1005 - CARLOS DUARTE

Também com o propósito de observar novos jogadores, o FC Porto, na transição da década de 40 para a de 50, haveria de encetar uma digressão pelas antigas colónias portuguesas em África. Como resultado dessa prospecção, chegaria à “Cidade Invicta” um lote de 4 atletas com um enorme potencial. Em Moçambique os responsáveis da equipa descobririam Albasini e Perdigão. Já de Angola, os nomes escolhidos para integrar o plantel “azul e branco” seriam Miguel Arcanjo e Carlos Duarte.
Carlos Duarte, depois de ter jogado pelo Atlético de Nova Lisboa, seria descoberto já ao serviço do GD Ferrovia. Veloz e de “drible” fácil, o extremo-direito seria visto como um exímio intérprete do jogo directo. Essas suas qualidades, e com o objectivo de reforçar as hostes portistas, fá-lo-iam, em 1952, embarcar para a metrópole. Já instalado na cidade do Porto, o jovem atleta haveria de adaptar-se rapidamente. Tão depressa quanto a sua integração, os seus dotes transformá-lo-iam numa das principais estrelas do clube. Ao formar com Virgílio e Hernâni um trio de dinamismo ímpar, o atacante acabaria por tornar-se num dos responsáveis pelo regresso do clube aos títulos.
Com a chegada de Dorival Yustrich em 1955, o FC Porto acabaria por pôr termo a um jejum que durava há 16 anos. Mesmo não sendo visto pelo técnico brasileiro como um dos titulares absolutos, Carlos Duarte manter-se-ia como um dos elementos mais importantes no seio do grupo de trabalho. A sua relevância, que conservaria o seu nome no “onze” tipo, haveria de ser fulcral na conquista da “dobradinha” de 1955/56. Com a vitória no Campeonato, a temporada seguinte daria a oportunidade ao extremo de participar pela primeira vez nas competições organizadas pela UEFA. Aliás, muitos dos principais episódios da carreira do atacante seriam vividos fora de portas.
Também pela selecção, cuja sua estreia, frente à África do Sul, aconteceria em Novembro de 1953, Carlos Duarte viveria ocorrências inolvidáveis. Um desses momentos seria passado num “particular” disputado frente à Inglaterra. Em Wembley, onde Portugal nunca tinha vencido ou marcado, o extremo deixaria a sua marca. Com um total de 7 partidas disputadas com a “camisola das quinas”, seria o mítico estádio londrino a apadrinhar o seu único golo concretizado pelo nosso país. Mesmo não tendo evitado a derrota lusa, a exibição do atacante não passaria despercebida. Com os diversos meios de comunicação a louvar a sua prestação, o atleta, nesse embate de Maio de 1958, terminaria o jogo como um dos melhores em campo.
As duas temporadas que açambarcariam o ano civil de 1958, acabariam por transformar-se num período de grande importância para Carlos Duarte. Para além dos troféus ganhos, nos quais ficariam listados a vitória na Taça de Portugal de 1957/58 e no Campeonato Nacional da campanha seguinte, surgiria o interesse de um dos “gigantes” do futebol mundial. Na pausa estival entre as referidas épocas, o AC Milan haveria de sugerir a transferência do avançado para o “calcio”. Contudo, as centenas de contos apresentadas pelo emblema italiano acabariam por não impressionar as hostes portistas. Com a saída de Jaburú a ser equacionada, o Presidente Paulo Pombo, prevendo uma excessiva delapidação do plantel, recusaria a proposta. Para o extremo, que aceitaria a decisão directiva, a hipótese de jogar no estrangeiro esfumar-se-ia.
No começo da temporada de 1959/60, Carlos Duarte lesionar-se-ia com gravidade. O recobro, resultante da cirurgia ao joelho, afastaria o atleta das competições. Durante quase um ano, o extremo ver-se-ia na impossibilidade de dar o seu contributo à equipa. Dir-se-ia que no regresso à actividade competitiva, a sua habilidade, que a tantos tinha impressionado, havia ficado diluída na recuperação. Ainda assim, a sua presença em campo era tida como de vital importância e, nos anos vindouros, a inscrição do seu nome nas fichas de jogo manter-se-ia constante.
Mesmo tendo perdido alguma habilidade física, Carlos Duarte ainda manteria a sua ligação ao FC Porto durante alguns anos. No final da temporada de 1963/64, a separação, tantas vezes alvitrada, consumar-se-ia. Todavia, o fim da ligação entre os “Dragões” e o atleta acabaria por não significar o fim da carreira do extremo. O Leixões abrir-lhe-ia as portas e no emblema de Matosinhos encerraria um ciclo que, na sua vida desportiva, congregaria um total de 12 temporadas disputadas no patamar maior do futebol português.

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