Ao sair do Maxaquene, o antigo Sporting de Lourenço Marques de Eusébio e Hilário, nem o próprio jogador sonharia que a sua passagem por Portugal iria durar mais de uma década e meia. A sua chegada, em 1987, para representar o Belenenses, encetaria uma belíssima aventura, cujo dado curioso começaria logo por ser o facto de Chiquinho Conde ser o primeiro jogador de Moçambique a transferir-se para Portugal, depois da independência do país. Porém, apesar de um futuro promissor no futebol, o jovem avançado, ao partir para Lisboa, deixaria para trás os estudos no Instituto Industrial de Construção Civil, em Maputo. Por certo nunca terá mostrado grande arrependimento pela escolha, até porque encontraria os "Azuis do Restelo" numa boa fase da sua história, em que a vitória na Taça de Portugal de 1988/89 e as presenças nas provas europeias acabariam por ser prova do sucesso colectivo.
Pela imposição a reger o futebol nacional à altura, ou seja, a lei a ditar apenas dois estrangeiros em simultâneo no campo de jogo, Chiquinho Conde, atrás do intocável Mladenov passaria a ser um dos elementos que, em Belém, passaria a lutar por esse segundo lugar. Talvez por essa razão, o próximo passo do avançado empurrá-lo-ia para uma aventura bem mais a norte. Em Lisboa ficavam os bons resultados desportivos, a boa impressão deixada e alguns momentos curiosos, como o do rigor de John Mortimore a proibir os atletas de usarem calças de ganga! Já no plantel de 1991/92 do Sporting de Braga, a mudança de treinador perto do final da temporada, ditaria a sua dispensa. No entanto, como é hábito dizer-se, "há males que vêm por bem" e o pequeno desaire vivido no Minho dar-lhe-ia a oportunidade para encontrar nova sorte.
A mudança dar-se-ia novamente em direcção à Estremadura, mas dessa feita para a cidade piscatória de Setúbal. No Vitória Futebol Clube a partir da campanha de 1992/93, Chiquinho Conde formaria com Yekini, primeiro no segundo escalão e, já na época seguinte, na divisão maior, uma temível dupla atacante. Com todos os predicados futebolísticos do avançado, isto é, a velocidade, a força e a apetência para bom concretizador finalmente confirmados, o internacional moçambicano passaria a ser uns dos atacantes mais cobiçados. A quem não passaria despercebido seria a Carlos Queiroz que, para a temporada de 1994/95, indicaria o avançado como reforço do Sporting. Nos “Verde e Branco”, muito para além da Taça de Portugal conquistada em 1994/95, o atleta acabaria por ser envolvido na tentativa de apaziguamento da contenda nascida da polémica saída de Mauro Soares do Restelo em direcção a Alvalade. O problema é que, segundo chegaria a ser veiculado, nem o já referido treinador dos “Leões”, nem João Alves, o técnico do Belenenses, chegariam a ser ouvidos no aludido negócio. Como é lógico, o resultado seria negativo e ao fim de uns meses o atacante deixaria os “Azuis” e abalaria, mais uma vez, com destino a Setúbal.
Junto à foz do Rio Sado, Chiquinho Conde veria nova chance a surgir-lhe. A chamada surgiria do outro lado do Oceano Atlântico, mais precisamente nos Estados Unidos da América. Com a viagem, o atleta entraria na edição de 1997 da Major League Soccer, através dos New England Revolution. Porém, muita coisa, desde os métodos de treino ao próprio ambiente vivido no seio das equipas, haveria de parecer estranho ao atacante – "estava na Florida, em Tampa Bay, e fomos jogar a Los Angeles. Fizemos uma viagem de cinco horas, com uma diferença horária de três horas, almoçámos às nove da manhã e jogámos ao meio-dia. Levámos cinco golos e no regresso vinham todos contentes no avião. É claro, não estava habituado àquela situação e disse logo para comigo: «Não, tenho de voltar para Portugal»"*.
Com 32 anos e com a fase descendente da carreira no horizonte, o regresso aos "Sadinos" correria de feição. Mais uma vez a formar uma dupla atacante com Yekini, o avançado ajudaria o Vitória Futebol Clube a atingir os lugares de acesso às competições sob a alçada da UEFA. Já depois de sair de Setúbal, o seu trajecto, ainda com passagens por algumas colectividades, entraria no normal declínio. “Penduradas as chuteiras”, Chiquinho Conde, o primeiro jogador moçambicano a marcar presença em 3 edições da CAN, dedicar-se-ia às funções de técnico, as quais levá-lo-iam, recentemente e após outras experiências, a assinar contrato pelos moçambicanos do Vilankulo FC e, pasmem-se, só por dez anos!
*retirado da entrevista de Paulo Quental, publicada a 05/12/1999, em www.record.pt
Pela imposição a reger o futebol nacional à altura, ou seja, a lei a ditar apenas dois estrangeiros em simultâneo no campo de jogo, Chiquinho Conde, atrás do intocável Mladenov passaria a ser um dos elementos que, em Belém, passaria a lutar por esse segundo lugar. Talvez por essa razão, o próximo passo do avançado empurrá-lo-ia para uma aventura bem mais a norte. Em Lisboa ficavam os bons resultados desportivos, a boa impressão deixada e alguns momentos curiosos, como o do rigor de John Mortimore a proibir os atletas de usarem calças de ganga! Já no plantel de 1991/92 do Sporting de Braga, a mudança de treinador perto do final da temporada, ditaria a sua dispensa. No entanto, como é hábito dizer-se, "há males que vêm por bem" e o pequeno desaire vivido no Minho dar-lhe-ia a oportunidade para encontrar nova sorte.
A mudança dar-se-ia novamente em direcção à Estremadura, mas dessa feita para a cidade piscatória de Setúbal. No Vitória Futebol Clube a partir da campanha de 1992/93, Chiquinho Conde formaria com Yekini, primeiro no segundo escalão e, já na época seguinte, na divisão maior, uma temível dupla atacante. Com todos os predicados futebolísticos do avançado, isto é, a velocidade, a força e a apetência para bom concretizador finalmente confirmados, o internacional moçambicano passaria a ser uns dos atacantes mais cobiçados. A quem não passaria despercebido seria a Carlos Queiroz que, para a temporada de 1994/95, indicaria o avançado como reforço do Sporting. Nos “Verde e Branco”, muito para além da Taça de Portugal conquistada em 1994/95, o atleta acabaria por ser envolvido na tentativa de apaziguamento da contenda nascida da polémica saída de Mauro Soares do Restelo em direcção a Alvalade. O problema é que, segundo chegaria a ser veiculado, nem o já referido treinador dos “Leões”, nem João Alves, o técnico do Belenenses, chegariam a ser ouvidos no aludido negócio. Como é lógico, o resultado seria negativo e ao fim de uns meses o atacante deixaria os “Azuis” e abalaria, mais uma vez, com destino a Setúbal.
Junto à foz do Rio Sado, Chiquinho Conde veria nova chance a surgir-lhe. A chamada surgiria do outro lado do Oceano Atlântico, mais precisamente nos Estados Unidos da América. Com a viagem, o atleta entraria na edição de 1997 da Major League Soccer, através dos New England Revolution. Porém, muita coisa, desde os métodos de treino ao próprio ambiente vivido no seio das equipas, haveria de parecer estranho ao atacante – "estava na Florida, em Tampa Bay, e fomos jogar a Los Angeles. Fizemos uma viagem de cinco horas, com uma diferença horária de três horas, almoçámos às nove da manhã e jogámos ao meio-dia. Levámos cinco golos e no regresso vinham todos contentes no avião. É claro, não estava habituado àquela situação e disse logo para comigo: «Não, tenho de voltar para Portugal»"*.
Com 32 anos e com a fase descendente da carreira no horizonte, o regresso aos "Sadinos" correria de feição. Mais uma vez a formar uma dupla atacante com Yekini, o avançado ajudaria o Vitória Futebol Clube a atingir os lugares de acesso às competições sob a alçada da UEFA. Já depois de sair de Setúbal, o seu trajecto, ainda com passagens por algumas colectividades, entraria no normal declínio. “Penduradas as chuteiras”, Chiquinho Conde, o primeiro jogador moçambicano a marcar presença em 3 edições da CAN, dedicar-se-ia às funções de técnico, as quais levá-lo-iam, recentemente e após outras experiências, a assinar contrato pelos moçambicanos do Vilankulo FC e, pasmem-se, só por dez anos!
*retirado da entrevista de Paulo Quental, publicada a 05/12/1999, em www.record.pt
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