883 - MATTHÄUS

Numa altura em que o Borussia Mönchengladbach começava a perder o poderio demonstrado durante a década de 70, Lothar Matthäus faz a estreia na equipa principal do clube. Sendo ainda muito novo, poucos estariam à espera que conseguisse ter o impacto que viria a ter. Demonstrando exactamente o contrário, o jovem atleta rapidamente conseguiria agarrar um lugar no “onze”. Mesmo com o emblema alemão em queda, o impacto que conseguiria ter no plantel seria surpreendente. Como titular, logo na temporada de 1979/80 ajudaria o conjunto a chegar à final da Taça UEFA. Nessa derradeira etapa, ainda disputada a duas mãos, o médio marca um golo. No entanto, o tento seria insuficiente para derrotar o Eintracht Frankfurt, que levaria o troféu para casa.
Ainda que sem a tão almejada vitória, a verdade é que a referida campanha europeia seria uma das boas razões para que o seleccionador alemão decidisse convocá-lo para o Euro 80. Sem ainda contar com qualquer internacionalização “A”. Jupp Derwall fá-lo-ia entrar em campo aos 73 minutos de jogo, na partida frente à Holanda. Tempo mais que suficiente para que, logo no primeiro ano como profissional, conseguisse inscrever o seu nome no rol de vencedores do Europeu de selecções.
Daí em diante, e até à contratação pelo Bayern de Munique, a sua carreira entraria numa fase mais monótona… só em termos de troféus! Já no que diz respeito às suas exibições, essas demonstravam um jogador que, apesar da tenra idade, patenteava em campo uma maturidade espantosa. Tacticamente irrepreensível, Matthäus conseguia desempenhar com o mesmo rigor, tarefas defensivas ou ofensivas. Ora, essa capacidade, mantê-lo-ia como um dos habituais nas convocatórias da “Mannschaft”. Com as cores do seu país, e durante os anos passados com o Borussia Mönchengladbach, o médio ainda seria chamado ao Espanha 82 e ao Euro 84.
A transferência para o Bayern de Munique empurrá-lo-ia para a rota dos troféus. Logo em 1984/85 consegue conquistar o título de campeão. Nas campanhas a seguir a essa primeira vitória, a Bundesliga também não escaparia ao emblema bávaro e, a somar aos 3 triunfos consecutivos, viria 1 Taça da Alemanha (1985/86) e 1 Supertaça (1987/88). Já no plano das competições organizadas pela UEFA, a força demonstrada pela equipa alemã parecia querer apontar para mais sucessos. O ano em que isso estaria mais perto de acontecer, seria em 1987. No entanto, o FC Porto acabaria por estragar a festa a Matthäus e aos seus companheiros. Na final da Taça dos Campeões Europeus jogada em Viena, o “placard” ainda estaria a favor dos germânicos. O pior é que, já bem perto do final do encontro, dois golos dos “Azuis e Brancos” virariam tudo do avesso. Curiosamente, durante a segunda passagem do jogador pelo clube, algo semelhante aconteceria. Na derradeira partida da “Champions” de 1998/99, disputada frente ao Manchester United, dois tentos já nos descontos impediriam o médio, mais uma vez, de erguer o tão almejado “caneco”.
Mas se queremos falar de Matthäus a levantar troféus, então teremos que voltar à sua história com a equipa nacional alemã. Tendo disputado com a camisola do seu país 9 grandes torneios, o momento mais importante aconteceria no Mundial de 1990. Ostentando a braçadeira de capitão, e depois de em 1982 e em 1986 não ter conseguido ajudar os seus companheiros a conquistar mais do que a medalha de prata, em Itália as coisas correriam de forma um pouco diferente. Tendo na final, tal como campeonato anterior, apanhado a Argentina, dessa feita o desfecho seria outro. Com um golo de Andreas Brehme, a Alemanha (à altura RFA) venceria o certame e o médio lá teria a oportunidade de erguer a taça – “É uma grande honra vencer o Campeonato do Mundo, não só para a equipa, como também para o capitão que é o primeiro a quem é dado o troféu que todos querem ganhar. É uma sensação única. Eu estava com medo de fazer alguma coisa errada, de deixar cair o troféu”*.
Claro está que, durante a sua longa carreira, Matthäus teve a ensejo de vencer mais competições. Todavia, e mesmo tendo em conta o “Scudetto” conseguido pelo Inter de Milão ou as 4 Bundesligas e 1 Taça UEFA vencidas no regresso a Munique, seria a Alemanha que daria ao jogador as melhores marcas da sua carreira. Nesse sentido, não podemos esquecer que as suas 150 internacionalizações fazem dele o futebolista com mais partidas feitas pelo seu país. Já as 5 participações em Mundiais, igualando o mexicano Carbajal, também são um recorde. Ainda assim, o médio não ficaria por aqui e com 25 presenças em campo, o atleta transformar-se-ia no jogador com mais partidas disputadas em fases finais do Campeonato do Mundo.

*retirado da entrevista dada ao site www.fifa.com, a 03/05/2007

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