912 - FILIPE AZEVEDO

Filho de emigrantes em França, seria no Marseille que Filipe Azevedo faria quase toda a sua formação. Chegaria também a representar os sub-18 gauleses, mas, incontornavelmente, o seu destino profissional estava fadado a Portugal. Ainda seria promovido à equipa sénior, onde haveria de partilhar o balneário com Rui Barros e Paulo Futre. Depois rebentaria o escândalo de corrupção, envolvendo o Presidente Bernard Tapie. Na debandada daí resultante, e com a maioria dos atletas à procura de novos destinos, também ele acabaria por partir.
Apesar de ter um convite do Sporting, o atacante daria a sua preferência ao recém-promovido Felgueiras. Com receio de não conseguir conquistar um lugar no conjunto de Alvalade, a sua escolha acabaria por incidir no emblema de onde eram oriundos os seus pais. A estreia na 1ª divisão portuguesa, com Jorge Jesus como treinador e um jovem Sérgio Conceição como colega, aconteceria no decorrer da campanha de 1995/96. Contudo, a escolha feita pelo avançado no início dessa temporada, revelar-se-ia pouco acertada e, depois de uma 2ª volta desastrosa, o emblema duriense não conseguiria evitar a descida.
Após 2 anos a disputar a Divisão de Honra, sem nunca conseguir a tão almejada promoção, o regresso de Filipe Azevedo ao patamar máximo do nosso futebol dar-se-ia com a mudança de clube. Tendo deixado o Felgueiras para ingressar no Alverca, o atacante daria novo elã à sua carreira. Depois de 2 campanhas em que os seus golos mereceriam o devido destaque, é do Leste da Europa que surge novo desafio – “Perguntaram-me: queres ir jogar na Liga dos Campeões? E eu fui para lá atrás desse sonho. Íamos participar na pré-eliminatória, que na altura era só a uma mão, só que calhou-nos jogar em Istambul contra o Besiktas e acabámos por ser eliminados”*.
A admiração que Yuriy Semin, à altura o treinador do Lokomotiv de Moscovo, tinha pelo trabalho do avançado, faria com que o mesmo tivesse um lugar assegurado no “onze” do emblema russo. Sendo o primeiro português a jogar no “País dos Czares” muitos estariam à espera que o avançado tivesse alguns problemas de adaptação. Contudo, e depois de um início bastante auspicioso, aquilo que deixaria a sua experiência um pouco aquém do esperado seria uma grave lesão. Tendo fracturado o pé, Filipe Azevedo ver-se-ia afastado dos relvados durante grande parte da temporada. Depois, e vivendo longe daqueles que deveria ter mais próximo, viriam os problemas familiares. Ora, a conjunção desses dois factores, mesmo com os responsáveis dos “Zheleznodorozhniki” (Ferroviários) a pedir a sua continuidade, levá-lo-iam a voltar a Portugal. A meio da temporada de 2000/01, o atacante passaria a vestir as cores de um primodivisionário Campomaiorense. Esse regresso marcaria a entrada na segunda metade da sua carreira, fase que acabaria por caracterizar-se pela passagem por vários clubes e campeonatos.
França, Índia, Espanha e Chipre seriam os países que também acabariam por colorir o seu trajecto. Tendo passado maior parte do seu tempo, desde a saída do clube alentejano, a disputar os escalões secundários, ainda assim há que destacar alguns momentos do que restou no seu percurso como futebolista. O regresso à “Ligue 1”, com as cores do Sedan ou a experiência num exótico Mahindra Utd, transformar-se-iam em pontos de interesse na carreira do avançado.
Mesmo afastado dos maiores palcos do futebol, a sua caminhada prolongar-se-ia até aos 35 anos. Já depois de em 2010 ter “pendurado as chuteiras”, o antigo atleta tem procurado aprender outras realidades dentro da modalidade. Entre vários estágios feitos em França, cursos de treinador e uma experiência na Arábia Saudita como treinador-adjunto do Al-Qadisiya, foi na AD Camacha que aceitou um cargo como dirigente. Em 2017, com a criação da SAD do emblema madeirense, Filipe Azevedo seria escolhido para as funções de Director Desportivo.


*retirado da entrevista de Carlos Torres, publicada em www.sabado.pt, a 18.06.2017

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