552 - SIMONSEN

Os primeiros anos como sénior, desde logo, revelariam de Simonsen um executante veloz, de bom passe, com excelente finta e com uma capacidade de finalização, que nem a sua baixa estatura parecia prejudicar. Alguns anos na principal equipa do Vejle BK, com dois Campeonatos e uma Taça da Dinamarca vencidos, fariam do atacante um dos melhores atletas da equipa. No entanto, pela fraca visibilidade das ligas escandinavas, seria necessária a presença da selecção dinamarquesa nos Jogos Olímpicos de 1972, para que algo mudasse na vida do jogador.
No torneio disputado na cidade de Munique, Simonsen destacar-se-ia por razão das suas boas exibições. A Dinamarca, que se quedou pela 2ª fase de grupos, não chegaria à disputa das medalhas. Contudo, os 3 golos que Simonsen marcaria, seriam suficientes para que, do país onde se organizavam as ditas olimpíadas, surgisse uma nova proposta de contrato.
Ora, quem decidiria apostar no jovem praticante foi, nada mais, nada menos, do que a formação do Borussia Mönchengladbach. Para quem não se lembra, os anos 70 seriam pródigos para esta equipa germânica, que acabaria por afrontar a hegemonia do Bayern Munique na Bundesliga. Esta ascensão do emblema da Renânia do Norte, acabaria por dar a Simonsen os melhores anos como profissional. Ainda assim, a sua adaptação não seria fácil. Quase sem jogar nos dois primeiros anos, as dúvidas sobre a sua qualidade começaram a surgir. O "volte-face" dar-se-ia na época de 1974/75, quando o Borussia Mönchengladbach se afirma como uma das grandes potências do futebol europeu. Com Simonsen como titular absoluto, a equipa daria nessa temporada o primeiro passo para a conquista do tri-campeonato alemão. Melhor que isso, seria a brilhante campanha que, tanto o atleta, quanto o conjunto, conseguiriam fazer nas provas europeias. Com os golos que concretizaria, Simonsen acabaria por se tornar num dos principais responsáveis pela vitória da sua equipa na Taça UEFA. Os seus 10 golos, 2 dos quais na 2ª mão da final, fariam dele o herói dos adeptos.
Claro está que o estatuto que, doravante, passaria a usufruir entre os fãs, não se justificou apenas por aquilo que o avançado faria nesse ano. Daí para a frente, os números que Simonsen passaria a apresentar no final de cada época, sublinhavam a sua crescente condição de estrela. O pico desse seu brilhante trajecto, atingi-lo-ia em 1977. A vitória na Bundesliga, a somar a uma excelente prestação na Taça dos Campeões Europeus, onde na final perdida para o Liverpool, ainda faz um golo, foram suficientes para que a "France Football" o consagrasse com o "Ballon d'Or".
Com tudo o que ia conseguindo, Simonsen ia vendo outros clubes interessar-se por ele. O Barcelona terá sido um dos que, primeiro, terá apresentado uma proposta para a sua contratação. Não conseguindo convencer os alemães, os "blau-grana" teriam de esperar pelo fim da ligação entre o jogador e o emblema, para que conseguissem contar com o atleta nas suas fileiras. Seria, então, para a temporada de 1979/80, e já depois de, pelo Borussia Mönchengladbach, ter vencido outra Taça UEFA, que Simonsen se muda para a Catalunha.
Na "La Liga", e apesar do seu sucesso pessoal , as prestações colectivas do Barcelona deixariam muito a desejar. Sem vitórias a nível nacional, excepção feita à conquista da Copa del Rey de 1980/81, os três anos que o atacante dinamarquês passaria em Espanha, salvar-se-iam pela conquista de outro troféu internacional. A Taça dos Vencedores das Taças de 1981/82, marcaria mais uma brilhante expedição de Simonsen. O golo marcado na final frente ao Standard Liège, não só ajudaria o Barcelona a arrecadar tão precioso troféu, como faria do jogador um dos poucos (acho que é o único!!!) a conseguir concretizar nas finais de todas as competições organizadas pela UEFA.
Sendo tido com um dos melhores que, à altura (e ainda hoje o é), haviam passado pelo Camp Nou, Simonsen veria esse papel dentro do clube ser-lhe retirado. Num plantel que já contava com Schuster, a chegada de Diego Armando Maradona, e a lei que apenas permitia a utilização de dois estrangeiros, fariam com que o avançado passasse para segundo plano. Não aceitando a condição de "reserva", Simonsen pede para sair. Ora, até aqui tudo normal. O que não se entende é a escolha que faz de seguida e que o leva a Inglaterra! No Charlton, que disputava o 2º escalão, o jogador haveria de ser acolhido como um herói. A reacção da massa adepta era compreensível, ainda para mais quando a escolha do avançado seria feita em detrimento de propostas apresentadas, segundo se contou, por Real Madrid e Tottenham. Mas pior do que a decisão de Simonsen, estavam as contas do clube. Essa época de 1982/83, que de início era vista como a de subida para o Charlton, acabaria com a (quase) bancarrota do emblema da zona de Londres.
A carreira de Simonsen acaba por ter outra curiosidade. Apesar do sucesso conseguido ao longo dos anos, o jogador apenas participaria nas grandes competições de selecções, exceptuando os Jogos Olímpicos acima referidos, quando já estava, mais uma vez, ao serviço do Vejle BK. De volta ao emblema onde completou a sua formação, clube ao qual regressaria depois de deixar o Reino Unido, o avançado seria chamado para representar o seu país no Euro 84 e no Mundial de 1986. Já a dar os derradeiros passos como futebolista, a sua participação nos ditos certames, mormente no realizado no México, seria discreta. Ainda assim, o fim da sua carreira só aconteceria uns anos depois, e com Simonsen já bem perto dos 40!!!

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