1380 - TIMOFTE


Depois de, nos primeiros anos como sénior, representar, nas divisões inferiores do futebol romeno, o Minerul Anina e o CSM Resita, Ion Timofte conseguiria chegar ao escalão máximo do seu país. Integrado no Poli Timisoara a partir da temporada de 1989/90, o atleta confirmaria todas as características que, já por essa altura, faziam dele uma grande promessa. Ao sublinhar-se como um intérprete de excepcionais dotes técnicos, enorme visão de jogo e dotado de um pé canhoto exímio nos passes e nos remates de longa distância, o jogador ajudaria a empurrar o seu emblema para as posições cimeiras do Campeonato e, por consequência, até às provas continentais. Nesse contexto competitivo, o destaque iria para a edição de 1990/91 da Taça UEFA e, após o afastamento do Atlético de Madrid na primeira ronda, para o embate frente ao Sporting. Tal como na eliminatória frente aos “Colchoneros”, o médio-ofensivo marcaria presença em ambas as partidas. Contudo, com uma pesada derrota em Alvalade (7-0), a sorte já não voltaria a sorrir aos “Banatenii”.
Seria ainda como atleta do Poli Timisoara, que Timofte chegaria aos planos da principal selecção do seu país. Chamado por Mircea Radulescu à Fase de Qualificação para o Euro 92, o embate frente à Suíça serviria de estreia para o médio-ofensivo. A ligação às cores romenas prolongar-se-ia por mais alguns anos, com o jogador a acumular um total de 10 internacionalizações “A”, mas com a desilusão de não ter estado no Campeonato do Mundo de 94 e no Europeu realizado em Inglaterra – “Tenho de ser honesto e dizer que a Roménia tinha uma grandíssima equipa. Todos os convocados tinham uma qualidade tremenda. Não digo que seria titular indiscutível, mas vinha de três temporadas de muito bom nível no FC Porto e merecia indiscutivelmente pelo menos estar nos convocados (…). Apenas soube que não ia ao Mundial quando a lista de convocados foi tornada pública. E aceitei, que remédio. Não tive problemas com o senhor Iordanescu. Aliás, depois do Mundial ainda fui chamado para três mais jogos e acho que só não fui ao Euro 96 porque parti a perna num Boavista-Campomaiorense, poucos meses antes”*.
Em termos clubísticos, depois do período passado na Roménia, seguir-se-ia o FC Porto. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1991/92, nos 3 anos passados com os “Azuis e Brancos”, sempre por empréstimo do Poli Timisoara, Timofte assumir-se-ia como um dos atletas mais importantes nas manobras tácticas dos diferentes treinadores. Primeiro com Carlos Alberto Silva e, na última campanha, sob a alçada de Tomislav Ivic e, posteriormente, orientado por Bobby Robson, o médio, com números de enorme valor, constituir-se-ia como um dos grandes pilares da conquista de 2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças.
 Ao manter-se, durante o tempo cumprido nas Antas, com um dos titulares dos “Dragões”, a sua saída acabaria por surpreender a maioria os adeptos. Com a indefinição do FC Porto relativa à sua contratação, a verdade é que seria outro emblema da “Cidade Invicta” a adiantar-se na corrida – “Já me estava a preparar para jogar num clube em França. Entretanto, por coincidência, o meu melhor amigo fora do futebol cruzou-se com o treinador Manuel José e disse-lhe que eu ia sair do FC Porto. E que era um jogador livre (…). Meia-hora depois, o major Valentim telefonou-me e marcou uma reunião comigo (…). Estava lá ele, o João Loureiro e o engenheiro Sebastião Fernandes. Cheguei, o major quase não me deixou falar, chegámos facilmente a acordo, tirei uma foto e assinei pelo Boavista. Simples, não? No fundo, o Boavista teve mais vontade do que o FC Porto em ter-me”*.
Apresentado como reforço do Boavista para a temporada de 1994/95, Timofte em nada mudaria no que à sua importância diz respeito. Figura habitual no “onze” dos “Axadrezados”, o internacional romeno tornar-se-ia numa das figuras fulcrais para a ascensão das “Panteras” até ao topo do futebol português. Nessa caminhada, os destaques emergiriam com as duas conquistas sob o comando de Mário Reis: a da Taça de Portugal de 1996/97 e, com um golo seu a ajudar à vitória, o triunfo na Supertaça da época seguinte. É também impossível esquecer a participação do médio nas competições continentais, mormente na “Champions” de 1999/00. Faltou-lhe no currículo, por razão de ter “pendurado as chuteiras” no final da última época mencionada, o título de campeão nacional.

*retirado da entrevista conduzida por Pedro Jorge da Cunha, publicada a 21/06/2018, em https://maisfutebol.iol.pt

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