1364 - MARINHO PERES

Ainda adolescente, destacar-se-ia, a disputar a divisão maior do “Paulistão”, no São Bento de Sorocaba. Tido como um defesa-central inteligente, seguro, forte fisicamente, com boa capacidade aérea e com uma enorme facilidade em interpretar o jogo, o jovem praticante depressa começaria a gerar cobiça entre emblemas de maior monta. Numa senda futebolística francamente ascendente, mesmo com a mudança para a capital estadual, Marinho Peres nunca descoraria os estudos, acabando por formar-se em Economia. Nos “gramados”, como acabei por destapar na frase anterior, seguiria atrás da mudança do seu treinador Wilson Francisco Alves que, já aos comandos da Portuguesa dos Desportos, indicaria a sua contratação. Apresentado como reforço da “Lusa” para a temporada de 1967, a sua evolução, ao lado de futuras estrelas como Leivinha ou Zé Maria, logo apontaria para outros voos e a estreia com a “Canarinha”, pelo mão de Aimoré Moreira, aconteceria frente ao Peru, em Julho de 1968.
Manter-se-ia como um dos grandes esteios da Portuguesa durante várias campanhas. No entanto, não seria só pelas 6 temporadas a vestir de “verde-rubro” que o defesa ficaria na história do emblema paulista. A 9 de Janeiro de 1972, o Benfica seria a equipa convidada para a festa de inauguração do novo recinto do clube, o Estádio da Independência, popularizado como “Canindé”. Mesmo com a partida a cifrar-se numa derrota doméstica por 3-1, o golo concretizado pelos da casa, na transformação de uma grande penalidade, seria da autoria de Marinho Peres que, desse modo, vincaria a importância do seu nome nos anais da colectividade brasileira.
Curiosamente, seria a busca por um bode expiatório a levar o jogar a mudar de camisola. Na procura de justificar os maus resultados do clube, o Presidente da Portuguesa acabaria por ordenar o afastamento de Marinho Peres, juntamente com outros 5 colegas. Contudo, com a cotação em alta, o defesa depressa veria surgir no seu encalço outros emblemas e a corrida pelo seu concurso viria a ser ganha pelo Santos. A partir da temporada de 1973, o atleta passaria a partilhar o balneário com Lima, Jair, Edu, Carlos Alberto, Clodoaldo ou o astro Pelé. Logo nessa época de estreia pelo “Peixe”, como um dos titulares da equipa, ajudaria a vencer o Campeonato Estadual. Entretanto, com o reconhecimento ganho com a transferência, a selecção brasileira cimentar-se-ia na caminhada desportiva do jogador e a convocatória para o Mundial de 1974 chegaria como um dos maiores prémios da sua carreira.
No certame disputado na Alemanha Federal, chamado por Mário Zagallo, Marinho Peres, com a competição a meio, passaria a envergar a braçadeira de capitão. Ainda assim, a confiança do treinador não ficaria só pela entrega da faixa à intendência do seu braço. No que diz respeito ao tempo passado em campo, o defesa conseguiria ser um dos elementos do “Escrete” que jogaria todos os minutos. Num total de 7 partidas disputadas, o atleta seria uma das principais figuras do 4º lugar conquistado. No entanto, mesmo com o Brasil a cotar-se abaixo das probabilidades arroladas na projecção do Mundial, as defraudadas espectativas não beliscariam a cotação do “zagueiro” e a nova mudança de rumo seria a melhor prova disso mesmo.
Impressionado pelas suas exibições, mormente a conseguida frente à Holanda por si orientada no Campeonato do Mundo acima referido, Rinus Michels, aos comandos do FC Barcelona, indicaria o defesa brasileiro como um bom elemento. Numa altura em que o Real Madrid e o Zaragoza já estavam na corrida por Marinho Peres, este seria apresentado como reforço para a temporada de 1974/75. Em Camp Nou, num grupo de trabalho a contar com craques como Neeskens ou Johan Cruyff, o brasileiro não deixaria intimidar-se pela enorme constelação de estrelas. Nos “blaugrana”, o jogador afirmar-se-ia como um dos mais utilizados no “onze”. Todavia, outros problemas surgiriam na sua passagem pela colectividade catalã e à custa da nacionalidade espanhola, herdada dos pais, a chamada ao Serviço Militar Obrigatório fá-lo-ia redesenhar o trajecto competitivo.
Para escapar aos deveres com o exército espanhol, situação que o levaria a fugir de carro para França, Marinho Peres acabaria por regressar ao Brasil e o Internacional de Porto Alegre passaria a ser a sua nova “casa”. Na colectividade sediada no Estado do Rio Grande do Sul, a temporada de 1976 seria sinónimo de um novo êxito e a vitória no Campeonato Brasileiro passaria a figurar no currículo do atleta como a conquista mais vistosa em termos clubísticos. Seguir-se-iam, numa carreira já aproximar dos últimos capítulos, o Palmeiras, o Galícia e o América do Rio.
Seria no emblema “carioca” que Marinho Peres daria os primeiros passos como técnico. Depois surgiria a parceria com o seu antigo “mestre” no Pallestra Itália, o inolvidável Têle Santana. Como adjunto do mítico treinador, passaria vários anos no Médio Oriente, até que a chance de assumir uma equipa surgiria de Portugal. No Vitória Sport Clube, o seu trabalho traria óptimos dividendos e a temporada de 1986/87, depois de atingidos os quartos-de-final da Taça UEFA, terminaria com o emblema vimaranense no 3º lugar do Campeonato Nacional. Na campanha seguinte assinaria contrato com o Belenenses e, tal como tinha acontecido no Minho, os resultados seriam glorificantes, com o triunfo na edição de 1987/88 da Taça de Portugal a assumir-se como o pináculo da ligação aos “Azuis”.
A partir dessa experiência em terras lusas, Marinho Peres, acarinhado pelo seu sorriso e amabilidade, viria a dividir a caminhada profissional entre Portugal e o Brasil. Com passagens por emblemas como Santos, Guarani, Botafogo e Portuguesa, no nosso país ainda regressaria ao Vitória Sport Clube e ao Belenenses. Nessa senda, orientaria também o Marítimo e o Sporting. Em Alvalade, o destaque viria com a Taça UEFA de 1990/91, onde os “Leões” atingiriam as meias-finais. Para terminar, é impossível não referir a sua importância no lançamento da brilhante carreira de Luís Figo.

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