922 - JOHN MORTIMORE

As “escolas” do Woking, emblema sediado nos arredores de Londres e perto da sua terra natal, serviriam para que John Mortimore tivesse o primeiro contacto com o futebol associativo. Após ter terminado o percurso formativo, o jovem defesa haveria de, no mesmo clube, fazer a transição para o patamar sénior. Aí permaneceria até aos 21 anos, idade com que seria resgatado dos escalões amadores.
O salto dado na temporada de 1955/56, desde os “regionais” até à “First Division”, não amedrontaria John Mortimore. Após o normal período de adaptação a um contexto competitivo completamente diferente daquele a que estava habituado, o defesa começaria a aparecer com alguma regularidade na primeira equipa do Chelsea. Na campanha de 1957/58, já o central era um dos titulares do “onze” londrino. Durantes os anos vindouros raramente esse estatuto seria posto em causa. A importância que tinha para o grupo era tal que, como reconhecimento pela sua dedicação, a braçadeira de capitão acabaria entregue à sua responsabilidade.
Curiosamente, só no último ano em Stamford Bridge é que os títulos chegariam à sua carreira. Após representar os “Blues” em 10 temporadas diferentes, os derradeiros passos no seu percurso como futebolista levá-lo-iam a disputar a final da “League Cup”. Tendo falhado a primeira mão, no segundo jogo, marcado para a casa do adversário, John Mortimore seria chamado ao “onze” inicial. Depois da vitória por 3-2 em Londres, a sua participação serviria para aguentar o nulo nessa partida e, acima de tudo, para garantir o triunfo frente à equipa do Leicester.
Antes de encetar a sua actividade como treinador-principal, John Mortimore ainda faria uma última temporada com as cores do Queens Park Rangers. Contudo, a referida mudança só chegaria passados alguns anos e num país diferente. Ao contrário daquilo que seria previsível, a oportunidade de orientar um clube surgiria na Grécia. No Ethnikos de Pireus e, mais tarde, ao serviço do Portsmouth, o antigo defesa central ganharia a experiência necessária para, em 1976, enfrentar o maior desafio da sua curta carreira como técnico – “O trabalho no Benfica apareceu através da “Football Association” (FA) e eu agarrei a oportunidade. Eu penso que o clube abordou a FA, que recomendou uma ou duas pessoas e nós fomos entrevistados”*.
Na chegada à “Luz”, uma das primeiras decisões tomadas pelo inglês seria reforçar a equipa com os juniores Alberto, José Luís e Fernando Chalana. Tendo conseguido afinar o conjunto pela mistura dessa juventude com a experiência dos restantes elementos, o técnico levaria o Benfica à vitória no Campeonato. No entanto, e apesar desse bom arranque, as temporadas seguintes seriam dominadas pelo FC Porto de José Maria Pedroto. Sem o sucesso exigido por dirigentes e adeptos, John Mortimore haveria de deixar o clube para, em 1985/86, regressar aos comandos das “Águias”.
A segunda passagem pelos “Encarnados”, ainda melhor do que a primeira, seria recheada de êxitos. O Campeonato ganho em 1986/87, as 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça seriam o saldo desses 2 anos. Outro dos resultados dessa estadia acabaria por ser a sua contratação pelo Real Bétis. Todavia, a experiência no conjunto de Sevilha seria pouco proveitosa. Num plantel que contava com Chano (ex-Benfica) e Ralph Meade (ex-Sporting), John Mortimore acabaria por ser dispensado na mesma temporada da sua contratação.
O que restou da sua carreira como treinador, ainda o levaria a orientar o Belenenses e o Southampton.  A maior curiosidade desse troço seria a ligação com o emblema do sul de Inglaterra. John Mortimore, cuja relação com os “Saints” remontava aos anos 60 e à altura em que ainda era adjunto, haveria de passar pela Presidência do clube.
 
*retirado da entrevista conduzida por Dominic Bliss e publicada a 24/12/2014, em https://portugoal.net

Sem comentários: