Com alguns anos de carreira sénior e passagens pelos Estudantes de Timbaúba ou Ypiranga, seria como atleta do Sport Recife que Eric Freire Gomes, mais conhecido no mundo do desporto por Gaúcho, chamaria a atenção do Estrela da Amadora. Em abono da verdade, o ponta-de-lança já anteriormente tinha despertado a cobiça de outra colectividade portuguesa – “Antes de eu vir para Portugal, eu estive – muitas pessoas não conhecem essa história – eu estive no FC Famalicão, à experiência. Passei lá uns 15 ou 16 dias, mas o treinador, o Francisco Vital, ele falou para mim que não ia ficar comigo porque eu não era um ponta-de-lança «trombador»”*
Decorrido o episódio aludido no parágrafo anterior, o avançado, inicialmente por empréstimo, chegaria ao Estrela da Amadora para reforçar o plantel de 1996/97. Com 23 anos de idade, e depois de ter trabalhado com a equipa do Sport Recife que, em 1996, acabaria por vencer o “Estadual” Pernambucano, a sua entrada no contexto competitivo português viria acompanhada de fortes expectativas. Mesmo tendo em conta a falta de um físico impressionante, Gaúcho não desiludiria. Astuto e ágil, o atacante confirmar-se-ia como um goleador nato. Logo na temporada de entrada no Campeonato Nacional, os 16 golos por si concretizados levá-lo-ia ao 3º posto da tabela dos Melhores Marcadores. Curiosamente, as épocas seguintes desenrolar-se-iam de forma mais discreta e uma certa incompatibilidade com o treinador, levariam o jogador a uma passagem pelos espanhóis do Ourense – “(…) quando o Jorge Jesus assumiu o Estrela da Amadora, então eu não concordava muito do jeito, do estilo dele trabalhar, de «descomunicar», sabe? Então foi um choque muito grande, do jeito dele falar com os jogadores, eu não aceitava, não dava para mim e também nunca falou comigo como falava com outros jogadores, com todo o respeito. Então aquilo foi um choque muito grande e eu, cheguei a um momento que falei com o presidente para arranjar um clube para mim(…)”*.
Meia temporada depois, Gaúcho retornaria ao emblema da “Linha de Sintra”. Voltaria para uma campanha de 1999/00, em muitos aspectos, brilhante. Com 21 remates certeiros, o atleta, mais uma vez, subiria ao 3º posto do pódio dos goleadores do Campeonato e regressaria ao “radar” de um dos “grandes” do futebol luso – “No primeiro ano no Estrela falava-se do Sporting, o presidente acertou tudo verbalmente, mas não saí. No segundo, quando o Nelo Vingada era adjunto do Souness, estive perto do Benfica, só que, uma semana depois de me contactarem, foi despedida a equipa técnica. A terceira vez foi quando marquei 21 golos. Ia para o Porto se o Fernando Santos não metesse um travão. Não quis levar mais jogadores do Estrela, além do Jorge Andrade e do Chainho”**.
A mudança de emblema surgiria em 2001/02 e na direcção da Ilha da Madeira. No Marítimo, depois de, pelo Estrela da Amadora ter participado na edição de 1998/99 da Taça Intertoto, Gaúcho entraria nos “Verde-rubros” numa campanha de Taça UEFA. Ao repetir as “performances” de anos anteriores, o avançado brindarias as provas, agendadas nesse primeiro ano no Funchal e nos seguintes, com mais um alargado rol de golos. Aferido pelos números faustosos dos seus desempenhos, o avançado conservar-se-ia como um dos melhores intérpretes a actuar em Portugal e o ano de 2004 haveria de trazer à sua caminhada a aventura nos sul-coreanos do Busan i.Cons.
Já com a barreira dos 30 anos de idade ultrapassada, na temporada de 2004/05, mais uma vez, voltaria a Portugal e ao serviço do Rio Ave enfrentaria mais duas temporadas de 1ª divisão. Seria ao serviço do emblema de Vila do Conde que Gaúcho superaria a marca dos 100 golos no escalão máximo. Seguir-se-iam, já a disputar os patamares secundários, Feirense, Beira-Mar, Moreirense e o regresso ao Brasil, com a ideia de já não retornar às actividades de futebolista. No entanto, Nivaldo, antigo jogador com passagens pelo Benfica, Vitória de Guimarães e Portimonense, conseguiria convencer o atleta a vestir a camisola do Santa Cruz, com a qual, em 2009, venceria a Copa Pernambuco e sagrar-se-ia no Melhor Marcador da prova.
Depois de retirado, Gaúcho repartiria o seu tempo em diversas actividades. Para além da criação de uma empresa de transportes, ainda no Brasil ficaria ligado à fundação de uma “escola” de futebol e, à abertura de um salão de cabeleireiro. Ao mudar a residência para Santa Maria da Feira, o antigo futebolista voltaria a investir noutro salão. Daria também mais alguns passos na carreira de treinador e acrescentaria ao currículo experiências a orientar o União de Lamas “b” e a Associação Desportiva Escolinha Rui Dolores.
*retirado da entrevista conduzida por Afonso Viana Santos, publicada em https://bolanarede.pt, a 14 de Março de 2022
**retirado da entrevista conduzida por Matilde Rocha Dias, publicada https://www.publico.pt, a 18/03/2006
Decorrido o episódio aludido no parágrafo anterior, o avançado, inicialmente por empréstimo, chegaria ao Estrela da Amadora para reforçar o plantel de 1996/97. Com 23 anos de idade, e depois de ter trabalhado com a equipa do Sport Recife que, em 1996, acabaria por vencer o “Estadual” Pernambucano, a sua entrada no contexto competitivo português viria acompanhada de fortes expectativas. Mesmo tendo em conta a falta de um físico impressionante, Gaúcho não desiludiria. Astuto e ágil, o atacante confirmar-se-ia como um goleador nato. Logo na temporada de entrada no Campeonato Nacional, os 16 golos por si concretizados levá-lo-ia ao 3º posto da tabela dos Melhores Marcadores. Curiosamente, as épocas seguintes desenrolar-se-iam de forma mais discreta e uma certa incompatibilidade com o treinador, levariam o jogador a uma passagem pelos espanhóis do Ourense – “(…) quando o Jorge Jesus assumiu o Estrela da Amadora, então eu não concordava muito do jeito, do estilo dele trabalhar, de «descomunicar», sabe? Então foi um choque muito grande, do jeito dele falar com os jogadores, eu não aceitava, não dava para mim e também nunca falou comigo como falava com outros jogadores, com todo o respeito. Então aquilo foi um choque muito grande e eu, cheguei a um momento que falei com o presidente para arranjar um clube para mim(…)”*.
Meia temporada depois, Gaúcho retornaria ao emblema da “Linha de Sintra”. Voltaria para uma campanha de 1999/00, em muitos aspectos, brilhante. Com 21 remates certeiros, o atleta, mais uma vez, subiria ao 3º posto do pódio dos goleadores do Campeonato e regressaria ao “radar” de um dos “grandes” do futebol luso – “No primeiro ano no Estrela falava-se do Sporting, o presidente acertou tudo verbalmente, mas não saí. No segundo, quando o Nelo Vingada era adjunto do Souness, estive perto do Benfica, só que, uma semana depois de me contactarem, foi despedida a equipa técnica. A terceira vez foi quando marquei 21 golos. Ia para o Porto se o Fernando Santos não metesse um travão. Não quis levar mais jogadores do Estrela, além do Jorge Andrade e do Chainho”**.
A mudança de emblema surgiria em 2001/02 e na direcção da Ilha da Madeira. No Marítimo, depois de, pelo Estrela da Amadora ter participado na edição de 1998/99 da Taça Intertoto, Gaúcho entraria nos “Verde-rubros” numa campanha de Taça UEFA. Ao repetir as “performances” de anos anteriores, o avançado brindarias as provas, agendadas nesse primeiro ano no Funchal e nos seguintes, com mais um alargado rol de golos. Aferido pelos números faustosos dos seus desempenhos, o avançado conservar-se-ia como um dos melhores intérpretes a actuar em Portugal e o ano de 2004 haveria de trazer à sua caminhada a aventura nos sul-coreanos do Busan i.Cons.
Já com a barreira dos 30 anos de idade ultrapassada, na temporada de 2004/05, mais uma vez, voltaria a Portugal e ao serviço do Rio Ave enfrentaria mais duas temporadas de 1ª divisão. Seria ao serviço do emblema de Vila do Conde que Gaúcho superaria a marca dos 100 golos no escalão máximo. Seguir-se-iam, já a disputar os patamares secundários, Feirense, Beira-Mar, Moreirense e o regresso ao Brasil, com a ideia de já não retornar às actividades de futebolista. No entanto, Nivaldo, antigo jogador com passagens pelo Benfica, Vitória de Guimarães e Portimonense, conseguiria convencer o atleta a vestir a camisola do Santa Cruz, com a qual, em 2009, venceria a Copa Pernambuco e sagrar-se-ia no Melhor Marcador da prova.
Depois de retirado, Gaúcho repartiria o seu tempo em diversas actividades. Para além da criação de uma empresa de transportes, ainda no Brasil ficaria ligado à fundação de uma “escola” de futebol e, à abertura de um salão de cabeleireiro. Ao mudar a residência para Santa Maria da Feira, o antigo futebolista voltaria a investir noutro salão. Daria também mais alguns passos na carreira de treinador e acrescentaria ao currículo experiências a orientar o União de Lamas “b” e a Associação Desportiva Escolinha Rui Dolores.
*retirado da entrevista conduzida por Afonso Viana Santos, publicada em https://bolanarede.pt, a 14 de Março de 2022
**retirado da entrevista conduzida por Matilde Rocha Dias, publicada https://www.publico.pt, a 18/03/2006
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