376 - PETIT

Depois de 4 anos de sucessivas cedências a emblemas de divisões secundárias - Esposende; Gondomar; União de Lamas -, Petit chegaria à estreia no escalão principal do futebol luso. No Gil Vicente, mais uma vez a título de empréstimo e muito à custa da 5ª posição alcançada pelo emblema de Barcelos no Campeonato Nacional, o médio encontraria um lugar na montra do desporto nacional. Ao tornar-se num dos pilares dessa brilhante classificação de 1999/00, os responsáveis do Boavista, clube detentor do seu passe, ficariam convencidos da sua utilidade e acordariam o retorno à casa onde, anos antes, o jogador tinha completado a formação.
Por altura do regresso do atleta ao Estádio do Bessa, poucos haveria que não acreditassem que, mais tarde ou mais cedo, os "Axadrezados" conseguiriam imiscuir-se na hegemonia dos ditos "três grandes". Sob o comando de Jaime Pacheco e com um plantel recheado de bons praticantes, onde o destaque iria para uma mão cheia de internacionais, o “trinco” tornar-se-ia na alma do meio-campo. Apesar de não possuir uma estatura surpreendente, a qual, na juventude, tinha alimentado a sua alcunha, Petit, de verdadeiro nome Armando Teixeira, com garra, resistência e com uma capacidade de desarme tremenda, cimentar-se-ia como a primeira barreira defensiva dos “Boavisteiros”. A sua quase omnipresença em campo conferiria a segurança necessária para que os colegas de ataque conseguissem, tranquilamente, esculpir as ofensivas da equipa. As “Panteras”, assentes nessa ideia de jogo aguerrido, começariam a galgar a época de 2000/01 com uma soma de importantes vitórias e, com o termo da referida campanha, consagrar-se-iam, pela primeira vez na história, como os vencedores da 1ª divisão.
Para o centrocampista essa não seria a única vitória da época. Um dos marcos que igualmente alcançaria durante a temporada de glorificação do Boavista, viria a ser a primeira chamada à principal equipa nacional portuguesa. Na senda da Fase de Qualificação para o Mundial de 2002, organizado pelo Japão e pela Coreia do Sul, o médio-defensivo juntar-se-ia a algumas das maiores estrelas do futebol português e seria uma delas, Luís Figo, que perguntaria ao seleccionador – “Quem é este miúdo?”*. Perante o espanto do extremo luso, António Oliveira terá então respondido – “Nem queiras saber... a correr parece um pitbull!"*.
A imagem transmitida pelo diálogo acima mencionado, não poderia estar mais correta e seria esse lutador incansável que o Benfica haveria de conseguir juntar à sua equipa. No Verão de 2002, a transferência consumar-se-ia e no Estádio da Luz entraria um intérprete capaz de, como ninguém, interiorizar o conceito, tão querido para aquelas bandas, da verdadeira "mística". Em Lisboa, Petit continuaria a demonstrar ambição por novos troféus. Ao mostrar querer ganhar mais, atingiria esse objectivo, primeiro com a vitória na Taça de Portugal de 2003/04, em seguida com o triunfo no Campeonato Nacional de 2004/05 e, por fim, com a conquista da Supertaça de 2005/06. No entanto, meia dúzia de anos após a sua chegada às “Águias” surgiria a proposta vinda da Alemanha. O “trinco” não conseguiria virar as costas ao "convite irrecusável"** e acabaria por zarpar à aventura, deixando o Benfica, mas com "uma dupla sensação: de alegria por partir rumo à minha primeira experiência num clube estrangeiro e de tristeza por abandonar o meu clube"**.
As 4 temporadas seguintes passá-las-ia ao serviço do FC Köln. Contudo, quando do Boavista emergiu o apelo para que regressasse, Petit não conseguiria deixar de ajudar uma colectividade para si tão querida e que ainda por cima vivia, e vive, sérias dificuldades. Voltaria ao Bessa em 2012/13 como futebolista, mas após a saída do técnico Amândio Barreiras, aceitaria um novo desafio e passaria a comandar, na função de treinador-jogador, as "Panteras".

*retirado do artigo de Sílvia Freches, publicado a 16/06/2006, em www.dn.pt
**retirado do artigo publicado a 29/07/2008, em www.publico.pt

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