC Porto por 8 temporadas consecutivas, inclusive na época de 1940/41. Seguir-se-ia, na sua carreira futebolística, a campanha de 1941/42 ao serviço do Unidos de Lisboa, emblema ligado às empresas da CUF. Em paralelo, a informação que consegui obter, mais uma vez, de diversas fontes, diz-me que o médio representou Portugal sempre como atleta dos “Azuis e Brancos”. Ora, segundo os dados consultados no “site” da Federação Portuguesa de Futebol, e corroborados por outras publicações, a última partida feita por Carlos Pereira com as cores lusas terá acontecido a 1 de Janeiro de 1942 e, nesse sentido, já como elemento da mencionada agremiação “alfacinha”.
Pondo de lado esta perplexidade relacionada com o trajecto internacional do médio, falta referir Carlos Pereira como um dos principais pilares dos sucessos portistas na década de 1930. Nesse sentido, num plantel em que igualmente brilhavam avançados como o antigo maritimista Pinga, Valdemar Mota ou Acácio Mesquita, o jogador chegaria a fazer parte de uma famosa linha intermédia também composta por Manuel dos Anjos “Pocas” e Francisco Ferreira, a qual, em alusão às fortificações construídas ao logo da fronteira franco-alemã, seria baptizada como “Linha Maginot”.
Nisso de êxitos colectivos, suportados pelas exibições individuais de Carlos Pereira, posso começar por sublinhar os famosos “amigáveis”, em que tenho de destacar a contenda de Dezembro de 1933, a opor os “Dragões” aos austríacos do First Vienna. Porém, para além dessa partida, que viria a baptizar a tríade atacante referida no parágrafo anterior como “Os Três Diabos do Meio-Dia”, existiriam também as ajudas dadas pelo médio na conquista de diversos títulos oficiais. Nesse rol constam 6 Campeonatos do Porto, o Campeonato de Portugal de 1936/37 e 3 Campeonatos de Portugal, respectivamente vencidos nas campanhas de 1934/35, 1938/39 e 1939/40.

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