1330 - BARRIGANA

Ainda em idade adolescente, Frederico Barrigana haveria de ingressar no Unidos do Montijo. Dizem que terá experimentado várias posições, mas o maior destaque viria a merecê-lo com as exibições à baliza. Dono de um bom físico e destemido como só os da sua posição sabem sê-lo, o jovem guarda-redes acabaria por chamar a atenção de uma das maiores equipas da capital. No entanto, a mudança para o Sporting Clube de Portugal, como reforço do plantel de 1942/43, reduziria o jogador a uma escolha secundária. Com Azevedo a ocupar a titularidade e com o grupo de trabalho a contar ainda com os préstimos de João Dores, o atleta veria o treinador Joseph Szabo a empurrá-lo para as “Reservas”.
Um ano após a mudança da Margem Sul para Lisboa, um episódio curioso viria a mudar radicalmente o destino desportivo do guarda-redes. Mais a Norte, o misterioso desaparecimento de Béla Andrasik, mais tarde revelado como um espião a trabalhar para os ingleses, faria com que os dirigentes do FC Porto lançassem um repto urgente aos directores leoninos para que cedessem um dos seus guardiões menos utilizados. Sem grandes hipóteses nos “Leões”, Barrigana acabaria por ser o escolhido e aceite o novo desafio, viajaria para a “Cidade Invicta”.
A entrada no FC Porto levá-lo-ia à estreia na 1ª divisão. Rapidamente conseguiria um lugar de destaque no plantel “azul e branco” e pouco tempo depois da sua chegada ao emblema nortenho, já era um dos nomes habituais no “onze” dos “Dragões”. O estatuto de titular mantê-lo-ia durante a dúzia de anos em que vestiria a camisola portista. Pelo meio, o brilhantismo de uma carreira internacional em que, ironicamente, viria a destronar o sportinguista Azevedo. Nesse campo, a estreia pela selecção principal, já depois de uma partida pelo conjunto “B” luso, surgiria a 21 de Março de 1948. A esse desafio frente a Espanha, orientado por Virgílio Paula, seguir-se-iam mais 11 presenças. Todavia, nessa caminhada, um jogo destacar-se-ia dos demais e uma das pelejas frente a França, levaria um jornalista a apelidar o segundo guardião a representar Portugal na história portista, como o “Mãos de Ferro”.
Mesmo com a ligação ao FC Porto a chegar ao final com o termo da temporada de 1955/56, a fidelidade do jogador para com o clube levá-lo-ia, bem no auge da carreira, a recusar um convite bem tentador feito pelos responsáveis dos brasileiros do Vasco da Gama. Ainda assim a união com os “Azuis e Brancos”, tal como destapado no início do parágrafo, conheceria o fim. Seguir-se-iam 3 campanhas a envergar as cores do Salgueiros, inicialmente a esgrimir-se no 2º escalão do Campeonato Nacional e após a subida, na disputa da 1ª divisão de 1957/58.
Após deixar a guarda das redes, Barrigana teria ainda algumas experiências como treinador, caminhada na qual também faria parte de equipas técnicas do FC Porto.

2 comentários:

José Carlos Ferreira disse...

Falta o Académico de Viseu: https://a-magia-do-futebol.blogspot.com/2015/04/recordar-barrigana.html

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

José Carlos Ferreira, muito obrigado pela contribuição. Não conhecia a passagem do Barrigana pelo Académico de Viseu.