250 - PAULINHO SANTOS

É impossível falar de Paulinho Santos sem referir as eternas disputas com os adversários. Essas pelejas, mais ao jeito de uma batalha medieval do que a servir de exemplo na prática desportiva, tornaram o vilacondense numa lenda do futebol nacional. Que diga João Pinto, antigo atleta do Benfica e do Sporting, que tantas vezes sentiu na pele o que era ser seguido pelo "trinco" portista. Não sei qual o sentimento de ambos, mas para o público, os dois futebolistas eram a personificação, e desculpem-me a expressão, de dois inimigos mortais! Nesse contexto, foi engraçado ver o seleccionador António Oliveira a tentar promover uma trégua entre o par e, por altura dos estágios que levaram Portugal ao Euro 96, obrigá-los a dormir no mesmo quarto. O ocorrido durante as estadias nos hotéis permanecerá para sempre um mistério, mas a verdade é que a “equipa das quinas” conseguiu a classificação. Ambos os jogadores marcaram presença no certame organizado em Inglaterra e o médio-defensivo "azul e branco" fez a competição adaptado a lateral-esquerdo.
Claro está que, nas referidas contendas, Paulinho Santos nem sempre saiu por cima. Como muitos adeptos leoninos ainda recordam, houve aquele mítico embate na final da Taça de Portugal com outro dos seus grandes rivais, o argentino Beto Acosta. Nessa derradeira partida da edição de 1999/00 do troféu, à imagem de tantos outros encontros, os dois atletas andaram pegados. Depois de uma maldade por parte do jogador portista, o avançado do Sporting não se mostrou rogado e, mais à frente na partida, deu uma valente cotovelada na face do seu oponente, deixando-o com uma fractura nos ossos da cara e a caminho do hospital.
Violência à parte, Paulinho Santos foi muito mais do que as histórias aqui contadas. Nascido nas Caxinas e formado no Rio Ave, foi na agremiação de Vila do Conde que fez a estreia no futebol sénior. Lutador nato, rapidamente o FC Porto nele reparou. Entrou para as Antas em 1992 e não precisou de muitos tempo para conseguir impor-se como um elemento preponderante nas manobras dos "Dragões". Para além de ser um dos mais utilizados na mítica campanha do “pentacampeonato”, apenas atrás de Aloísio e de Drulovic, também no resto das temporadas ao serviço dos “Azuis e Brancos”, 11 no total, participou em mais de 200 partidas no Campeonato Nacional. Nessa caminhada, houve outros dois momentos que, de forma inolvidável, marcaram a sua carreira. O primeiro foi a vitória na Taça UEFA de 2002/03. Já o segundo ocorreu num “clássico” disputado entre “Dragões” e “Leões” e que, ao assinalar o fim do seu trajecto enquanto futebolista, ficou assinalado pela troca de camisolas com João Pinto.
Curiosamente foram as novas funções de treinador a destapar outras facetas do antigo jogador. Não deixa de ser engraçado ouvir os seus discípulos a descrevê-lo como uma pessoa bem diferente da imagem deixada dentro de campo, a sublinhá-lo como um homem que passou a revelar-se pouco maldoso, amigo do seu amigo e com uma enorme vontade de ajudar todos à sua volta.

Sem comentários: