1024 - BARRINHA

Das escolas do Belenenses, seria ainda em idade de formação que Barrinha começaria a dar nas vistas. O merecido destaque, antes ainda de ser promovido ao patamar sénior, levá-lo-ia a representar, em 1974, a selecção portuguesa no Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Curiosamente, e sendo uma das grandes promessas do emblema do Restelo, aquando da eventual transição para a equipa principal, o jovem jogador acabaria por sair do clube.
A estreia como sénior dar-se-ia, então, com as cores do União de Tomar. A temporada de 1974/75 representaria, não só a transição de escalão, como o começo da sua caminhada no patamar máximo do futebol português. Nos nabantinos, o médio-defensivo, ou defesa de posições centrais, jogaria 4 temporadas (mais uma no fim da carreira). Sendo as 2 iniciais na 1ª divisão, as 2 últimas acabariam por ter um elã especial. A razão? Uma só: a presença de António Simões e Eusébio.
A presença de tamanhas “estrelas” serviria para preservar uma série de memórias. Os campos cheios de gente, os treinos e ensinamentos dos craques, ajudariam a dar outra cor a esses anos passados na cidade de Tomar. No entanto, e numa altura em que a Barrinha já tinha sido entregue o desígnio de capitanear os seus colegas, surge então um dos mais impares momentos aí vividos – “Deram-me a braçadeira porque tinha havido zangas e o Faustino já não queria ser capitão(…). Era eu quem tinha mais anos de balneário(…). Quando o Sr. António Simões chegou, fui dar-lhe a braçadeira. Ele ficou bastante sensibilizado e colocou-me à vontade para continuar. Era o que faltava! Então ele era o capitão da Selecção Nacional e não havia de ser aqui do União?!”*.
Com o União de Tomar incapaz de voltar ao escalão principal, Barrinha haveria de tentar a sua sorte por outros canais. A passagem pelo Juventude de Évora em 1978/79, serviria de montra para que, logo no ano seguinte, o objectivo primodivisionário fosse alcançado. A oportunidade surgiria, no entanto, com o interesse da União de Leiria. Curta seria também a sua experiência nas margens do Rio Lis, pois a campanha seguinte apresentar-lhe-ia um dos maiores desafios do seu percurso profissional.
A boa temporada feita nos leirienses serviria, acima de tudo, para promover Barrinha como um jogador de topo. Como tal, a sua entrada no Vitória de Guimarães acabaria por trazer bons resultados. Conseguindo afirmar-se, ao longo de 4 épocas, como uma das principais figuras do plantel minhoto, o atleta elevaria também o seu nome a um dos históricos do Campeonato Nacional. Sendo um dos pilares na luta colectiva pelas posições cimeiras na tabela classificativa, a participação na Taça UEFA tornar-se-ia num justo prémio para as suas exibições.
Mesmo com a entrada na fase final da carreira, Barrinha, muito mais do que conseguir permanecer no escalão máximo, haveria de manter os seus índices exibicionais a um bom nível. Perto de entrar na casa dos 30, seria no Vitória de Setúbal que daria seguimento ao seu percurso. No entanto, a despromoção dos sadinos em 1985/86 também precipitaria o ocaso da carreira do atleta. Os regressos à União de Leiria e União de Tomar marcariam, desse modo, o fim da sua vida competitiva. Após “pendurar as chuteiras”, o antigo jogador ainda teria uma curta experiência como técnico. Respondendo ao chamamento do emblema da “Cidade dos Templários”, haveria de mostrar, já em 1991/92, os seus dotes de treinador.

*retirado do artigo de António Adão Farias, publicado a 09/05/2018, em https://www.record.pt/

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