1088 - PEDRO ESTRELA

Tinha tanto talento que, mesmo a jogar no desconhecido Marítimo Olhanense, a sua habilidade chamou a atenção dos responsáveis pelo Sporting. Em Lisboa, nos iniciados da equipa leonina, ficou apenas um mês. Voltou ao Algarve pelas saudades que tinha de casa. No entanto, quando de Alvalade voltaram a perguntar por ele, o pai já não permitiu o seu regresso à capital. Não autorizou dessa vez, nem consentiu da próxima. Ao que consta, Pedro Estrela tinha tudo acordado com o Benfica, mas a nova nega deitou por terra outra grande ocasião.
A oportunidade que conseguiu materializar levou-o, já em juniores, ao Olhanense. Nos “Rubro- negros”, logo no ano de estreia viveu um episódio que mostra bem o seu lado estouvado – “Foi uma brincadeira de Carnaval. Uns amigos meus pegaram nuns burros e andámos pela cidade durante a noite. De manhã, amarrei o burro ao pé do balneário e queria ir treinar. O Mário Wilson impediu-me, só lá voltei no dia seguinte (…). Sem o burro, claro”*.
No emblema algarvio, sem nunca escapar aos escalões secundários, fez também as primeiras temporadas na equipa principal. Aliás, esses 4 anos e meio nos seniores do Olhanense só foram interrompidos por culpa de um conterrâneo seu. Manuel Cajuda, com a temporada de 1994/95 a meio, levou o médio para o Minho. No Sporting de Braga, o resto dessa campanha não permitiu ao médio mostrar a sua qualidade. Já daí em diante, tudo foi diferente. Ao ser um jogador com um talento enorme, com uma técnica excepcional e uma visão de jogo acima da média, o atleta veio a perder-se por alguma falta de disciplina táctica. Ainda assim, os anos passados com as cores dos “Guerreiros” tornar-se-iam nos mais proveitosos da sua vida profissional.
Após ter terminado a ligação contratual com o emblema bracarense e depois de falhada a especulada transferência para o Racing Santander, Pedro Estrela acabou por alinhar, ainda na 1ª divisão, pelo Leça. Mesmo sem abandonar o escalão máximo, a verdade é que a carreira do atleta, talvez por razão de tantos episódios insensatos, começou a perder-se. Ainda passou pelo Belenenses. Regressou com o conjunto do Restelo ao patamar primodivisionário e nessa temporada de 1999/00 despediu-se dos palcos maiores do futebol português.
O resto da sua carreira, sempre com a sensação de que podia ter feito muito mais, viveu-a nos escalões secundários. Quase sempre em emblemas de grande tradição em Portugal, casos de Santa Clara, Portimonense, Atlético, Lusitano De Vila Real de Santo António, Farense ou “O Elvas”, o médio nunca conseguiu segurar-se durante muito tempo em cada equipa. Numa altura em que já andava pelas “distritais”, a sua carreira chegou ao fim e os fãs do, autodenominado, “Peter Star” deixaram de ter mais episódios para acrescentar às memórias.

*retirado da entrevista de Rui Miguel Tovar, publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 18/10/2019

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo muito correto com uma exceção. Pedro, jogando bem com ambos pés, era destro e não esquerdino conforme está referido no texto. E sim, Peter Star era um jogador muito acima da média e passou ao lado de uma grande carreira.

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Pois, tem toda a razão. Não sei onde estava com a cabeça quando escrevi tal coisa!
Reparo aceite e erro já corrigido.
Muito obrigado pelo seu comentário e por continuar a seguir este blog.
Grande abraço.