1390 - RAUL SBARRA

Ao ser promovido à equipa principal dos Estudiantes de La Plata na época de 1930*, Raul Sbarra, nos anos seguintes à da estreia pelos “Los Profesores”, acabaria a partilhar o balneário com nomes que ficariam bem conhecidos no futebol português. Porém, para além da companhia de Horácio Tellechea e de Óscar Tellechea, este último que o acompanharia em várias etapas da vida desportiva, e também a de Alejandro Scopelli, seria a presença de dois dos seus irmãos que, de algum modo, ajudariam a cimentá-lo como uma das figuras do emblema argentino.
Médio-esquerdo, Raul Sbarra, popularizado como “El Colorado”, caracterizar-se-ia por ser um elemento de fibra, incapaz de virar a cara à luta e, a somar aos aludidos predicados, competente a ler o desenrolar das diferentes situações de jogo. Obviamente, para além do que ainda vou contar, houve muito mais na ligação do jogador ao Estudiantes de La Plata. As várias campanhas cumpridas na equipa principal e, acima de tudo, a qualidade dos seus desempenhos, acabariam por ser fulcrais para que conseguisse entrar no coração dos adeptos. No entanto, a curiosidade que ajudaria a sublinhá-lo como um mito, prender-se-ia com a presença dos 3 irmãos Sbarra na mesma ficha de jogo, caso, até então, inédito no contexto profissional do futebol “aliviceleste”. A situação aconteceria já na época de 1935 quando, juntamente com os seus irmãos Delfor e o internacional Roberto, a 5 de Maio do já referido ano e numa partida a contar para a 7ª jornada do Campeonato, o trio entraria em campo frente ao Platense.
Como um dos principais elementos do grupo de trabalho dos Estudiantes de La Plata, Raul Sbarra seria incluído nas diversas digressões feitas, pelo clube, ao estrangeiro. Numa delas, na Europa, as suas exibições seriam de tal ordem satisfatórias que o médio já não regressaria ao país natal. Ao lado de Óscar Tellechea, o centrocampista acabaria por ficar em França e rubricar um contrato com o Sochaux. Depois da época de 1936/37, a de estreia em provas gaulesas, seguir-se-iam, sempre com uma campanha em cada agremiação, o Valenciennes e o Strasbourg. Porém, o rebentar da II Guerra Mundial viria alterar os planos futebolísticos do atleta e, à imagem de outros conterrâneos, casos dos já mencionados Óscar Tellechea, Horácio Tellechea e Scopelli, mas também seguindo o mesmo rumo de Óscar Tarrío e de Ezequiel Tarrío, a procura por um país neutro ao conflito bélico levá-lo-ia até Portugal.
Em terras lusas, Raul Sbarra, mais uma vez com Óscar Tellechea como companheiro de viagem, seguiria até ao norte do país onde, na temporada de 1939/40, passaria a envergar as cores do Académico do Porto. Em Portugal, num percurso bastante difícil de aferir com grande exactidão, haveria outra colectividade que, ao tornar-se no emblema mais representativo da sua experiência nas provas portuguesas, viria colorir o currículo do médio-esquerdo. No Estoril Praia, onde voltaria a partilhar as lides desportivas com o já tantas vezes mencionado Óscar Tellechea, o médio passaria pelo menos 3 temporadas**. Claro que, pelo meio da sua permanência na colectividade sediada na Linha de Cascais, há a destacar a campanha que levaria o clube, pela primeira e única vez na sua história, a disputar a final da Taça de Portugal. Nesse sentido, naquele que seria o derradeiro desafio da edição de 1943/44 da “Prova Rainha”, o atleta acabaria por ser chamado por Augusto Silva para o jogo agendado para as Salésias. Infelizmente para o argentino e para os seus companheiros, o Benfica superiorizar-se-ia e seriam as “Águias” a levar o troféu para casa.
 
*há outras fontes que indicam a época de 1931 como a da subida a sénior
**não encontrei qualquer registo sobre a sua carreira nas temporadas de 1940/41 e 1942/43

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