670 - IORDANOV

A paixão pela modalidade levá-lo-ia, ainda muito novo, a ingressar no clube da sua terra natal. No Rilski Sportlist haveria de arrebitar caminho pelas equipas de formação. No entanto, esse seu percurso acabaria por ser subitamente interrompido quando, ainda adolescente, é chamado à equipa principal! Para quem acompanhava o atleta, a supressa deste salto não haveria de ser assim tão grande. Iordanov, pela atitude que mostrava dentro de campo, destacava-se dos demais companheiros e era merecedor de tal prémio.
Apesar de apenas disputar os escalões secundários, os anos que passaria no Rilski Sportlist acabariam por dar ao jogador a visibilidade que qualquer um deseja. Essa notoriedade faria com que do patamar principal, surgisse o convite do Lokomotiv de Gorna. No seu novo clube, que, ainda assim, só disputava os lugares do meio da tabela, Iordanov conseguiria exibições de grande nível. A estreia na selecção principal, num particular frente ao Brasil, seria o prémio por essa sua prestação. Já a conquista do troféu de Melhor Marcador, isto no último ano que passaria na Bulgária, seria a confirmação que Iordanov era um avançado de excelente qualidade.
Foi no defeso de 1991, que Sousa Cintra apresenta o atacante aos sócios leoninos. Não sendo um avançado de finíssima técnica, a entrega que todos os dias mostrava, rapidamente fariam dele um exemplo aos olhos de adeptos e treinadores. Preferido por todos, o atacante personificava, a cada jornada, aquilo que o Sporting necessitava para quebrar um longo jejum. Há muitos anos sem ganhar títulos, Iordanov seria um dos principais esteios de uma caminhada que, na temporada de 1994/95, terminaria com a conquista da Taça de Portugal. Nesse encontro com Marítimo, o avançado seria o “homem do jogo”. Marcaria 2 golos e daria, num Jamor repleto de esperança, a vitória (2-0) ao Sporting.
O outro momento alto da sua vida desportiva, se não contarmos com a conquista da Supertaça de 1995/96, aconteceria já perto do final da sua carreira. Numa altura em que o seu contributo, por motivo de doença, já não era o melhor, mas em que a sua importância o faziam envergar a braçadeira de capitão, o Sporting volta a sagrar-se Campeão Nacional. O título conseguido em 1999/00, cujo momento alto seria o de Iordanov a colocar um cachecol à volta da estátua do Marquês de Pombal, acabaria por ser o justo galardão para um grande lutador.
Essa sua faceta batalhadora, levaria Iordanov, sem nunca desistir da sua carreira de futebolista, a lutar contra uma doença terrível – “Nesse momento o médico do Sporting [Dr. Fernando Ferreira], de lágrimas nos olhos, disse-me que o problema era sério e a minha carreira como jogador tinha acabado. Não foi fácil ouvir isso. Perguntei-lhe se a minha vida corria risco, pois nunca tinha ouvido falar da doença. Respondeu-me que não, mas não podia continuar a jogar”*.
A esclerose múltipla, diagnosticada em 1997, não haveria de, durante largos anos, impedir Iordanov de praticar futebol. Durante esse período, ele que, com a selecção búlgara, já tinha conseguido um 4º lugar no Mundial de 1994, haveria de, quatro anos depois, estar presente no certame organizado pela França. Para tal, pediria aos médicos que suspendessem os tratamentos, pois a medicação afectaria o seu rendimento. Já no decorrer do torneio, outro exemplo da sua modelar abnegação. Iordanov, por impedimento de vários colegas, jogaria duas partidas desse Campeonato do Mundo a defesa-central!
Já depois de se retirar dos relvados, Iordanov passaria a fazer parte das equipas técnicas do Sporting “B”. Posteriormente, num regresso ao seu país natal, integraria o gabinete de prospecção do Litex Lovech. Hoje em dia, dividindo a sua vida entre Portugal e a Bulgária, mantem-se afastado do futebol, mas, como o próprio tem referido, incapaz de recusar um futuro convite dos “Leões”.

 
*retirado de artigo do “Correio da Manhã”, a 26/02/2004

Sem comentários: