1211 - MÁRIO CARLOS

Ao emergir nas “escolas” do Vitória Futebol Clube, Mário Carlos depressa conseguiria afirmar-se não só como uma grande promessa dos “Sadinos”, mas de todo o desporto nacional. A prova disso mesmo surgiria com as constantes chamadas aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Com a camisola lusa, em Janeiro de 1999, o extremo estrear-se-ia pelos sub-15. Seria, no entanto, ao juntar-se aos sub-16 que alcançaria o primeiro grande troféu. No Campeonato da Europa da categoria, cuja Fase Final seria organizada em Israel, ao lado de Raul Meireles, Hugo Viana, Custódio ou Ricardo Quaresma, o atacante ajudaria a vencer a edição realizada em 2000.
Mantendo-se com um dos nomes habituais nas convocatórias dos diferentes patamares das jovens selecções, onde chegaria até aos sub-21, a sua estreia como sénior encher-se-ia de grandes expectativas. Nessa época de 2002/03, mesmo com o Vitória Futebol Clube, em termos colectivos, a desiludir, a verdade é que o extremo, ao assumir-me como um dos melhores elementos do plantel faria incidir sobre si muitos holofotes. Depois do emblema setubalense não conseguir mais do que a última posição da tabela classificativa, Mário Carlos evitaria a descida ao 2º escalão. Com os ingleses do Wolverhampton Wanderers também na corrida pela sua contratação, seria a Madeira, com uma promessa à mistura, que acabaria como o destino do atacante – “Nessa altura falava-se muito que eu seria o sucessor do Quaresma no Sporting (…). O meu empresário era o Jorge Mendes, que nesse verão de 2003 meteu o Ronaldo no Manchester United e o Quaresma no Barcelona. A mim disse-me: «Vais para o Nacional que eu em dezembro ou no final da época meto-te no Sporting»”*.
Porém, apesar de um início de época auspicioso, várias lesões fá-lo-iam perder o lugar no “onze” e transformar aquilo que poderia ter sido uma rampa, numa temporada, em termos pessoais, algo frustrante. Seguir-se-ia a União de Leira e mais um episódio curioso. Depois de, no começo da temporada 2004/05, ter chegado à final da Taça Intertoto, o último dia antes do fecho do “mercado” de transferências, surpreendentemente, veria Mário Carlos ser “emprestado” ao Sporting de Espinho. Daí em diante, o percurso do jogador entraria num périplo um tanto errante. Barreirense, os romenos do Farul, o regresso à 1ª divisão e ao Vitória de Setúbal e os espanhóis do Zamora antecederiam a sua aposta na liga cipriota.
No Alki Lanarca de 2007/08 encontrar-se-ia com vários nomes conhecidos do futebol português e com um contexto, pelo menos em termos financeiros, simpático. Ao lado de Clayton, Elpídio Silva, Chaínho, entre outros, Mário Carlos voltaria a dar bons sinais desportivos. Todavia, a mudança de clubes e a crise financeira em que o país haveria de entrar, fariam com que o aspecto monetário deixasse de ser assim tão atractivo. Nesse sentido, após a passagem pelo Ermis Aradippou, a sua entrada no Chalkanoras Idaliou levá-lo-ia a ter que enfrentar vários meses de salários em atraso. Com o agravar da situação e já desiludido com o “universo” do futebol, o extremo tomaria uma decisão radical e, com apenas 29 anos, decidiria que a temporada de 2011/12 haveria de ser a sua última como praticante profissional.
De seguida mudar-se-ia para Inglaterra. Afastado da modalidade que o tinha acompanhado a vida toda, agarraria a oportunidade para trabalhar num armazém, a descarregar contentores. No desporto, voltaria a competir. Apaixonar-se-ia pelo Thai Boxe, mas as lesões, depois de ter atingido o 12º posto do “ranking” britânico, levá-lo-ia a desistir dos combates. Cambiaria de profissão e também de modalidade, agarrando-se às tarefas de Segurança e ao Culturismo. Finalmente, mais uma mudança e a oportunidade conseguida como condutor de camiões TIR.

*retirado da entrevista conduzida por Vítor Hugo Alvarenga, publicada a 12/12/2019, em https://maisfutebol.iol.pt

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