Bastaria o facto de ter sido o primeiro jogador a envergar a camisola dos cinco emblemas campeões em Portugal para que a sua história figurasse nos anais do futebol nacional. Porém, a carreira de Fernando Mendes não ficaria cingida a essa ocorrência.
Tudo começaria no Montijo, onde daria os primeiros pontapés na bola e onde o Sporting iria buscá-lo ainda em idade de frequentar as “escolas” leoninas. A aposta dos “ verde e branco” levá-lo-ia a continuar e a terminar a formação em Alvalade. Já o sucesso da caminhada, trajecto a antever um bom futuro dentro dos relvados, acabaria sublinhado pela passagem do lateral-esquerdo em todas as categorias jovens da selecção nacional.
Nesse sentido, seria pequena a surpresa quando, na derradeira jornada do Campeonato Nacional de 1984/85, Pedro Gomes, à altura o treinador interino dos "Leões", decidiria, por certo em jeito de prémio, promover o primeiro jogo de Fernando Mendes na equipa principal. A partir desse embate frente ao Vitória Futebol Clube, entre anos em que seria muito utilizado e outros de maior modéstia, o jogador passaria a coleccionar momentos inesquecíveis. Um deles haveria de vivê-lo na temporada de 1986/87, quando o técnico ainda era Manuel José. A aludida partida, a contar para a 2ª mão da 2ª ronda da Taça UEFA, estava agendada frente ao FC Barcelona. Na volta inicial, na Catalunha, os de "verde e branco" haviam averbado uma derrota por 1-0. Foi então que o defesa, no dia anterior à referida disputa e ao dia do seu aniversário, diria ao treinador que faria dois centros que dariam dois golos. Manuel José, caso o feito viesse a confirmar-se, prometer-lhe-ia uma lagosta. A premonição aconteceu mesmo. No entanto, o Sporting acabaria eliminado, pois, quase de seguida ao lateral ter falhado o terceiro golo, os “Blaugrana”” conseguiriam concretizar o tento que os levaria à etapa seguinte da prova. Já a lagosta deve ter caído bem mal!
Polémico como só ele sabe ser, mas sempre frontal e sincero nas suas convicções, Fernando Mendes, anos mais tarde, entraria em conflito com os dirigentes leoninos, saindo de Alvalade e mudando-se para o lugar onde mais magoaria os seus antigos directores, ou seja, o Estádio da Luz. No Benfica não seria feliz. Durante as épocas em que viria a representar as "Águias" pouco seria utilizado, arrependendo-se, como mais tarde veio a confessar, da decisão que tinha tomado para o seu destino. Muito para além do remorso, ficariam as divergências com alguns treinadores, como Jesualdo Ferreira ou Sven-Goran Eriksson, com o técnico sueco a sofrer com as rebeldias do atleta - "(…) entrei numa fase em que já me estava a borrifar. Como era um dos primeiros a chegar aos treinos, pegava na minha pressão de ar e, já equipado, ia aos pássaros ou então dava umas chumbadas na porta do balneário de Eriksson"*.
Depois da temporada de 1992/93, ainda assim com um título de campeão arrecadado pelos "Encarnados", Fernando Mendes acabaria por abandonar, em definitivo, o Benfica. Duas épocas passar-se-iam em que, ao serviço de Estrela da Amadora e do Boavista, o internacional luso iria recuperar algum do prestígio que, entretanto, tinha perdido. De volta a Lisboa, dessa feita para representar o Belenenses comandado por João Alves, o defesa, a meu ver, faria uma das melhores temporadas da carreira. O prémio maior viria do Norte e o FC Porto seria a sua próxima paragem. Nas Antas, o jogador explanaria todo um jogo cintilante. Intérprete maduro, com técnica, com velocidade, com uma capacidade de passe brilhante e com uma bela leitura de jogo, o atleta elevar-se-ia nos momentos a subir a linha esquerda do relvado e “bombardear” as áreas contrárias com inúmeros cruzamentos. Lances, diga-se em abono da verdade, que em muito beneficiariam os "Dragões" no erguer de diversos troféus, isto é, os 3 derradeiros Campeonatos Nacionais do famoso "Penta", 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças.
Depois de regressar ao Belenenses, de ter passado por Vitória Futebol Clube e de ainda ter feito um gostinho ao pé, no futebol de praia, espantem-se, ao serviço do Benfica e, surpreendam-se ainda mais, de ter participado nas provas distritais – São Marcos e Montijo –, Fernando Mendes retirar-se-ia da modalidade que, durante mais de duas décadas, praticou, e bem, como sénior.
*retirado da entrevista publicada em www.record.pt, a 14/06/2002
Tudo começaria no Montijo, onde daria os primeiros pontapés na bola e onde o Sporting iria buscá-lo ainda em idade de frequentar as “escolas” leoninas. A aposta dos “ verde e branco” levá-lo-ia a continuar e a terminar a formação em Alvalade. Já o sucesso da caminhada, trajecto a antever um bom futuro dentro dos relvados, acabaria sublinhado pela passagem do lateral-esquerdo em todas as categorias jovens da selecção nacional.
Nesse sentido, seria pequena a surpresa quando, na derradeira jornada do Campeonato Nacional de 1984/85, Pedro Gomes, à altura o treinador interino dos "Leões", decidiria, por certo em jeito de prémio, promover o primeiro jogo de Fernando Mendes na equipa principal. A partir desse embate frente ao Vitória Futebol Clube, entre anos em que seria muito utilizado e outros de maior modéstia, o jogador passaria a coleccionar momentos inesquecíveis. Um deles haveria de vivê-lo na temporada de 1986/87, quando o técnico ainda era Manuel José. A aludida partida, a contar para a 2ª mão da 2ª ronda da Taça UEFA, estava agendada frente ao FC Barcelona. Na volta inicial, na Catalunha, os de "verde e branco" haviam averbado uma derrota por 1-0. Foi então que o defesa, no dia anterior à referida disputa e ao dia do seu aniversário, diria ao treinador que faria dois centros que dariam dois golos. Manuel José, caso o feito viesse a confirmar-se, prometer-lhe-ia uma lagosta. A premonição aconteceu mesmo. No entanto, o Sporting acabaria eliminado, pois, quase de seguida ao lateral ter falhado o terceiro golo, os “Blaugrana”” conseguiriam concretizar o tento que os levaria à etapa seguinte da prova. Já a lagosta deve ter caído bem mal!
Polémico como só ele sabe ser, mas sempre frontal e sincero nas suas convicções, Fernando Mendes, anos mais tarde, entraria em conflito com os dirigentes leoninos, saindo de Alvalade e mudando-se para o lugar onde mais magoaria os seus antigos directores, ou seja, o Estádio da Luz. No Benfica não seria feliz. Durante as épocas em que viria a representar as "Águias" pouco seria utilizado, arrependendo-se, como mais tarde veio a confessar, da decisão que tinha tomado para o seu destino. Muito para além do remorso, ficariam as divergências com alguns treinadores, como Jesualdo Ferreira ou Sven-Goran Eriksson, com o técnico sueco a sofrer com as rebeldias do atleta - "(…) entrei numa fase em que já me estava a borrifar. Como era um dos primeiros a chegar aos treinos, pegava na minha pressão de ar e, já equipado, ia aos pássaros ou então dava umas chumbadas na porta do balneário de Eriksson"*.
Depois da temporada de 1992/93, ainda assim com um título de campeão arrecadado pelos "Encarnados", Fernando Mendes acabaria por abandonar, em definitivo, o Benfica. Duas épocas passar-se-iam em que, ao serviço de Estrela da Amadora e do Boavista, o internacional luso iria recuperar algum do prestígio que, entretanto, tinha perdido. De volta a Lisboa, dessa feita para representar o Belenenses comandado por João Alves, o defesa, a meu ver, faria uma das melhores temporadas da carreira. O prémio maior viria do Norte e o FC Porto seria a sua próxima paragem. Nas Antas, o jogador explanaria todo um jogo cintilante. Intérprete maduro, com técnica, com velocidade, com uma capacidade de passe brilhante e com uma bela leitura de jogo, o atleta elevar-se-ia nos momentos a subir a linha esquerda do relvado e “bombardear” as áreas contrárias com inúmeros cruzamentos. Lances, diga-se em abono da verdade, que em muito beneficiariam os "Dragões" no erguer de diversos troféus, isto é, os 3 derradeiros Campeonatos Nacionais do famoso "Penta", 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças.
Depois de regressar ao Belenenses, de ter passado por Vitória Futebol Clube e de ainda ter feito um gostinho ao pé, no futebol de praia, espantem-se, ao serviço do Benfica e, surpreendam-se ainda mais, de ter participado nas provas distritais – São Marcos e Montijo –, Fernando Mendes retirar-se-ia da modalidade que, durante mais de duas décadas, praticou, e bem, como sénior.
*retirado da entrevista publicada em www.record.pt, a 14/06/2002
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