1261 - CELSO

Sem que tenha apurado qualquer informação sobre a proveniência desportiva do atleta nascido no Brasil (1), a chegada de Celso ao Boavista dar-se-ia na temporada de 1969/70 e já com o médio a rondar os 22 anos de idade. Logo nessa campanha de entrada no Bessa, resultado também do traquejo acumulado pelo jogador no trajecto até aí trilhado, a frequência com que apareceria em campo aferi-lo-ia como um dos bons intérpretes a actuar em Portugal. Com a estreia no Campeonato Nacional a acontecer pela mão do treinador António Gama, a sua presença na grande maioria das jornadas agendadas para a prova, justificar-se-ia pela maneira aguerrida com que o “trinco” enfrentava todas as pelejas.
Titular na primeira época com os “Axadrezados” e ao conservar-se, nas duas campanhas seguintes, como um dos elementos com presença garantida no “onze” inicial, Celso começaria a puxar para si a atenção de outros emblemas. A mudança para o FC Porto de 1972/73, orientado pelo chileno Fernando Riera, transformar-se-ia no principal sinal dessa valorização. Sob a alçada do referido técnico, o médio-defensivo manteria a preponderância que tinha dado bom-nome à sua fama e acabaria por tornar-se numa das estrelas da caminhada onde os “Dragões”, na disputa da Taça UEFA, eliminariam o Barcelona.
Contudo, com as suas prestações a indicar um futuro brilhante, a verdade é que a contratação de Béla Guttmann, no ano seguinte ao da sua chegada às “Antas”, iria inverter-lhe o caminho. Curiosamente, o regresso ao Estádio do Bessa apresentá-lo-ia a uma das figuras com maior importância no desenrolar da sua carreira. Com José Maria Pedroto como treinador, Celso faria parte dos planteis que, nas temporadas de 1974/75 e de 1975/76, para além de terminarem o Campeonato Nacional nas posições cimeiras da tabela classificativa, venceriam pelo Boavista duas edições da Taça de Portugal.
Após a final disputada frente ao Vitória Sport Clube, ao repetir a presença do ano anterior no derradeiro jogo da prova, o médio, mais uma vez, mudaria de rumo. Com o regresso de José Maria Pedroto ao comando dos “Dragões”, também o centrocampista voltaria a equipar de azul e branco. Todavia, ao contrário da primeira passagem, o jogador, dessa feita, conseguiria rechear o currículo com títulos. Ao manter-se como elemento fulcral do desenho táctico, o atleta ajudaria a entregar aos escaparates do FC Porto a Taça de Portugal de 1976/77 e, pondo fim a um jejum de 19 anos, em muito contribuiria para a conquista do Campeonato Nacional de 1977/78.
Com essas duas épocas a assumirem-se, provavelmente, como o pico da sua caminhada desportiva, também da equipa nacional portuguesa surgiria uma oportunidade. Já com passaporte luso e com José Maria Pedroto no cargo de seleccionador, o atleta seria chamado à estreia com a “camisola das quinas”. A 16 de Outubro de 1976, depois de David Júlio e de Lúcio, Celso tornar-se-ia no 3º atleta naturalizado a representar Portugal. Após essa partida frente à Polónia, o médio seria ainda chamado a jogo por mais duas vezes, contabilizando um total de 3 internacionalizações “A”.
A terceira passagem pelo Boavista aconteceria na temporada de 1978/79. Porém, se na resposta aos objectivos lançados ao colectivo, o grupo sob a batuta de Jimmy Hagan conseguiria vencer a Taça de Portugal, já em termos pessoais, a aludida campanha ficaria marcada por uma grave lesão e pelo longo afastamento do atleta.
Em jeito de remate, tal como para o início da sua carreira, também a conclusão da caminhada de Celso enquanto futebolista, ao não conseguir amealhar informações conclusivas, tornou-se, aos meus olhos, num verdadeiro mistério (1). Sem obter qualquer confirmação que permita dizer os dados como irrefutáveis, há quem assevere o regresso do médio ao Brasil para, em 1980, vestir as cores do Goiás. Por outro lado, certa foi a viagem de volta a Portugal e que levaria o antigo jogador a tentar a sorte como treinador. Como o hábito acabou por ditar a esta singela biografia, sem granjear de grandes esclarecimentos, sei apenas que uma das suas experiências como técnico terá sido ao serviço do portuense FC da Foz.
 
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5 comentários:

Unknown disse...

O meu falecido pai nunca saiu de Portugal, antes da lesão ao joelho o meu pai esteve a um pé e meio do Sporting, só não se viria a consumar devido a lesão do joelho, foi essa mesma lesão que após recuperação e na época a seguir que nos exames médicos se descobriu um problema no coração e que tinha de deixar de jogar o mais rápido possível... Até hoje nunca se soube ao certo qual era o problema, mas a probabilidade maior seria um possível vírus que apanhou nas praias do Brasil...
O meu pai andou em todo o lado a tentar procurar ajuda, Coimbra porto Lisboa, brasil, estados unidos, e ninguém sabia o que causava o problema no coração ao certo... Parou de jogar se não me engano com 28/29 anos. Depois disso foi treinador, no foz, gafanha da Nazaré, no Boavista, aliás treinou a geração de ouro do boavista da cantera, João Pinto, litos, ente outros muito conhecidos, mas que não me recordo, foi adjunto do alves na equipa principal... Quando tudo indicava que ia assumir essa mesma equipa o major preferiu apostar no Filipeovic... Após isso andou em mais clubes mas nunca clubes de primeira, a sua saúde não ajudava.... Obrigado, pela explicação de quem era o meu pai que foi das mais completas que vi... Obrigado ❤️

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Bom dia,

Obrigado pela sua participação. Então, não é verdade que o seu pai tenha jogado pelo Goiás?
Sem querer aborrecê-lo muito, lembra-se da carreira do seu pai, antes da chegada ao Boavista?

Forte Abraço,

Bruno Vitória

Celso Matos (filho) disse...

nunca foi pro Goiás... Acabou no Boavista com rescisão de contrato pelo Boavista após saberem que não podia jogar mais , foi logo descartado o meu pai pela Boavista nessa época que entrava...antes disso o meu pai jogava no Vasco da Gama, a formação dele vinha do futebol de salão nas camadas jovens e em junior transitou pra futebol de 11.... Penso que foi assim, que depois veio pro Boavista jogar e estudar desporto ao mesmo tempo... Veio ele e o Alexandre ao mêsmo tempo.. aliás, ele tinha mestrado em desporto o meu pai

por Celso Matos (filho) - comentário retirado do Facebook a 15/09/2022

Vítor Oliveira disse...

Boa tarde! Ninguém consegue saber a data de seu falecimento?
Obrigado cumprimentos.

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Boa noite amigo Vítor.

Não sei responder a essa questão. No entanto, nas redes sociais poderá encontrar o filho, que será a pessoa mais indicada para responder a essa questão. Vou tentar encontrar o grupo de onde tirei a troca de mensagens que transcrevi para aqui.

Cumprimentos,

Bruno Vitória