1057 - JUCA

Desportista de eleição, começaria por praticar diversas modalidades. Apesar de abraçar o eclectismo com fervor, numa altura de decisões, o chamamento do futebol acabaria por ser o mais forte. No Sporting de Lourenço Marques, concorrente de Costa Pereira, começaria por jogar como guarda-redes. Porém, a falta de atletas em algumas posições de campo, faria com que o treinador chamasse Juca para pontos mais avançados do terreno de jogo. Abandonadas as balizas, fixar-se-ia como “quarto-defesa”. No eixo central, sempre em posições recuadas, o jovem futebolista começaria a dar os primeiros sinais do seu brilhantismo. Já a estreia sénior pela equipa da capital moçambicana, tornaria evidente que o seu lugar estava a uns milhares de quilómetros de distância e junto aos “Leões” da metrópole.
Em Setembro de 1949 chegaria a Lisboa e com Mário Wilson como companheiro de viagem. Entraria na equipa com alguma intermitência e, por vezes, escalonado para posições diferentes daquela em que tinha conseguido notabilizar-se. Com a contratação de Randolph Galloway, e com a implementação do “WM” como sistema táctico, Juca começaria a ser utilizado com maior regularidade. Ainda assim, demoraria alguns anos para que, de forma incontestável, conseguisse fixar-se no “onze” titular. Esse momento, ainda com o treinador britânico aos comandos do Sporting, aconteceria na temporada de 1952/53. A jogar a médio, rapidamente passaria a ser visto como um dos elementos mais valiosos do grupo leonino. Também na selecção nacional, como testemunho do seu crescimento, disputaria o primeiro jogo pela equipa “A” e, frente à Áustria, a “amigável” peleja acabaria por vincar o seu valor, ao mesmo tempo que brindaria as fileiras do “Leão” com mais um atleta internacional.
As épocas seguintes, mesmo com várias mudanças de treinador, não fariam mais do que sublinhar a sua importância. Sempre como titular, Juca passaria a ser uma das caras associadas aos momentos históricos vividos pelo Sporting, na segunda metade da década de 50. Nesse sentido, na campanha de 1955/56, estaria presente na primeira partida de um emblema nacional na Taça dos Clubes Campeões Europeus. No ano seguinte, a inolvidável inauguração do Estádio José de Alvalade e, mais uma vez, o seu nome inscrito no jogo de estreia. Por fim, a sua participação no particular frente ao Áustria de Viena, que, a 9 de Fevereiro de 1958, marcaria o início das transmissões televisivas de futebol.
Curiosamente, seria 1958 que marcaria um ponto de viragem na sua carreira. Ao sofrer, nesse dito ano, uma grave lesão num dos joelhos, Juca nunca mais conseguiria ver-se livre das mazelas. Depois desse incidente, mesmo tendo tentado regressar à competição, a sua atenção virar-se-ia para as tarefas de treinador. Para trás deixaria um trajecto que tinha dado ao seu palmarés, 5 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal. Porém, à sua frente perfilar-se-ia uma caminhada que, nos juniores do Sporting, teria as primeiras etapas. Já em 1961/62, ao substituir Otto Glória, teria a sua oportunidade como técnico principal. Não decepcionaria quem nele havia apostado e, ao tornar-se no mais novo timoneiro de sempre a alcançá-lo, levaria o Sporting à vitória no Campeonato.
Indissociável ficaria a sua carreira de treinador às cores do Sporting. No entanto, outros emblemas também acabariam por fazer parte desse trajecto. Vitória de Guimarães, Académica de Coimbra, Barreirense, Belenenses e Sporting de Braga seriam os clubes que preencheriam um vasto currículo. Ainda assim, logo a seguir aos anos passados em Alvalade, há que destacar, por ordem de importância, as suas passagens pela selecção nacional. À frente dos destinos de Portugal, Juca completaria mais de 4 dezenas de partidas. Pelo meio, 4 Fases de Qualificação e o desgosto de, por um triz, não ter levado o nosso país ao Mundial de 1978.

Sem comentários: