784 - MICKEY


Já depois de passar pelas “escolas” de diversos emblemas da Beira Litoral, é já na Académica de Coimbra que termina o seu percurso formativo. Rui Miguel Alegre do Nascimento Lopes, que ficaria conhecido no mundo do futebol por Mickey, acabaria por encontrar no emblema da “Cidade dos Estudantes” um meio propício a lançar-se na referida modalidade. Ainda assim, e já depois de, na temporada de 1990/91, ter conseguido estrear-se na categoria principal, a falta de oportunidades daria jus a um pequeno périplo de empréstimos.
A cedência ao Mirandense (1991/92) e, no ano seguinte, à Naval 1º de Maio (1992/93), abrir-lhe-iam as portas do regresso a Coimbra. De volta à “casa mãe”, a sua ascensão ao “onze” inicial não seria imediata e o médio-ofensivo ainda teria de penar um pouco mais. Esse estatuto, o de titular, consegui-lo-ia apenas em 1994/95. Sendo um jogador que primava pela excelente leitura de jogo, e tendo uma técnica de passe acima da média, Mickey começaria a cimentar-se como o “playmaker” do grupo.
A importância que, no decorrer das temporadas seguintes, conseguiria granjear, serviria para sublinhar as suas excelsas qualidades. Todavia, não era só dentro de campo que o centrocampista personificava o espírito da “Briosa”. Também fora dele, mormente no desenrolar da sua vida académica, Mickey era um bom exemplo. Como estudante-atleta, o futebolista serviria para preservar uma das tradições mais vincada na história da instituição conimbricense.
Já numa altura em que o seu lugar na equipa inicial era inquestionável, Mickey, finalmente, consegue disputar a mais importante competição em Portugal. Infelizmente para o jogador, e uma injustiça para a consistência que sempre mostrou dentro de campo, o seu percurso no nosso maior patamar não atingiria a duração que este merecia. Com os “Estudantes”, o médio estaria 2 temporadas na 1ª divisão (1997 a 1999). Já sua saída do clube coincidiria com a despromoção do grupo e com a necessidade de reduzir o orçamento da equipa – ”É doloroso sair da Académica, sinto alguma mágoa porque estou muito ligado a esta casa (…). Sei que ainda tenho muito a dar ao futebol e chegou a hora de pensar também em mim (…). “As negociações com o Campomaiorense estão muito bem encaminhadas, o que me permitirá continuar a jogar na I Divisão (…). A possibilidade de ir para Espanha continua de pé”*.
A sua escolha recairia no emblema da raia alentejana. Incrivelmente, a partir dessa mudança de clube, a sua carreira, e de uma forma repentina, encurtar-se-ia. Depois de uma época ao serviço do Campomaiorense, Mickey assina pelo Sporting de Espinho e mergulha nos escalões inferiores. Maior tornar-se-ia a surpresa quando, sem ainda ter chegado aos 30 anos de idade, decide pôr um ponto final no seu percurso profissional. Depois dessa temporada com os “Tigres da Costa Verde”, e numa decisão que, aos olhos de um normal adepto, parece sempre prematura, o atleta afastar-se-ia dos “campos da bola”.

 
*adaptado de artigo publicado no jornal “Record”, a 02/07/99

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