417 - MARCO AURÉLIO

Depois do América, a mudança de Marco Aurélio para o conjunto, também “carioca”, do Vasco da Gama, faria com que a sua cotação começasse a subir em flecha. No entanto, na chegada, em 1988, à equipa principal dos “cruzmaltinos”, o defesa-central não teria a vida facilitada. Ainda assim, as épocas seguintes mostrariam um cenário diferente, com o jogador a assumir-se como peça importante e um dos obreiros da vitória no Campeonato Brasileiro de 1989.
Bastaria mais uma época para que, do lado oriental do Oceano Atlântico, outros cenários começassem a congeminar-se. Nesse sentido, o União da Madeira e a ideia de vir jogar para a 1ª divisão lusa de 1990/91 até começariam por agradar ao defesa. Porém, aquando da chegada ao Funchal, apercebendo-se que a dimensão do clube era mais modesta do que as expectativas criadas em volta da transferência, Marco Aurélio viria a mostrar algumas reticências em relação à mudança. Apesar de perfeitamente compreensível a dúvida do jogador, principalmente atendendo à grandeza de um emblema como o Vasco da Gama, talvez a ideia de que a colectividade insular acabasse por ser uma boa porta de entrada para o futebol europeu, tivesse ajudado a apaziguar o atleta. A verdade é que a entrega em jogo e, fora dos relvados, a sua simpatia, gentileza e educação serviriam de fortes bases para o seu sucesso desportivo e para facilmente conquistar os adeptos do “União da Bola”.
No cenário competitivo, sem nunca deixar de lado a correcção, o defesa-central portar-se-ia, tal como a alcunha que viria a ganhar alguns anos depois, como um verdadeiro “Imperador”. Categórico na hora de cortar a bola, fisicamente possante, rápido, mas sempre mantendo uma elegância e tranquilidade nem sempre patentes nos praticantes da sua posição, as 4 temporadas na Madeira fariam dele um dos “activos” com melhor cotação nas provas portuguesas. Nessa evolução, já depois de, ao serviço do União, ter chegado a “capitão”, seria por indicação de Carlos Queiroz que surgiria o convite do Sporting. Em Alvalade a partir de 1994/95, a sua época de estreia, pondo fim a um ciclo de 13 anos sem qualquer conquista para os “Leões”, dar-lhe-ia ao currículo a vitória na Taça de Portugal. No ano seguinte mais um troféu, a Supertaça. No entanto, o melhor da sua passagem pela agremiação lisboeta seria uma constância exibicional, mesmo em alturas de alguma instabilidade, de alto gabarito. Toda a habilidade e liderança demonstradas, para além de, mais uma vez, entregar ao seu cuidado a braçadeira de “capitão”, fariam com que outras portas viessem a abrir-se e em Dezembro de 1998, mesmo a contar 32 anos de idade, um convite de Itália fá-lo-ia mudar-se para o “Calcio”.
Estrear-se-ia na Serie A com as cores do Vicenza. Contudo, apesar da oportunidade de experimentar uma das mais importantes ligas europeias, a falta de consistência colectiva do seu novo clube faria com que o defesa-central passasse a vogar entre os dois principais escalões italianos. Ainda assim, Marco Aurélio manter-se-ia pelo “Calcio” durante vários anos e após passar por outros emblemas, casos do Palermo, Cosenza, SPAL e Teramo, seria com os 40 anos de idade bem à vista, que o jogador tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.
Depois do fim da carreira como praticante, Marco Aurélio regressaria ao Brasil. Por um lado, abraçaria ainda mais a religião – de relembrar que em Portugal foi um dos grandes dinamizadores do movimento “Atletas de Cristo” – e viria a tornar-se professor bíblico. Por outro lado continuaria ligado ao futebol, onde, como "olheiro", passaria a estar atento ao surgimento de novos craques para a modalidade.

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