791 - FYSSAS

Quando Fyssas chegou a Portugal, não era propriamente um desconhecido no mundo do futebol. No entanto, e sem ser um dos nomes mais badalados na modalidade, década e meia como profissional e várias chamadas à selecção grega, davam ao defesa a experiência necessária para que o Benfica visse nele um elemento importante para o reforço do plantel.
Tendo chegado na abertura do “mercado de Inverno”, o acordo entre as duas partes tinha sido selado em Novembro de 2003. Já depois desse encontro entre o atleta e os responsáveis directivos do emblema “encarnado”, o FC Porto, sem resultado, ainda tentaria desviar o lateral do Estádio “da Luz” – “Se eu fosse outro tipo de pessoa, talvez tivesse aceitado a proposta do FC Porto, tinha melhor equipa, o treinador era o José Mourinho... mas já tinha dado a minha palavra ao Benfica e tenho valores. Agradou-me o interesse do FC Porto, mas não podia aceitar, apesar de terem sido muito correctos comigo”*.
O Benfica, orientado por Camacho, ganhava uma nova alma para o lado esquerdo da defesa. É certo que os seus melhores anos já tinham passado. Não tão veloz quanto o desejado para alguém da sua posição, o lateral compensava essa sua fraqueza com uma leitura de jogo mais hábil. Ora, essa prática, apurada durante um longo percurso, vinha já desde 1990, ano da sua estreia pelos seniores do Panionios. No emblema de Nea Smyrni, cidade situada nos subúrbios de Atenas, o atleta passaria quase uma década. Durante esse intervalo, haveria de conquistar o primeiro grande título. Numa final que terminaria com o placard a assinalar 1-0, o clube de Fyssas conseguiria derrotar o Panathinaikos, acabando por vencer a Taça da Grécia de 1997/98.
Ironicamente, o emblema que se seguiria na sua carreira seria o Panathinaikos. Na capital, transferido a meio da temporada de 1998/99, o jogador acabaria por viver um dos seus melhores períodos como profissional. Semanas após a sua contratação, num desafio frente à Finlândia, Fyssas consegue a primeira chamada à principal selecção helénica. Já no que diz respeito às metas alcançadas com o clube, o esquerdino haveria de colorir o seu currículo com mais vitórias. Curiosamente, essas conquistas concretizar-se-iam numa altura em já jogava pelo Benfica. Tendo participado nessas competições ainda na primeira metade da temporada de 2003/04, o defesa acabaria também por fazer parte do rol de vencedores da Taça e Campeonato grego.
O ano de 2004 haveria de ser verdadeiramente prolífero para o lateral. Muito mais do que vencer a final da Taça de Portugal, desafio no qual marcaria um dos golos, Fyssas conquistaria o maior troféu da sua carreira. Pela selecção nacional, haveria de ser chamado ao Euro 2004. No torneio organizado em Portugal, no caminho para o derradeiro jogo, participaria em todas as partidas. Nesse último encontro, mais uma vez seria chamado ao “onze” titular. Como um dos principais pilares da equipa, ajudaria a Grécia a derrotar a “Equipa das Quinas” e acabaria por conquistar o tão almejado troféu.
Após mais uma temporada ao serviço do Benfica, e durante a qual, com as cores do seu país, participaria também na Taça das Confederações, Fyssas transfere-se para os escoceses do Hearts. Nesses que foram os últimos anos como futebolista, o fim do seu percurso aconteceria já no regresso ao Panathinaikos. Depois dessa temporada de 2007/08, onde seria treinado pelo português José Peseiro, o atleta decidira ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”. A sua ligação ao futebol manter-se-ia e, como dirigente, há que destacar o seu trabalho na Federação Helénica.

 
*retirado do artigo de João Araújo, publicado no jornal “O Jogo”, a 08/01/2017

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