O mais incrível é que hoje podia estar a falar de Damas… o avançado. Não sei quem o fez mudar de ideias, mas, segundo consta, o sonho do miúdo Vítor era de jogar no ataque às redes. Acabou a defendê-las, pois, muito acima do que eram as habilidades apresentadas com os pés, estava o jeito revelado com as mãos. Por certo não veio a arrepender-se da escolha. No entanto, teve muito trabalho para conseguir afirmar-se como um dos melhores na posição. Quem ia ver os treinos das camadas de formação leoninas, contava que por lá andava um rapaz de aparência elástica. Diziam os mesmos que Travassos, após o fim das ditas sessões, ficava a rematar à baliza e que o jovem bem reclamava pelo descanso – "sô Zé, não posso mais"*. Nunca, ninguém o viu desistir. Foi essa resiliência, as exibições impossíveis, sobre-humanas, a torná-lo num dos ícones dos “Leões”. Foram muitos os momentos a sublinhar a sua singularidade. Como exemplo, temos a eleição como o melhor jogador em campo, numa partida em que o Sporting, em pleno Estádio da Luz, acabou por perder por 5-1. Qual a razão? Uma prestação simplesmente magistral!
Com tamanhas qualidades, Damas pareceu andar sempre um passo à frente do que era suposto. Chegou ao Sporting pela mão de um vizinho que, lado a lado com o futebol, também era atleta na equipa de ténis de mesa. Aos 15 anos, Vítor Damas já estava nos juniores, para aos 19, no jogo de despedida de Vicente Lucas e pela primeira vez na carreira, calçar as luvas na equipa principal. Bastaram-lhe 2 épocas para destronar o mítico Carvalho. A naturalidade revelada, a maneira exuberante de entrar aos lances, as estiradas acrobáticas, toda a segurança que dava ao último reduto leonino, fizeram-no manter o estatuto de titular e conseguiu conservar o lugar no “onze” nas últimas 8 das 10 temporadas que fizeram a sua primeira passagem pelo clube lisboeta.
Saiu para Espanha. Antes, já tinha alimentado os periódicos com uma verdadeira novela quando, no decorrer da temporada de 1975/76, informou os responsáveis pelo Sporting que não ia renovar. Gerou-se o burburinho com o boato de uma hipotética mudança para o Estádio das Antas. Escreveu-se que o guarda-redes, também dono da baliza de Portugal, iria seguir José Maria Pedroto, assinando pelo FC Porto. O que realmente aconteceu, não sei. A verdade é que no início da temporada de 1976/77, Damas foi apresentado como atleta do Racing Santander, onde ficou 4 anos.
Por certo que a ida para Espanha trouxe a Damas algumas vantagens. Chegou a ser eleito o melhor estrangeiro a actuar na "La Liga". No entanto, acabou por perder o lugar de titular na selecção, dizem que por vingança de José Maria Pedroto, responsável técnico pela equipa lusa, para o benfiquista Manuel Bento. Curiosamente voltou a Portugal para trabalhar com o referido treinador. Fê-lo no Vitória Sport Clube, tendo daí passado para o Portimonense. O regresso ao Sporting deu-se apenas depois de Damas ter sido convocado para o Euro 84. Tão tarde?! Chegou com 32 anos; jogou até aos 41. Pelo meio ainda mereceu outra chamada para um grande torneio. Esteve no Mundial de 1986, onde, após a lesão de Bento, assumiu a titularidade.
Retirou-se em 1989, mas manteve-se no Sporting, onde assumiu funções técnicas. Em muitos colegas, como em Manuel Fernandes, deixou saudades e especialmente boas recordações – “O Damas foi um fenómeno (…). Um dia, era ele júnior do Sporting, foi jogar ao Montijo. Eu era criança e fiquei tão fascinado ao vê-lo que quis ser guarda-redes durante uns tempos (…). Guardarei para sempre a memória de um grande companheiro e de um guarda-redes a quem vi fazer coisas incríveis”**.
Com tamanhas qualidades, Damas pareceu andar sempre um passo à frente do que era suposto. Chegou ao Sporting pela mão de um vizinho que, lado a lado com o futebol, também era atleta na equipa de ténis de mesa. Aos 15 anos, Vítor Damas já estava nos juniores, para aos 19, no jogo de despedida de Vicente Lucas e pela primeira vez na carreira, calçar as luvas na equipa principal. Bastaram-lhe 2 épocas para destronar o mítico Carvalho. A naturalidade revelada, a maneira exuberante de entrar aos lances, as estiradas acrobáticas, toda a segurança que dava ao último reduto leonino, fizeram-no manter o estatuto de titular e conseguiu conservar o lugar no “onze” nas últimas 8 das 10 temporadas que fizeram a sua primeira passagem pelo clube lisboeta.
Saiu para Espanha. Antes, já tinha alimentado os periódicos com uma verdadeira novela quando, no decorrer da temporada de 1975/76, informou os responsáveis pelo Sporting que não ia renovar. Gerou-se o burburinho com o boato de uma hipotética mudança para o Estádio das Antas. Escreveu-se que o guarda-redes, também dono da baliza de Portugal, iria seguir José Maria Pedroto, assinando pelo FC Porto. O que realmente aconteceu, não sei. A verdade é que no início da temporada de 1976/77, Damas foi apresentado como atleta do Racing Santander, onde ficou 4 anos.
Por certo que a ida para Espanha trouxe a Damas algumas vantagens. Chegou a ser eleito o melhor estrangeiro a actuar na "La Liga". No entanto, acabou por perder o lugar de titular na selecção, dizem que por vingança de José Maria Pedroto, responsável técnico pela equipa lusa, para o benfiquista Manuel Bento. Curiosamente voltou a Portugal para trabalhar com o referido treinador. Fê-lo no Vitória Sport Clube, tendo daí passado para o Portimonense. O regresso ao Sporting deu-se apenas depois de Damas ter sido convocado para o Euro 84. Tão tarde?! Chegou com 32 anos; jogou até aos 41. Pelo meio ainda mereceu outra chamada para um grande torneio. Esteve no Mundial de 1986, onde, após a lesão de Bento, assumiu a titularidade.
Retirou-se em 1989, mas manteve-se no Sporting, onde assumiu funções técnicas. Em muitos colegas, como em Manuel Fernandes, deixou saudades e especialmente boas recordações – “O Damas foi um fenómeno (…). Um dia, era ele júnior do Sporting, foi jogar ao Montijo. Eu era criança e fiquei tão fascinado ao vê-lo que quis ser guarda-redes durante uns tempos (…). Guardarei para sempre a memória de um grande companheiro e de um guarda-redes a quem vi fazer coisas incríveis”**.
*retirado do artigo publicado a 21/08/2008, em www.dn.pt
**retirado de “Os 100 magníficos” (Zebra Publicações), Rui Dias, 2012.
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