678 - CUBILLAS

A sua ascensão dentro do Alianza Lima, emblema que o haveria de lançar para o estrelato, acabaria por ser tão excepcional, quanto toda a sua qualidade. Para começar, logo no início do seu percurso profissional, Cubillas sagra-se o Melhor Marcador do Campeonato peruano de 1966. Esses 19 golos acabariam por ser uma pequena amostra daquilo que o jogador conseguiria daí em diante. Ainda assim, talvez pelo seu clube andar um pouco afastado da rota dos títulos, a sua primeira chamada à selecção aconteceria apenas em 1968.
Seria com a equipa do Peru que, em 1970, no México, Cubillas disputaria o Mundial de futebol.  Orientado por Didi, antigo internacional brasileiro, o craque tornar-se-ia na peça fulcral de todas as manobras ofensivas. Tendo velocidade e força, a sua técnica, compreensão do jogo e remate colocadíssimo, faziam dele um futebolista completo. Ora jogando na transição do meio campo para o ataque, ora mais encostado aos defesas contrários, Cubillas era um perigo constante. Os 5 golos que aí haveria de marcar, mas, acima de tudo, as suas grandes exibições, ajudariam a equipa a chegar aos quartos-de-final.
Como resultado desse seu primeiro Campeonato do Mundo, presenças que haveria de repetir em 1978 e 1982, Cubillas lança-se no estrelato. A prova de tal vem em 1972, quando, sem ter conquistado qualquer troféu relevante, é eleito o Melhor Jogador da América do Sul. Este seu estatuto sairia reforçado anos mais tarde, com a chamada a uma selecção do resto do Mundo. A partida, organizada em favor da UNICEF, disputava-se na Suiça. Do outro lado, uma equipa composta por estrelas europeias, acabaria por não conseguir impor-se à classe do peruano que, marcando 2 golos, acabaria por ser o principal obreiro da vitória por 3-1.
Essa viagem até à Europa, faz com o FC Basel insista na sua transferência. Aliciado pela perspectiva de disputar outro contexto competitivo, o jogador assina pelo clube helvético. Contudo, o clima frio do país e as dificuldades em dominar a língua, tornariam a sua permanência num completo martírio. Ora, é na sequência desta inadaptação que, 6 meses após a sua chegada, aparece o FC Porto. Com o objectivo de pôr termo a um jejum de títulos que já durava há imensos anos, os dirigentes do clube “azul e branco” predispõem-se a contratar aquele que era visto como um dos melhores jogadores do mundo.
É neste cenário que, em Janeiro de 1974, entra no Estádio das Antas. Os adeptos recebem-no como um verdadeiro herói e este jamais os desapontaria. As suas exibições voltariam a pôr o “Dragão” na disputa pelos títulos. Mais uma vez, os seus golos e a construção de toda uma série de ofensivas, empurrariam os seus companheiros a conseguir importantes vitórias. É certo que, na cidade do Porto, faltou um título para legitimar toda essa sua importância. No entanto, muito mais do que troféus, o jogador conquistaria companheiros, adeptos e adversários. Neste sentido, é conhecida a sua amizade com Eusébio; é sabido do seu peso no balneário portista, tendo sido eleito pelos seus colegas como capitão de equipa. Mais importante ainda, é que Cubillas será para sempre recordado pela sua gentileza e simpatia. Essa sua qualidade faria com que, numa longa carreira, e que o levaria a passar por diversos países, nunca fosse expulso num único jogo.
Nisto de troféus, é sabido que o currículo de Cubillas não faz jus às suas qualidades como jogador. Ainda assim, e durante o período em que passou por Portugal, o peruano conta com uma das maiores proezas da sua vida de desportista. Em 1975, com a equipa nacional, o atleta participaria na Copa América. Numa edição disputada de uma forma diferente daquela que já estamos habituados, as eliminatórias, muito ao jeito das competições de clubes, seriam disputadas a duas mãos, com as selecções a jogar a uma partida em cada país. Na final, já depois de ter eliminado o Brasil na ronda anterior, o Peru defrontaria a Colômbia. Após uma finalíssima, Cubillas, sendo também eleito o Melhor Jogador do torneio, finalmente conseguiria erguer a tão merecida taça.
É após deixar o FC Porto em 1977, que Cubillas entra naquilo que podemos chamar a segunda metade da sua carreira. Numa fase que, ainda assim, duraria por mais de uma década, o internacional dividiria a sua vida entre os Estados Unidos da América e o seu país natal. No Peru conseguiria conquistar os seus primeiros títulos de campeão nacional quando, ao serviço do Alianza Lima, vence os Campeonatos de 1977 e 1978. Já na NASL (North American Soccer League) haveria de tornar-se numa das estrelas do Fort Lauderdale Strikers e brilhar numa liga onde pontuavam nomes como os de George Best, Gerd Müller, entre tantos outros.

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