1060 - TOTTI

Praticante em clubes mais modestos, Francesco Totti, ainda em idade de formação, começaria a despertar a atenção de emblemas de maior monta. AC Milan e Lazio, para tentarem a sua sorte, chegariam primeiro. Porém, o destino parecia querer ligá-lo ao clube do coração. Não tardaria muito para que o convite, endereçado por um dos responsáveis das “escolas” da AS Roma, surgisse. O jovem avançado anuiria ao desafio e, sem que ninguém ainda adivinhasse, estava dado o passo inicial para o surgimento de uma lenda.
Emergiria de tal forma inequívoco o seu talento que, com apenas 16 anos de idade, Totti seria chamado à estreia na equipa principal da AS Roma. A temporada de 1992/93, dividida entre os juniores e os seniores, transformar-se-ia no maior testemunho do seu rápido crescimento. Precoce, é certo, mas as suas qualidades, por essa altura, eram bem reveladoras de uma maturidade surpreendente. A prova cimentar-se-ia nos anos seguintes, com o atacante, muito mais do que a segurar um lugar no plantel romano, a conseguir mostrar-se como um dos mais brilhantes intérpretes do “calcio”.
À 3ª temporada, a titularidade entregar-se-ia a seus pés como uma rotina. Nem mesmo a presença de craques bem mais experientes, casos de Abel Balbo ou Daniel Fonseca, teriam força para travar tão portentosa ascensão. Outro segredo para a sua afirmação, viria da polivalência. Ao contrário de tantos outros que apenas mostram qualidades em determinadas posições, o rendimento de Totti não estava preso a uma zona específica do campo. Ao mostrar idêntica virtude em diversas funções, o atacante revelar-se-ia igualmente produtivo no centro do ataque, mais descaído para as alas ou a jogar a “10”.
Para aferir ainda mais a sua importância, e numa altura em que já era tido como uma das grandes “estrelas” do conjunto “Giallorossi”, a braçadeira de capitão passaria também a fazer parte da sua indumentária. Porém, sem que alguém conseguisse diminuí-lo por isso, os títulos pareciam tardar a aparecer no seu percurso. Esse estigma desapareceria pouco tempo depois. Numa prova manifesta de investimento, os responsáveis directivos da AS Roma decidiriam reforçar a equipa. Já com Fabio Capello aos comandos, o clube, só no sector ofensivo, passaria a contar com Montella, Delvecchio e, como bandeira maior dessa ambição, com o astro argentino Gabriel Batistuta.
Seria na temporada de 2000/01 que os troféus ganhos pelo clube, passariam também a fazer parte do seu palmarés. A vitória na Serie A glorificaria, ainda mais, uma carreira marcada por belos momentos. Seguir-se-ia, já no ano seguinte, a Supercoppa italiana. Insuficiente? Sem dúvida! Muito pouco para fazer justiça às suas qualidades. Contudo, na cabeça de Totti outros valores haveriam de tomar a dianteira. Defender a camisola do seu coração seria, sem qualquer contestação, um deles. Talvez tivesse tido a oportunidade de representar outros emblemas; talvez tivesse conseguido ingressar em colectividades bem mais prolíferas. A verdade é que o atacante decidiria continuar fiel a AS Roma. Nessa caminhada de 25 anos como sénior, tempo ainda para arrolar outras conquistas, como viria a ser o caso da Coppa de Itália de 2006/07 e, na campanha subsequente, a repetição do triunfo na Taça e a vitória na Supercoppa.
Sem contestação possível, também as cores da selecção nacional enriqueceriam o seu currículo. Depois de um longo percurso nas camadas jovens da “Squadra Azzurra” e de, em 1996, ter ajudado a vencer o Europeu de sub-21, Outubro de 1998 traria ao atacante a primeira internacionalização “A”. Depois dessa partida frente à Suíça, Totti representaria o país por mais 57 vezes. Durante esse percurso, destaque para a sua presença nos mais importantes certames futebolísticos. Chamado para os grandes eventos, o jogador faria parte das convocatórias para o Euro 2000, Euro 2004, Mundial de 2002 e Mundial de 2006. Aliás, seria nesse último torneio que ganharia, quiçá, o troféu mais importante da carreira. Na Alemanha, sob a alçada de Marcello Lippi, destacar-se-ia como um dos mais importantes elementos do grupo. Participaria, quase sempre como titular, em todos os jogos de Itália. Na final, também o seu nome apareceria no “onze” inicial e, desse modo, ajudaria a derrotar a congénere francesa.
Para concluir, e para melhor reflectirmos sobre a sua qualidade, falta fazer referência às distinções individuais. Nesse campo, se na análise incluirmos o contexto colectivo em que Totti ergueu a carreira, então, mais valor conseguiremos atribuir ao trajecto feito por si. Podemos começar pela temporada de 2006/07 e com os prémios de Melhor Marcador da Serie A e, na sequência desse galardão, a conquista da Bota d’Ouro. Já 2000 e 2003 trariam ao avançado a distinção de Jogador do Ano do “Calcio”. Ainda no contexto interno, temos o atacante, em 3 ocasiões, consagrado como o “rei” das assistências. Claro, não posso esquecer-me da sua inclusão no Melhor “Onze” do Euro 2000 e Mundial de 2006. Para terminar, temos ainda as consagrações entregues após o fim da carreira, das quais saliento a sua entrada para o “Hall of Fame” da Federação Italiana e da AS Roma, a atribuição do “UEFA President's Award” ou do “Laureus Academy World Sports Exceptional Achievement Award”.

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