1095 - BASTOS

Com o aproximar do final da temporada de 1949/50, da lesão do titular Mário Rosa, emergiria a necessidade de eleger um novo guarda-redes para o que restava da referida campanha e Ted Smith, o treinador inglês do Benfica, decidir-se-ia por José Bastos. Logo na estreia, o novo dono das balizas “encarnadas” bateria um recorde e tornar-se-ia no mais jovem guardião de sempre a jogar na categoria principal. Meses depois, o atleta conseguiria um novo feito. Com a Taça Latina a disputar-se em Lisboa e por lesão do presumível titular, o jogador, mais uma vez, seria chamado a competir. No Jamor participaria em todas as 3 partidas da prova e na finalíssima, frente aos franceses do Bordeaux, ajudaria as “Águias” a erguer o prestigiado troféu.
Daí em diante, muito por custa de um perfil tranquilo e, no entanto, bastante corajoso, o jogador tornar-se-ia no atleta mais usado no lugar à baliza. Manter-se-ia como um dos indiscutíveis no “onze” até à chegada de Costa Pereira, outro nome mítico na história do emblema lisboeta. Com a entrada do novo guarda-redes em 1954/55, Bastos começaria a partilhar a titularidade com o colega contratado ao Ferroviário de Lourenço Marques. Alternando épocas em que açambarcaria a quase totalidade dos jogos, com outras de enorme oblívio, seria a entrada de Béla Guttmann para o comando técnico do Benfica que acabaria por pôr um ponto final à sua ligação com o emblema já sediado no Estádio da “Luz”.
Depois de 11 temporadas de “Águia” ao peito e de ter acrescentado ao palmarés, para além da referida Taça Latina, 3 Campeonatos Nacionais e 5 Taças de Portugal, o guarda-redes acabaria “emprestado” ao Atlético. Ao entrar para o emblema de Alcântara na campanha de 1959/60 e com especial destaque para a temporada seguinte, Bastos continuara a mostrar-se como um excelente guardião. Nessa segunda época viveria também duas situações inesquecíveis. Na primeira, num “particular” frente à sua antiga equipa, acabaria por ter a sorte de jogar na estreia benfiquista de Eusébio. A segunda, bem caricata, surgiria através de uma solicitação feita pelo treinador que o tinha dispensado – “O Béla Guttmann era treinador do Benfica e viu-me depois em alguns jogos, pedindo mais tarde ao dirigente Gastão Silva para me contratar. Mal ele sabia que tinha dado ordens para eu sair da Luz quando contraí uma lesão no pulso e fiquei parado durante quase um ano”*.
Pouco mais restaria da sua carreira. Na 1ª divisão ainda representaria o Beira-Mar, para terminar a carreira em 1963, num regresso ao Atlético. Depois de aposentado das lides competitivas, José Bastos ainda teria algumas experiências como treinador. Nessas funções, destaque para a sua passagem, na década de 1970, pelo primodivisionário Estoril Praia ou, uns anos antes, pelo Leiria e Marrazes.

*retirado da entrevista publicada em www.record.pt, a 25/01/2014

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