402 - PIETRA

No Belenenses começaria a carreira deste que foi um dos mais brilhantes laterais do futebol português. Rápido, com a capacidade de correr com a bola controlada, mas sempre de olhos postos no companheiro para quem ia passar a mesma, Pietra depressa começou a brilhar para os lados do Restelo. Por essa razão, ninguém se admirou que, ainda com a "Cruz de Cristo" ao peito, e com 19 anos apenas, o defesa fosse chamado à estreia na selecção nacional. O encontro, marcado para o Estádio de Alvalade, opunha as congéneres de Portugal e Irlanda do Norte, por altura dos jogos de qualificação para Mundial de 1974. E se o 14 de Novembro de 1973 marcaria a sua estreia com a camisola "Lusa", muitos outros encontros houve em que envergaria a mesma. É certo que momentos como esse, os de representar um país, deverão ser os mais apaixonantes para um jogador. Para Pietra, com certeza que o foram também, no entanto, haveria de ser por causa da equipa de Portugal que viveria um dos seus maiores dissabores enquanto atleta. Depois de participar na qualificação de Portugal para o Europeu de 1984, e de nela ser um dos seus pilares, quando todos esperavam ouvir o seu nome como um dos eleitos para estar presente na fase final do torneio, o comité técnico, composto por Toni, José Augusto, Fernando Cabrita e António Morais, decide-se por outros dois. Com isto, Pietra ver-se-ia, estranhamente, ultrapassado pela preferência por Veloso e João Pinto, acabando por nunca viajar para França.
Claro está que a carreira de Pietra não se resume a este episódio. Então, no Verão de 1976, com a chegada ao Benfica de John Mortimore, uma das contratações do clube da "Luz", seria o defesa do Belenenses. Ambidestro, formaria com, o já referido, António Veloso, uma das melhores duplas de laterais do emblema. Foi uma década em que muitos dos sucessos do clube se alicerçariam na qualidade destes dois. Muito a eles (e sejamos justos, a todo um rol de jogadores de incontornável qualidade) se devem os 4 Campeonatos Nacionais, as 5 Taças de Portugal e as duas Supertaças que os "Encarnados" venceriam entre 1976/77 e 1985/86. A segurança defensiva de Pietra, tal como a acutilância como que encarava as ofensivas da equipa, serviriam, e de que maneira, de empurrão para os sucessos conseguidos. Faltou, e nisto todos concordarão, para juntar ao seu excelente currículo, um pequeno prémio - essa Taça UEFA perdida em 1983, frente ao Anderlecht. Ainda assim, o internacional português, foi, é, e será para sempre, uma das figuras mais respeitadas do Benfica, numa relação de mútua admiração entre todos os adeptos e o jogador.
Depois de terminada a carreira nos relvados, Pietra escolheu a vida de técnico. Com passagens por diversos clubes e escalões, onde, a escassas excepções, foi sempre desempenhando a tarefa de treinador-adjunto, é hoje em dia um dos braços-direitos de Jorge Jesus, no Benfica.

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